Na sala de imprensa do Vaticano reflexões sobre a mensagem do Papa para a Quaresma
Luca Marcolivio
A Mensagem de Bento XVI para esta Quaresma oferece a possibilidade de refletir a relação entre duas virtudes teologias: a fé e a caridade. Afirmou o Cardeal Robert Sarah, nesta manhã, na sala de imprensa do Vaticano.
O documento papal encoraja a meditar a relação “entre crer em Deus – disse o purpurado- no Deus revelado por Jesus Cristo, e a caridade, que é fruto do Espírito Santo e nos impulsiona a um horizonte de profunda abertura a Deus e ao próximo”.
Citando a experiência humanitária de um engenheiro filipino, o cardeal Sarah destacou que a fé não é apenas fonte de inspiração dos atos de caridade, mas também algo que muda “o enfoque da vida e da cultura dos mesmos beneficiários", que, graças à caridade, são ajudados a redescobrir Deus em suas vidas.
O vínculo entre fé e caridade, disse Sarah, tem duas dimensões: em primeiro lugar, "a fé verdadeira não existe sem as obras", e em segundo, "a caridade suscita a fé, e portanto é testemunho".
Além disso, no contexto do Ano da Fé e da Páscoa que se aproxima, a Mensagem do Papa para a Quaresma recorda-nos que a verdadeira fonte da caridade é "Cristo que morreu e ressuscitou por amor”.
Por esta razão, a Quaresma é um "tempo favorável para abrir os olhos dos nossos corações para os mais necessitados, partilhando com eles o nosso". Mais ainda num contexto como o europeu e mundial, marcado pela crise econômica e pelo retorno de tristes realidades como a pobreza e a exploração no trabalho.
Fé e caridade, portanto, concluiu o cardeal, são "dois lados da mesma moeda, isto é, a nossa pertença a Cristo”.
Em seguida, se pronunciou monsenhor Gianpietro Dal Toso, secretário do Pontifício Conselho Cor Unum, segundo qual, os discursos sobre fé e caridade não são apenas "questões acadêmicas", pois afetam a prática dos organismos eclesiais e da Santa Sé, mas, sobretudo, “a visão do homem", que, por sua vez, influencia os "modelos de desenvolvimento ".
Um exemplo concreto de caridade humanitária foi apresentado por Michael Thio, Presidente Geral da Confederação Internacional da Sociedade de São Vicente de Paulo. Proveniente de Singapura, Thio foi nomeado há dois anos chefe da Confederação.
"Desde nossas humildes origens há 180 anos - disse Thio - hoje estamos presentes em 148 países, com 780 mil membros, ativos em 70 mil conferências, com 1,3 milhões de voluntários que atendem mais de 30 milhões de pessoas pobres”.
A Sociedade São Vicente de Paulo atua em vários âmbitos, desde o cuidado com os pobres (alimentação, vestuário, etc.), assistência em caso de catástrofes naturais, até o acolhimento de refugiados, através de projetos de educação, saúde e planejamento urbano. Entre os mais importantes dos últimos anos, o presidente destacou a reconstrução do pátio interno de uma creche em Fukushima, danificado pelo desastre nuclear em março de 2011.
Fundamento carismático da Sociedade de São Vicente de Paulo são as três virtudes teologais. "Ao apoiar a causa dos pobres - explicou Thio - são promovidas as ações e as virtudes cristãs e nós somos apenas humildes servos que testemunham Cristo.
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