segunda-feira, 27 de setembro de 2010

FREI FIDÉLIS DE ITABAIANA - OFMCap

Frei Fidélis - em sua juventude


Frei Fidélis de Itabaiana, OFMCap. - em sua idade avançada
(*26/04/1918 - +18/09/2010)

No dia 18 de setembro de 2010, faleceu em Salvador, o Frei Fidélis de Itabaiana que residia no convento capuchinho de Alagoinhas – Bahia. No dia 19, às 15h, houve missa de corpo presente na igreja de São Francisco de Assis em Alagoinhas, com a participação de numerosos confrades e outros sacerdotes, religiosos e religiosas, parentes e amigos do frei.

O ministro provincial dos capuchinhos de Bahia e Sergipe Frei Rubival ,Cabral Brito, presidiu a concelebração. Estiveram presentes o bispo diocesano Dom Paulo Romeu e o bispo emérito Dom Jaime Mota de Farias.

Na homilia, Frei Rubival fez um resumo da vida de frei Fidélis:

“Frei Fidélis de Itabaiana tinha o nome civil de Pedro Alves de Oliveira; nasceu aos 26 de abril de 1918 na ‘Vila de Santo Antonio e Almas' de Itabaiana, no Agreste Sergipano; filho de Alexandre Alves dos Santos e Maria Clemência de Oliveira. Iniciou sua vida religiosa em 3 de setembro de 1930, quando o seu Pai foi levá-lo ao então Seminário Seráfico de Esplanada - Bahia. Ali recebeu os fundamentos de iniciação à vida cristã e religiosa. Estudou Filosofia no Seminário Seráfico de Guaramiranga no Estado do Ceará. Depois, foi para Salvador, onde estudou a Sagrada Teologia no Convento de Nossa Senhora da Piedade. Emitiu sua consagração temporária em 28 de agosto de 1940. Em 19 de dezembro de 1942, foi Ordenado Presbítero pela Oração da Igreja mediante a imposição das mãos de Dom Augusto Álvaro da Silva, Cardeal, Primaz do Brasil”.

“Durante os seus 70 anos de vida religiosa capuchinha e seus 68 anos de Ministério Sacerdotal, prestou relevantes serviços à Ordem dos Frades Menores Capuchinhos, à Igreja e à Sociedade”.

“Em seu Apostolado Paroquial foi Vigário:

• Na Bahia: Jaguaquara, Itiruçu, Itaquara, Muritiba, Conde, Inhanbupe, Irará, Conceição do Coité, Abadia, Itaberaba e em Alagoinhas, onde fez dessa terra sua cidade natal e de coração;

• Em Sergipe: Ribeirópolis, Santa Luzia do Itanhy, Estância, Indiaroba e Itabaiana;

• Foi Missionário Pregando Santas Missões Populares em várias cidades da Bahia e de Sergipe.

• Realizações pastorais e sociais: implantou Cruzada Eucarística por onde trabalhou, Pia União das Filhas de Maria em Alagoinhas e Muritiba; Fundou o Dispensário Menino Jesus de Ribeirópolis, criou a Ação Católica e a União das Voluntárias de Alagoinhas na Paróquia de Santo Antônio em Alagoinhas; fundou várias escolas profissionalizantes e creches.

• Recebeu vários títulos de cidadão de: Ribeirópolis; Alagoinhas; Estância e Jaguaquara;

• Conhecedor da língua portuguesa, do latim; italiano; francês, alemão e tupy-guarany;

• Um apaixonado pelas Sagradas Escrituras de onde nasciam seus magníficos sermões e pregações que por muitos anos alimentaram a vida de milhares de fiéis que freqüentavam o nobre horário da missa do domingo às 06h30min da manhã”.

“Frei Fidélis investiu suas melhores energias para promover a fé e a cidadania. Por isso, sua memória permanecerá viva no coração de quem com ele conviveu, trabalhou, participou de suas datas festivas de aniversários, festas, eventos. Frei Fidelis foi um homem por vezes polêmico e avançado para sua época, bem intencionado e por muitos, mal interpretado. Viveu e promoveu conflitos na Fraternidade, na Província dos Capuchinhos, nas Dioceses por onde passou, nas cidades por onde trabalhou. Seu maior desejo era fazer o bem, ajudar o próximo, e, sobretudo se sentir amado e reconhecido. Sabemos que poucas vezes isso aconteceu. Frei Fidelis procurou com toda sua história, iniciativas, e projetos, construir o Reino de Deus; por isso gastou sua vida”.

“Tudo que fez, procurou fazer com dedicação, cuidado e perfeição: professor do seminário, diretor e fundador de obras sociais; atento e zeloso, sacerdote ungido e cônscio da sua missão sagrada; confessor, defensor do direito, da moral e dos bons costumes. Amante da Igreja Católica, da Eucaristia e devotíssimo da Virgem Maria. A quem nutria uma confiança plena rezando várias vezes, durante o dia, o santo rosário. E de maneira mais intensa, nos últimos momentos de sua existência, certo de que a Mãe de Jesus não o abandonaria e de que ela é caminho seguro que nos conduz em Cristo para casa do Pai”.

“Frei Fidelis pregou a salvação de Deus, anunciando o Evangelho da paz e da redenção. Ministrou incansavelmente o sacramento da Unção dos Enfermos a quem o procurasse. Celebrou com fé e muita piedade os mistérios sagrados do Batismo, do Matrimônio e especialmente a Eucaristia, alimento divino para os batizados na fé pascal que a todos faz passar da morte para a vida. Estendeu a mão para, em nome de Deus, perdoar os pecadores e devolver a paz e a reconciliação aos corações feridos”.

“Nos últimos anos, por causa de sua saúde delicada, passou a necessitar de cuidados especiais, onde encontrou apoio dos seus confrades, dos amigos e amigas, dos médicos e particularmente do Frei José Antônio, seu acompanhante diário”.

“Fez um caminho de cruz, de suplício, próprio da natureza humana. Mas, confiante em Deus e na Virgem Mãe, enfrentou a morte esperando por ela a cada dia, logo que foi informado pela equipe médica que havia esgotado os recursos das ciências. Ontem, sábado, dia 18 de setembro, onde a Igreja celebra a memória de Nossa Senhora e a renovação das promessas da Mãe Rainha, por volta das 15h - hora da misericórdia - partiu para a vida que não conhece os limites humanos, terrenos, a vida plena, a Casa do Pai. Vinde Bendito de meu Pai. Agora, Frei Fidélis descansa na paz de Deus”.

“Frei Fidelis fez de Alagoinhas a sua segunda terra natal, residindo e trabalhando por mais de cinquenta anos. Bem que merecia ser chamado de frei Fidelis de Alagoinhas”.

“Conversando sobre sua partida, primeiro me entregou a documentação para ser sepultado com seus familiares em Itabaiana. Depois, em outros momentos, após consultar seu coração, revelou seu desejo profundo de ser sepultado em Alagoinhas, sua terra, onde se tornou também cidadão. Assegurei-lhe que rezarei como intenção particular em todas Santas Missas enquanto vida tiver e que após o período necessário, suas relíquias serão colocadas no ossuário desta Igreja de São Francisco”.

“A Província dos Capuchinhos de Bahia e Sergipe agradece a Deus pelo frade capuchinho que passou na Província procurando fazer o bem, testemunhando e anunciando o Reino dos Céus.
Frei Fidelis de Itabaiana seja acolhido pelo Bom Pastor, Aquele que é o Caminho, a Verdade e a Vida, o Filho de Deu, a quem o senhor soube tão bem servir neste mundo”.

domingo, 26 de setembro de 2010

CARITAS DIOCESANA DE ALAGOINHAS - HISTORICO

Diretoria da Cáritas Diocesana de Alagoinhas (2007-2008)

A caminhada da Cáritas Diocesana de Alagoinhas caracteriza-se por três etapas que revelam um rosto específico da época.

1. Ação Católica (1955 – 1970)

A “Ação Católica de Alagoinhas” foi criada em 13 de junho de 1955, no dia da festa de Santo Antônio, padroeiro da paróquia e da cidade de Alagoinhas. Era uma iniciativa dos Padres Capuchinhos do Convento de São Francisco de Assis em Alagoinhas, que cuidavam da Pastoral na cidade, na época ainda pertencendo a Arquidiocese de São Salvador da Bahia. A Ação Católica de Alagoinhas foi criada com a finalidade de promover o amparo social das comunidades mais carentes, cuidando da educação integral (alfabetização de adultos, cursos de higiene, cursos profissionalizantes etc.).

Nessa época, aconteceram algumas iniciativas:

a) A Paróquia realizou uma Campanha de Construção de Chafarizes” para oferecer água potável e de boa qualidade à população dos bairros da periferia e organizou as Escolas Paroquiais em convênio com o Governo do Estado.

b) Frei Fidélis de Itabaiana, capuchinho, trouxe do Rio de Janeiro, durante o governo do presidente Castelo Branco, um núcleo da “União das Voluntárias” - cujo objetivo era a educação para o trabalho - e implantou em Alagoinhas, nascendo, então, a União das Voluntárias de Alagoinhas (UVA) . Logo foram criados cursos de datilografia, corte e costura, bordado à máquina, flores e culinária. A entidade teve sede própria na Rua Carlos de Azevedo (Rua da Usina), cujo terreno foi doado pela Prefeitura Municipal de Alagoinhas e a construção foi realizada com ajuda dos Governos Federal e Estadual; os materiais dos cursos eram pagos com ajudas governamentais através de convênios e os professores pagos através da contribuição simbólica dos alunos. A União das Voluntárias de Alagoinhas funcionou até o ano de 1990, vindo a ser extinta e o imóvel, onde funcionavam os cursos, foi passado para o Convento da Piedade em Salvador - Bahia.

c) O “Rosário da Caridade – entidade criada por iniciativa do capuchinho Frei Caetano Maria de Altamira em 08/10/52 - tinha como finalidade:

· Amparar a velhice desprotegida e a criança pobre ou órfã, com a construção de abrigos, creches e escolas;
· Prestar serviços médicos, culturais e alimentares, respeitando as disponibilidades financeiras e pessoais;
· Administrar os recursos financeiros provenientes da contribuição dos sócios ou advindos de quaisquer outras fontes. (Conf. Estatutos).

A sede oficial do Rosário da Caridade era no Convento de São Francisco, em Alagoinhas, mas as atividades eram desenvolvidas em um imóvel situado aos fundos da igreja de Nossa Senhora de Fátima na Praça Santa Isabel – hoje casa paroquial.

d) Frei Leão fundou, na mesma época, o Lar Franciscano Emma Barbetti (a fundação foi oficializada em 20 de setembro de 1971). A finalidade do Lar, conforme o estatuto original, é assistir a velhice em geral e, de modo especial, a velhice pobre e desamparada, e desenvolver qualquer obra que se enquadre em suas finalidades, “dentro de suas possibilidades e na medida em que as circunstâncias o permitirem” (Ver estatuto original).

2. Promoção Humana de Alagoinhas (1970 – 2002)

Pela iniciativa de Dom José Cornelis, primeiro Bispo da nova Diocese de Alagoinhas, a Ação Católica de Alagoinhas passou a ser chamada “Promoção Humana da Diocese de Alagoinhas”. Essa mudança de nome aconteceu no dia 17 de outubro de 1970 assim destacando mais ainda o aspecto promocional da entidade.

A nova Diocese de Alagoinhas surgiu logo após o Concilio Vaticano II, abrindo-se para uma visão renovada de Igreja e de ação pastoral:

· Dom José criou o Centro Diocesano de Formação, que investe na formação e responsabilidade dos leigos, cria-se uma escola catequética, surgem as Pastorais Sociais como a Pastoral Rural - a partir de Inhambupe - e as Pastorais das Creches, da Criança e da Saúde - a partir de Alagoinhas.
· Forma-se a Comissão Diocesana de Justiça e Paz, destacando pela primeira vez a dimensão cidadã e libertadora da ação social da Igreja. Era a época da criação de creches nas comunidades da periferia de Alagoinhas; da fundação da Pastoral do Menor - a partir de um trabalho de base com as crianças e adolescentes em situação de risco; da campanha dos sanitários e das casas populares nos bairros do Barreiro e de Miguel Velho; dos cursos de relações humanas e de cidadania nas Comunidades Eclesiais de Base; da formação profissional da juventude do campo com a implantação da Escola Família Agrícola em Riacho da Guia e da defesa dos lavradores, organizando-se os Sindicatos e entidades sociais.
· Promove-se também a primeira Semana Social em 1999, com o tema Justiça e Solidariedade: Resgate da Dignidade Humana.


A Promoção Humana tornou-se a entidade integradora das Pastorais Sociais da Diocese de Alagoinhas - como a Pastoral da Criança, a Pastoral das Creches, a Pastoral do Menor, a Pastoral Rural, a Pastoral dos Pescadores, a Pastoral de Saúde, e dos Movimentos de Adolescentes, Crianças e das Mulheres (lavradoras, lavadeiras etc.)

3. Cáritas Diocesana de Alagoinhas (a partir de 2002)

Para integrar melhor a Promoção Humana da Diocese de Alagoinhas na rede da Cáritas Brasileira, a Assembléia Ordinária de 2002 tomou a decisão de mudar mais uma vez o nome da entidade, que passou a chamar-se Cáritas Diocesana de Alagoinhas. A partir daí, novas entidades se afiliaram como a Pastoral Afro, a Pastoral Carcerária e a Comunidade de Taizé, através da Fundação do Caminho - que desenvolve um trabalho exemplar com pessoas com deficiência - e outras entidades atuando neste setor.

A partir da Campanha da Fraternidade de 2003, cujo tema era: Fraternidade e os Idosos, deu-se uma atenção maior aos abrigos de idosos existentes na Diocese, possibilitando um acompanhamento mais sistemático.

Em sintonia com as Pastorais Sociais da CNBB, promoveu-se em 2005 a 2ª Semana Social da Diocese de Alagoinhas com o tema: Mutirão por um novo Brasil!

Dando mais ênfase ao Programa de Convivência com o Semi-árido, criou-se uma articulação das nove paróquias pertencentes ao Semi-árido da Diocese de Alagoinhas, reivindicando uma Unidade Gestora Micro-regional (UGM) para a construção de cisternas de placas, que foi implantada no dia 15 de janeiro de 2006, na cidade de Olindina – Bahia.

Tiago de Assis Batista