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sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

‘The Economist’ critica ‘contabilidade criativa’ do Brasil


Para a revista britânica, mudar a meta de superávit primário seria uma alternativa melhor que os artifícios usados pela equipe econômica

Fernando Nakagawa, correspondente da Agência Estado
LONDRES 
 A admiração da opinião pública internacional pela economia brasileira parece cada vez menor.

Na edição que chega nesta quinta-feira às bancas na Europa, a revista The Economist lança mais uma série de duras críticas ao governo de Dilma Rousseff.

Ao questionar os recentes artifícios usados pela equipe econômica nas contas públicas, a revista diz que "a mudança na meta (de superávit primário) seria uma alternativa melhor do que recorrer à contabilidade criativa". Com o título Números errados, a reportagem da revista diz que os dados econômicos "decepcionantes" não param de ser divulgados no Brasil.

Depois do fraco Produto Interno Bruto (PIB) apresentado em novembro, o governo de Dilma Rousseff agora "admite que só atingiu a meta de superávit primário" após "omitir algumas despesas em infraestrutura", "antecipar dividendos de estatais" e "atacar o fundo soberano".

Além disso, a revista diz que outra má notícia veio com a inflação que, agora, traz ainda mais "escuridão" ao cenário. Para a Economist, se o governo não tivesse segurado os preços da gasolina e do transporte público, a inflação de 2012 teria chegado "mais perto de 6,5%", o teto da meta do regime de inflação no Brasil. "Em 2013, esses preços tendem a subir", diz a reportagem. Para a revista, a resposta do governo brasileiro ao cenário negativo alimenta temores de que o Brasil pode estar ingressando em um período de inflação mais alta com crescimento baixo.

"Atingida pela crítica, Dilma Rousseff ressalta que o Brasil ainda cresce mais rápido que a Europa. Isso é verdade, mas a maioria das outras economias emergentes, incluindo a América Latina, está melhor", pondera a publicação. A manobra nas contas públicas desaponta, diz a revista, mas não chega a ser uma surpresa. A reportagem lembra que a equipe econômica já usou expediente semelhante em 2010 em uma "complicada troca de títulos entre o Tesouro Nacional e a Petrobrás" que "magicamente adicionou 0,9% do PIB ao superávit".

"Provavelmente, o Brasil poderia executar um superávit primário menor sem arriscar sua reputação duramente conquistada com a sobriedade fiscal. Mudar a meta seria uma maneira melhor de fazer isso do que recorrer à contabilidade criativa". A revista demonstra, ainda, preocupação com um possível enfraquecimento da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).

O risco, diz o texto, é que com uma eleição presidencial em 2014 "as autoridades farão o que for preciso para atender sua previsão de crescimento de 4% este ano".

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