É verdade que não importa o placar da vitória, desde que se vença, mas não se pode fechar os olhos para o fato de que a oposição sai fortalecida desse processo eleitoral, uma vez que Aécio Neves conseguiu catalisar a indignação da sociedade brasileira em relação aos desmandos que diariamente desceram arampa do Palácio do Planalto nos últimos quase doze anos. Desde a chegada de Lula ao poder, jamais a oposição conseguiu uma condição tão expressiva para lutar contra as sandices de um governo incompetente, paralisado e corrupto. O PSDB, carro primeiro dessa caravana oposicionista, tem o dever de transformar o desejo de mudança de metade da nação em arma para enfrentar mais quatro anos de desmandos, incompetência e corrupção.
Nos tempos em que engrossava a oposição e mantinha o discurso pretérito, o PT criticou com veemência a criação dos programas sociais, sob a alegação de que o presidente da época, Fernando Henrique Cardoso, estava a pegar o eleitor pelo estômago. Hoje, no mapa do segundo turno da corrida presidencial fica claro que Dilma venceu onde impera o programa “Bolsa Família”, transformado pelo partido em ferramenta para a manutenção de um obediente curral eleitoral. Contudo, o que os petistas falavam no passado não vale para os dias atuais, uma vez que todos os integrantes do partido, sem exceção, se acostumaram com a bandalheira que tomou conta do governo central.
O Brasil perdeu a grande chance de retomar o caminho da pujança, algo que, com eventual vitória de Aécio Neves, não aconteceria em curto espaço de tempo. A lambança promovida pelo PT na última década – mais a que surgirá ao longo do próximo mandato de Dilma – exigirá dos brasileiros pelo menos cinquenta anos de esforço continuado para retomar o status anterior à eleição de Lula. Não se trata de erguer alguns puxadinhos em uma economia em crise latente, mas de promover profunda assepsia na seara da moralidade do Estado. Nada do que aconteceu em termos oficiais nos últimos anos deixou de passar pelo universo da corrupção e da bandalheira.
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