Agentes da Polícia Federal apuram um repasse de 7 milhões
de reais da Portugal Telecom ao PT, que teria sido intermediado pelo
ex-presidente; a acusação partiu de Marcos Valério
De VEJA.com
Há sete meses a Polícia Federal tenta, sem sucesso, ouvir o ex-presidente Lula em inquérito que apura sua atuação no mensalão, segundo reportagem desta quarta-feira do jornal O Estado de S. Paulo.
Em abril de 2013, o Ministério Público Federal solicitou à PF que apurasse as denúncias feitas pelo operador do esquema,
Marcos Valério de Souza, de que o ex-presidente intermediou um repasse
de 7 milhões de reais feito ao PT por uma subsidiária da Portugal
Telecom. Além de Lula, o ex-ministro Antonio Palocci Filho também é
citado no caso.
Fonte: http://veja.abril.com.br/blog/ricardo-setti/politica-cia
Fonte: http://veja.abril.com.br/blog/ricardo-setti/politica-cia
De acordo com o jornal, o advogado do ex-presidente, Marcio Thomaz
Bastos, disse à cúpula da PF que Lula estará na quinta-feira em Brasília
e tentará agendar a data da oitiva. Na PF, contudo, afirma-se que os
acertos para o depoimento – sempre informais – não foram adiante. Os
agentes esperam ouvir Lula para encerrar o inquérito, cuja conclusão foi
adiada algumas vezes.
Medo de atrapalhar a campanha eleitoral do PT
Reportagem do jornal Folha de S. Paulo informa que o petista
teme o vazamento do depoimento para a imprensa – e os estragos disso à
campanha eleitoral. Lula não foi intimado, apenas convidado a falar. E,
de acordo com o jornal, não deverá ser. A avaliação da cúpula da PF é de
que uma intimação seria medida exagerada.
Segundo Valério, o ex-presidente teria intermediado a obtenção do
repasse milionário de uma fornecedora da Portugal Telecom para o PT, por
meio de publicitários ligados ao partido. Os recursos teriam sido
usados para quitar dívidas eleitorais dos petistas. De acordo com o
operador do mensalão, Lula intercedeu pessoalmente junto a Miguel Horta,
presidente da companhia portuguesa, para pedir os recursos. As
informações eram desconhecidas até 2012, quando Valério – já condenado –
resolveu contar parte do que havia omitido até então.
O caso investigado
A transação investigada pelo inquérito estaria
ligada a uma viagem feita por Valério a Portugal em 2005. O episódio foi
usado, no julgamento do mensalão, como uma prova da influência do
publicitário em negociações financeiras envolvendo o PT.
O pedido de abertura de inquérito havia
sido feito pela Procuradoria da República no Distrito Federal a partir
das acusações feitas por Valério em depoimento à Procuradoria-Geral da
República. Como Lula e os outros acusados pelo publicitário não têm foro
privilegiado, o caso foi encaminhado à representação do Ministério
Público Federal em Brasília. Ao todo, a PGR enviou seis procedimentos
preliminares aos procuradores do Distrito Federal. Um deles resultou no
inquérito aberto pela PF. Outro, por se tratar de caixa dois, foi
enviado à Procuradoria Eleitoral.
Os segredos de Valério
Com a certeza de que iria para a cadeia, Marcos Valério começou a contar os segredos do mensalão em meados de setembro de 2012, como revelou VEJA.
Em troca de seu silêncio, Valério disse que recebeu garantias do PT de
que sua punição seria amena. Já sabendo que isso não se confirmaria no
Supremo – que o condenou a quase 40 anos por
corrupção ativa, evasão de divisas, peculato e lavagem de dinheiro – e,
afirmando temer por sua vida, ele declarou a interlocutores que Lula
“comandava tudo” e era “o chefe” do esquema.
Pouco depois, o operador financeiro do mensalão enviou, por meio de
seus advogados, um fax ao STF declarando que estava disposto a contar
tudo o que sabe. No início de novembro daquele ano, nova reportagem de
VEJA mostrou que o empresário depôs à PGR na tentativa de obter um
acordo de delação premiada – um instrumento pelo qual o envolvido em um
crime presta informações sobre ele, em troca de benefícios.
Nenhum comentário:
Postar um comentário