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segunda-feira, 23 de maio de 2011

EDUCAÇÃO: ANGÚSTIA DE UMA PROFESSORA



DEPOIMENTO DA PROFESSORA AMANDA GURGEL.


Professora Amanda Gurgel (foto) vai à Câmara dos Deputados do Rio Grande do Norte e cala a boca dos deputados em 10/05/2011.
O que a Profª. Amanda Gurgel falou vale para a Bahia e para também para todo Brasila. Ela constrange todos os políticos sobre a Educação no Brasil .



Veja atambém:


1. Professora Amanda Gurgel Constrange Políticos Sobre Educação no Brasil

2. EDUCAÇÃO: JORNAL @ NOSSA VOZ - BARROCAS - BAHIA

3. Veja o teto do depoimento abaixo:

"Como são tantas as angústias de quem está em sala de aula, eu queria aqui sintetizar minimamente estas angústias. Como as pessoas colocam muitos números e os números são irrefutáveis, eu queria também apresentar um número composto apenas por três algarismos apenas, que é o numero de meu salário: nove, três e zero – 930 reais. Eu queria fazer aqui uma pergunta a quem tem nível superior: se vocês conseguiriam sobreviver ou manter o padrão de vida que vocês mantém com este salário. Ele não seria necessário nem para manter a indumentária que vocês usam para poderem frequentar esta casa aqui" - desabafou a professora.


"A minha fala não poderia partir de um ponto diferente deste, porque só que em sala de aula e pegando três ônibus por dia para chegar a seu local de trabalho, ônibus precário, por sinal, é quem pode falar com propriedade sobre isso. Qualquer colocação, qualquer consideração que seja feita aqui, é uma colocação feita somente para mascarar uma verdade visível a todos, que é o fato de que em nenhum governo, em nenhum momento que nós tivemos em nosso estado, em nosso país, a Educação foi uma prioridade, em nenhum momento.
Preocupa-me muito a fala de muitos aqui, inclusive a fala da Secretária de educação que diz: “Não vamos falar da situação precária porque todo mundo já sabe”. Como assim? Como não vamos falar da situação precária? Gente, nós estamos banalizando isso daí! Estamos aceitando a situação da educação como uma fatalidade? Estão me colocando dentro de uma sala de aula com um quadro e um giz na não para salvar o Brasil! É isso? Salas de aula superlotadas, alunos entrando a cada momento com uma carteira na cabeça porque não tem carteiras nas salas. Sou eu a redentora do país? Não sou, não posso. Muito menos com o salário que recebo" - afirmou Gurgel.
"A secretária disse ainda que não devemos ser imediatistas, ver apenas a condição imediata; devemos pensar em longo prazo...Mas, minha necessidade de alimentação é imediata; a minha necessidade de transporte é imediata. A minha necessidade de ter uma educação adequada é imediata".


"Eu queria pedir aos senhores que se libertem dessa concepção errônea, extremamente equivocada. Isso eu digo com propriedade porque eu estou lá ...Parem de associar educação com professor dentro de sala de aula. Você não pode ter qualidade de educação com professores três horários dentro de sala de aula. É assim que o professor multiplica os 930 reais: 930 pela manhã, 930 pela tarde e 930 pela noite, para poder sobreviver".


"Não pé para ter bolsa de marca ou usar perfume francês; é para a alimentação de seus filhos; é para poder pagar a prestação de um carro que eles compram para poder se locomover mais rápido entre uma escola e outra eles têm que escolher os dias em que devem se locomover porque eles não têm condições de comprar o combustível".


"A realidade e o cenário da educação no estado hoje é esta. Eu não tenho constrangimento nenhum em apresentar meu contracheque aos alunos nem aos professores ou aos senhores, porque o constrangimento deve vir de vocês. Sinto muito, lamento, mas todos deveriam estar constrangidos. Entra governo e sai governo, eu sempre falo isso e não tem novidade em sua fala, Secretária. Sempre solicita da gente é paciência, é tolerância. Eu tenho colegas que estão aguardando pacientemente há 15 anos, há 20 anos por uma promoção horizontal. Professores que morrem e não recebem uma promoção".

Eu quero, então, pedir á secretária, em primeiro lugar, paciência também porque nós não agüentamos mais este discurso. O que nós queremos é objetividade. Queremos sair desse impasse? Queremos, mas como? Sem nenhuma proposta? De mãos abanando? Ficando mais uma vez desmoralizados, voltando para a sala de aula e os alunos dizerem: “Professora, passamos esse tempo sem aula e só isso? Vocês só receberam 20, 30 reais”? Dão risadas".

Pedimos, ainda, Secretária, respeito, para depois, a senhora não ir mais à mídia e dizer assim: “Nós pedimos flexibilidade...”, como se nós fôssemos responsáveis por este caos que está aí, que, na verdade, só se apresenta para a sociedade quando estamos em greve. Mas, está lá, todos os dias, dentro da sala de aula e em todos os lugares. Então, respeito! Não se refira á nossa categoria dessa forma. Nem se refira como se fosse somente a direção do sindicato estivesse querendo fazer esta greve. Não é não. É 90% da categoria. No estado inteiro, no interior, aqui na capital. Pedimos aos senhores deputados mais apoio. Estejam mais presentes, vão ás nossas assembléias, procurem ouvir os trabalhadores. Pedir à Procuradoria que esteja com a fiscalização efetiva ao Ministério Público. Não seja para dizer que professor não pode comer desse cuscuz, porque é um cuscuz alegado o cuscuz da merenda, porque a Promotoria está ali pra dizer que o cuscuz é do aluno, não é do professor. É assim que funciona. Diga-se de passagem, nós não temos recursos para estarmos nos alimentando diariamente fora de casa".


"São muitas questões muito mais complexas que eu gostaria de colocar aqui, mas o tempo é curto. Então, gostaria de solicitar isso em nome de meus colegas que comem o cuscuz alegado, em nome de meus colegas que pegam três ônibus para chegar a seu local de trabalho em nome dos alunos que estão sem aula neste momento, mas que ficam sem aula por muitos outros motivos por falta de professor, por falta de merenda. . É isso eu que tinha a dizer" - finalizou.


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