Carlos Chagas
Durante um ano o governo Dilma congelou o preço dos combustíveis no mercado interno, quando eles aumentavam lá fora. A Petrobrás foi acumulando prejuízos de bilhões, apesar de a população andar sorrindo de um canto a outro da boca. A presidente agiu assim aconselhada pelo ministro Guido Mantega, como forma de evitar o aumento crítico da inflação. Como este é um ano eleitoral, dificilmente os preços serão corrigidos para evitar a defasagem.
O diabo é que a Petrobrás, além de símbolo nacional, também é uma empresa. Sua sobrevivência depende da relação entre receita e despesa.
No final do mandato do Lula o pré-sal foi apregoado como a panacéia universal. Sua exploração elevaria o Brasil à condição de nação mais rica do planeta. Muita saliva, muitos discursos e muita propaganda criaram na opinião pública a impressão de que já podíamos gastar por conta, endeusando-se a Petrobrás.
Hoje, apesar de iniciada uma pífia exploração do pré-sal, sente-se faltar à empresa meios para seguir adiante, mesmo em parceria com companhias estrangeiras.
Por estratégia, vontade própria ou coincidência logo surgirá a solução: privatizar todo o pré-sal, e a Petrobrás também. O grave é que tudo acontece sob a égide do PT. Serão os companheiros a endossar a operação. Mais do que a compra e venda de uma refinaria sucateada nos Estados Unidos, é por aí que a Comissão de Investigação da Câmara deveria começar. O congelamento dos preços dos combustíveis foi um erro, como tinha sido a redução das tarifas de energia elétrica, pouco antes.
Como nem Dilma nem seus adversários nas eleições presidenciais terão coragem de fazer campanha prometendo reajustar os preços em seu devido valor, ou reconhecer a má situação em que se encontra a Petrobrás, melhor prepararmo-nos para 2015, salvo engano um ano de privatizações e de mais alienação do patrimônio público. Sem contar com a frustração da chamada nova classe média, condenada a passar do sonho ao pesadelo.
DEPOIS DE DECRETOS, EMPRÉSTIMOS SECRETOS
Nos anos bicudos do regime militar, inventaram os tais “decretos-secretos”, ou seja, o presidente da República, no caso Garrastazu Médici, assinava um decreto, publicando-o no Diário Oficial. Alguns ministros também assinavam. Só que constavam do texto apenas o número do decreto e as assinaturas. Nenhum conteúdo. Os assuntos de governo eram tão secretos que ao povo negava-se o direito de conhecê-los. Uma dessas aberrações, pelo menos, soube-se a que se referia: o presidente da República acabava de designar o ministro do Exército como chefe da segurança nacional. O general Orlando Geisel responderia por todo o aparelho de repressão e dispunha de poderes para intervir na Marinha, Aeronáutica, Policias Militares, ministério da Justiça e o que mais lhe conviesse.
A gente se pergunta como tamanho disparate pode acontecer, mas aconteceu. Pois não é que agora o BNDES copiou o exemplo? Estão sendo feitos “empréstimos secretos” pela instituição. Felizardos, empresas ou cidadãos tem recebido dinheiro do governo, a juros subsidiados e largo prazo para a quitação da dívida, sem sabermos quem e quanto…
C. ChagasFonte: http://tribunadaimprensa.com.br
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