Passa da hora do PT mudar seu discurso em relação às operações da PF, Ministério Público e Judiciário, quando estas apanham e indiciam gente do partido. A vitimização com que tenta se revestir é velha, ultrapassada, obsoleta e distante da realidade. E o engraçado é que, apesar de seu uso costumeiro, o próprio PT, em outras situações, desmente a própria crença.
É a própria história petista quem nos garante que o discurso atual não passa de balela, retórica vazia para se justificar perante a sociedade e a sua militância ainda não lambuzada pelas práticas do partido.
Ainda se poderá argumentar que, antes de 2003, o PT não se corrompia nem se deixava corromper. É preciso voltar no tempo para observarmos que, nas prefeituras que o partido foi conquistando no interior paulista, a união do partido com empresas de ônibus e de coleta de lixo sempre foram alvo de suspeitas e negócios escusos. Ou, por conta do que Toninho do PT, em Campinas, e Celso Daniel , em Ribeirão Preto, acabaram mortos? Tal se deu pela simples razão de que eles não concordavam mais em roubar para o partido. E começa justamente neste detalhe a diferença entre o PT e os outros.
Até os petistas assumirem a Presidência da República, em 2003, a corrupção no país se dava entre empresas privadas e servidores públicos. Ou seja, tratava-se de uma ação pessoal, de enriquecimento ilícito entre dois entes, mas ambos com interesses específicos e. individuais.
Com o PT, e os históricos do Petrolão, Mensalão, Eletrolão dentre tantos esquemas descobertos e desvendados desde então, o que se observou é que havia um modus operandi permanente: de um lado, o partido cooptava parlamentares e políticos em geral para que estes votassem em favor do governo os projetos de seu interesse. De outro, agentes do partido praticavam uma extorsão cafajeste para que empresas que mantivessem contratos com o governo federal doassem ao partido parte da rapinagem que lhes era permitida obter e a partir de operadores bem escalados nas estruturas do poder. Neste segundo procedimento criminoso, o PT permitia que partidos da base, que demonstrassem fidelidade ao governo, participassem do festim.
A corrupção, a partir daí, tornou-se uma instituição da República, uma forma sistematizada de corromper as demais instituições e parte da própria sociedade com o objetivo sórdido de se manter no poder para que a representação democrática e o estado de direito fossem pouco a pouco solapados. Estratégia similar ao que se viu na Bolívia, na Venezuela, na Argentina, na Nicarágua e no Equador. Basta ver o quanto os governos petistas tornaram irrelevantes as vozes da oposição e o quanto tentaram, com um aparelhamento ostensivo, amordaçar e manietar setores do Judiciário.
E o que dizer dos milhões jogados nos bolsos e nas contas da tal imprensa chapa branca? E os blogs com a estrela vermelha no peito? Querem mais? Pois não: procurem levantar quantos milhões foram enviados para o MST e congêneres, apesar de que se sabe que o governo FHC assentou e fez muito mais pelos sem-terra do que Dilma e o próprio Lula.
Tendo nascido do sindicalismo paulista, de certa forma, os governos petistas foram generosos com suas raízes. Não apenas distribuíram milhares de cargos de confiança para as centrais sindicais, com destaque para CUT, como ainda destinaram 10% da arrecadação oriunda do imposto sindical para ser distribuído entre elas e com um bônus prá lá de especialíssimo: as centrais poderiam gastar a grana no que bem entendessem, sem se preocuparem em prestar contas e ser fiscalizadas pelo TCU, condição que constava do projeto original e que Lula, ao sancionar a lei, simplesmente vetou. Não vou nem entrar no mérito dos financiamentos no âmbito do Ministério da Cultura e porque já tratamos do tema em textos anteriores, como também ficará de lado os muitos bilhões despachados para as nações “amigas”, ideologicamente alinhadas ao partido.
E o que dizer da tal TV Brasil – a TV traço - e outras tantas inutilidades estatais criadas apenas para aconchegar companheiros em bocas ricas bancadas por um povo pobre sem direito a serviços básicos com um mínimo de decência? E quem esqueceu o que foi a roubalheira e o estelionato no BANCOOP? Que tal a operação Custo Brasil, que levou para a cadeia o ex-ministro Paulo Bernardo, acusado no esquema de roubar dos pensionistas e aposentados nas operações de crédito consignado? Roubar dos pobres e velhos, sem dúvida, é uma demonstração de que o partido, para encher seus cofres, não poupa ninguém tampouco guarda algum escrúpulo.
Em tudo e por tudo, os governos Lula e Dilma se especializaram em considerar prioritários seus próprios interesses, mesmos que tais interesses se chocassem com os interesses maiores do país.
Não venha agora Lula e Dilma e seus blue caps amestrados tentarem dar uma de vítima, de que as investigações em curso são tentativas torpes de criminalizar o partido. Pelo contrário. Na essência do partido sem escrúpulos, se fez o diabo e se vendeu a alma ao capeta para a manutenção do poder, e neste campo, nunca levaram em conta a honra alheia, os limites da responsabilidade no trato da coisa pública, ou até mesmo os limites impostos pelas leis do país. Até porque, este é o partido que se recusou em assinar a constituição, que entrou com ação no STF contra a lei de responsabilidade fiscal, razão pela qual podemos entender a insistência que seus militantes tem para infringir os textos legais.
Neste breve relato, fica claro que o PT, ao assumir o comando do país, nada mais fez do que por para fora seus demônios, sua compulsão à mentira, à mistificação, ao roubo descarado. E tudo se fez em nome de um projeto de poder megalômano.
Repare no detalhe: enquanto a PF, o Ministério Público e o Judiciário investigam e indiciam gente ideologicamente contrária ao PT, os petistas se gabam de que não existe “engavetador-mor da república” em seus governos, que agora sim é que se investiga as lambanças promovidas pela corrupção, , que a PF e o MP tem total liberdade e que, sob as luzes petistas, não se rouba e nem se deixa roubar, etc. Basta que um dos seus caia em desgraça para virarem sua artilharia contra os mesmos atores, as mesmas instituições como PF, MP, Judiciário e Receita Federal.
O PT, por tudo que atentou contra às leis, à ordem, às instituições, ao regime democrático, à estabilidade econômica, política e institucional, escreveu sua própria história inscrevendo-se como o partido do crime organizado no poder. E, como se percebe pelas falas de seus dirigentes, eles ainda não se deram conta de sua delinquência. E não o fizeram porque o crime está em seu DNA.