Por Simon Romero- The New York Times News Service/Syndicate
Paulistana, Brasil – O Brasil colocou bilhões de dólares na construção de uma estrada de ferro que corta o sertão, mas o adiado projeto acabou se tornando vítima de ladrões de metal. Novos edifícios públicos projetados pelo famoso arquiteto Oscar Niemeyer foram abandonados logo após a construção. Houve até mesmo um museu de OVNIs construído com verbas federais. Seu esqueleto hoje lembra uma nave perdida entre ervas daninhas.
Na corrida para se aprontar para a Copa do Mundo em junho, o Brasil enfrenta um catálogo de atrasos – alguns causados por acidentes mortais na construção de estádios e por excesso de custo. O país está construindo sistemas de ônibus e trens para espectadores que não serão concluídos até muito depois do término dos jogos.
Mas os projetos da Copa do Mundo são apenas parte de um problema nacional maior ainda, lançando uma sombra sobre as grandes ambições do Brasil: uma série de projetos luxuosos concebidos num momento de grande crescimento econômico, que hoje estão abandonados, paralisados ou descontroladamente acima do orçamento.
Os empreendimentos deveriam ajudar a impulsionar e simbolizar o crescimento aparentemente inabalável do Brasil. Mas agora que o país está patinando em uma ressaca pós-boom, eles estão expondo os líderes da nação a críticas fulminantes, alimentando alegações de gastos desnecessários e incompetência enquanto serviços básicos para milhões de pessoas seguem com problemas. Alguns economistas dizem que os projetos em dificuldade revelam uma burocracia incapacitante, alocação irresponsável de recursos e bastiões de corrupção.
Grandes protestos de rua têm focado nos caros estádios sendo construídos em cidades como Manaus e Brasília, cujas pequenas bases de torcedores quase certamente deixarão um mar de assentos vazios após o final da Copa – aumentando os temores que ainda mais elefantes brancos surjam com o torneio.
"Os fiascos estão se multiplicando, revelando uma desordem lamentavelmente sistêmica", declarou Gil Castello Branco, diretor do Contas Abertas, grupo de vigilância brasileiro que analisa orçamentos públicos. "Estamos acordando para a realidade de que imensos recursos foram desperdiçados em projetos extravagantes, enquanto nossas escolas públicas continuam péssimas e temos esgoto a céu aberto".
Daniel Berehulak/The New York Times
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