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CABROBÓ (PE) - A visita da presidente Dilma Rousseff à cidade de Cabrobó (PE) foi marcada na tarde desta terça-feira por uma série de protestos, críticas e manifestações de descrença contra políticos e principalmente contra o PT. Desde as 14h30 (uma hora antes de Dilma chegar ao município), a rodovia BR 428 está totalmente bloqueada. Professores, estudantes, agricultores e índios Trukás fecharam os dois sentidos da via e exigem que “o Brasil seja passado a limpo”.
Dilma aterrissou na estação elevatória que faz parte das obras de transposição do Rio São Francisco e foi recebido com aplausos tímidos. No local, ela fez uma pequena inspeção e não discursou. O prefeito Antônio Auricélio Torres, que é do PSB - partido do presidenciável Eduardo Campos - e que havia incitado as manifestações, não teve acesso à Dilma. Entregou a assessores da Casa Civil um documento com as reivindicações de sua administração.
Na estrada, os manifestantes ergueram faixas, usaram apitos, agitaram maracas e dançaram o toré (dança típica do local). Yssô Truká, uma das lideranças indígenas da região, explicou a presença do grupo no ato:
— Esse protesto é contra o governo federal, que tem um discurso muito bonito, mas é o mais fraco até hoje na História do Brasil. A gente só vê promessa e pouca ação. Pior para o povo e ainda mais para as populações indígenas que vêm sofrendo terríveis massacres no governo Lula e no de Dilma. Podemos dizer que a transposição (do São Francisco) sai do território truká, mas começou a ser feita em total desrespeito à conveção 169 da Organização Internaconal do Trabalho da qual o Brasil é signatário desde 1984 e que determina a autoafirmação e a autonomia dos povos índígenas.
Os índios, que seguem protestando no pista, dizem que só vão sair do local “quando Deus Tupã mandar”.
Professora aposentada de 55 anos e uma das manifestantes de Cabrobó, Ceny de Freitas contou que era afiliada ao PT, mas que deixou o partido por ter vergonha do mensalão.
— Eu gostei quando Dilma foi eleita presidente porque, como eu, ela é mulher. Mas ela é um cupim que está roendo o Brasil, deixando tudo oco.
Ao chegar à elevatória, a presidente apresentava fisionomia cansada, mas, mesmo assim, ficou cerca de meia hora entre os trabalhadores locais. Cumprimentou muitos deles, distribuiu abraços e apertos de mão e também pousou para fotos. Em nenhum momento falou com a imprensa.
Mais cedo, o prefeito Antônio Auricélio Torres, do PSB, havia acusado o governo petista de “retaliação”, por não cumprir promessas feitas ao município sertanejo e por deixar ao meio obras iniciadas ainda na gestão do ex-presidente Lula. Torres esteve em Brasília na semana passada para tentar resolver problemas da cidade, localizada a 586 quilômetros de Recife, mas voltou sem ser recebido pelas autoridades. Sentindo-se discriminado, decidiu organizar um protesto, mas desistiu de participar do evento quando a presidente chegou à Cabrobó. Preferiu entregar um documento com reivindicações da população do município.
- Quanto ao protesto, eu realmente tive vontade de ir na frente, mas achei que não ficaria bem para um prefeito. Por esse motivo, estou sofrendo muita pressão, inclusive pelas redes sociais. Estão reclamando que fraquejei.
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