O papa Francisco, que prometeu colocar a Igreja católica mais em contato com a vida moderna, afirmou na sexta-feira (28/2) que os casais que fracassaram em manter o matrimônio não devem ser condenados.A declaração acontece num momento em que a Igreja católica está em pleno debate sobre os divorciados que voltaram a se casar.
“Quando o amor fracassa, e fracassa muitas vezes, devemos
sentir a dor desse fracasso, acompanhar a pessoa que tenha sentido o fracasso de
seu amor”, afirmou o Papa durante a missa diária que realiza no Vaticano. “Não
devemos condená-los! É preciso caminhar com eles!”, afirmou
Francisco.
“Devemos ficar perto dos irmãos e irmãs que sofreram o fracasso do amor em
suas vidas”, insistiu o chefe da Igreja católica. Francisco insistiu, ao mesmo
tempo, na beleza do matrimônio cristão, da união de um homem com uma mulher, “a
obra-prima da criação”.
O tema dos divorciados que voltam a se casar é fonte de atritos
dentro do Vaticano. A questão principal se remete ao direito dos
divorciados que voltam a contrair matrimônio de participar na parte mais sagrada
da missa católica, a comunhão. Em conformidade com as regras atuais, isso é
proibido, mas na prática essa exclusão não é aplicada.
O cardeal Philipe Barbarin, arcebispo de Lyon, na França,
afirmou à rádio Vaticano que uma reunião de cardeais de todo o mundo que
aconteceu este mês na Santa Sé dedicou “de 80 a 90%” do tempo a discutir esta
questão.
Inúmeros casais em países ocidentais, assim como teólogos e bispos,
pedem que a regra atual seja modificada.
Em compensação, o cardeal alemão
Ludwig Mueller, Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, afirmou
que é impossível mudar as regras e que as pessoas devem deixar de pensar no
casamento como “uma festa em uma igreja”.
O cardeal hondurenho Oscar Andrés Rodríguez
Maradiaga, membro do conselho de oito cardeais formado pelo sumo
pontífice para assessorá-lo, adotou uma postura mais branda e pediu a Mueller
que fosse “mais flexível”.
Um estudo da cadeia de língua espanhola Univisión em 12 países de maioria
católica estabeleceu que 75% dos europeus, 67% dos latinos e 59% dos
americanos não estão de acordo com a Igreja católica neste tema, enquanto que na
África apenas 19% dos entrevistados são contra.
Trata-se de uma questão que provoca uma grande angústia em muitos casais
católicos, que dizem ser tratados como fieis de segunda
categoria.
A questão de permitir que os divorciados que contraíram matrimônio pela
segunda vez recebam a sagrada comunhão afetaria milhões de católicos em
todo o mundo.
Apenas nos Estados Unidos, 25% dos casais católicos acabam pedindo
divórcio. Alguns teólogos e clérigos pediram mudanças para facilitar a
anulação dos casamentos quando for possível alegar que o matrimônio
aconteceu por pressão social ou que não foi plenamente
compreendido.
Um novo casamento seria então autorizado, em conformidade com as regras da Igreja católica, e se permitiria que o casal recebesse a sagrada comunhão.
Um novo casamento seria então autorizado, em conformidade com as regras da Igreja católica, e se permitiria que o casal recebesse a sagrada comunhão.
Outra possibilidade seria o modelo ortodoxo, que permite que
alguns divorciados se casem novamente na Igreja e recebam a sagrada comunhão,
mas no segundo casamento só seria uma bênção, e não considerada um
sacramento.
France Presse
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