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quinta-feira, 23 de outubro de 2014

João Vaccari estaria envolvido em operações em Itaipu

Lucio Bolonha Funaro, em depoimento no Senado
Divulgação


Tesoureiro do PT é acusado de cobrar propina em negócios com fundos de pensão para rechear caixa dois de campanhas

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SÃO PAULO - O doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa não foram os primeiros a utilizar a delação premiada para acusar o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, de arrecadar propina para o partido. Identificado como um dos operadores do mensalão e apontado como doleiro pela Procuradoria Geral da República, o operador financeiro Lúcio Bolonha Funaro acusou Vaccari de cobrar propina em operações com fundos de pensão em pelo menos duas ocasiões, na CPI dos Correios (2006) e das ONGs (2010). Em depoimento ao MPF, afirmou que o tesoureiro do PT chegava a cobrar propina de 12% em negócios que serviam para rechear o caixa-dois de campanhas políticas.
Em depoimento à CPI das ONGs, em 2010, o operador financeiro Lúcio Funaro sugeriu que fossem investigados negócios da Itaipu Binacional e do fundo de pensão da empresa, o Fibra, que poderiam estar relacionados ao tesoureiro do PT. Ele assumiu o conselho da empresa em 2003. Na época, Funaro afirmou que Vaccari tinha relacionamento “umbilical” com o grupo Schahin, que mantém mais de US$ 10 bilhões em contratos com a Petrobras.

O Grupo Schahin também tem negócios em Foz do Iguaçu. A Itaipu Binacional cedeu terreno e projetos (arquitetônico e estrutural) para que fosse erguida a Universidade Latino Americana. A obra atrasou, e o consórcio Mendes Junior/Schahin paralisou as atividades e informou que o contrato tem desequilíbrio financeiro. O contrato foi fechado por R$ 241 milhões e recebeu aditivos de R$ 13,9 milhões. O TCU chegou à conclusão que a falha estava no projeto feito por Itaipu.
Segundo Paulo Roberto Costa, Vaccari é o operador do esquema de propinas na diretoria de Serviços da Petrobras, com comissão de 3%. Para o MPF, apenas as informações de Youssef, que distribuía o dinheiro, podem esclarecer quem recebia e como ia para o caixa dois do PT. Funaro afirmou que Vaccari operava com dinheiro vivo, o que torna mais difícil a investigação.

CPMI INVESTIGA LIGAÇÃO COM GRUPO SCHAHIN

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investiga os negócios da Petrobras tenta retomar uma das denúncias de Lúcio Bolonha Funaro, a partir das investigações da Operação Lava-Jato, e descobrir a ligação de Vaccari com o Grupo Schahin, que tem contratos superiores a US$ 10 bilhões com a Petrobras.

Em um dos pedidos de investigação, do deputado Rubens Bueno (PPS-PR), são citados pagamentos do Grupo Schahin a empresas de fachada de Youssef. Em outra ação judicial na Justiça do Paraná, do caso Copel, há registros de pagamentos feitos pelo doleiro a Kenji Otsuki, executivo do grupo. Além de pedir quebra dos sigilos fiscal, bancário e telefônico de Otsuki, o deputado João Magalhães (PMDB-MG) lembrou que Otsuki preside a offshore Turasoria, que arrenda o navio-sonda LC Lancer para a Petrobras, e da offshore Quibdo, ao lado de Milton Taufic Schahin e Salim Taufic Schahin. Lembrou que a Quibdo, “coincidentemente”, foi registrada no Panamá pelo mesmo escritório usado para abrir offshores para Costa.
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A maioria dos contratos da Schahin com a Petrobras são firmados por offshores — de acordo com denúncia de Funaro, seriam 107 offshores. Procurado, o Grupo Schahin não quis se pronunciar. Magalhães afirmou que os requerimentos estão parados porque não houve acordo entre oposição e a base aliada do governo para convocar e investigar as empresas citadas na Lava-Jato.
Perguntado se era Vaccari o contato com o Grupo Schahin, Funaro sugeriu que procurassem Kenji Otsuki, a quem chamou de “o homem da propina do Banco Schahin”. Carlos Eduardo Schahin, que era presidente do banco, foi condenado em julho último pela Justiça Federal a quatro anos de prisão por manter depósitos não declarados em nome de uma offshore. A pena foi convertida em prestação de serviços à comunidade e multa. Na época das primeiras denúncias, Vaccari havia declarado ter se encontrado apenas uma vez com Funaro.
Procurados, João Vaccari, o Grupo Schahin e a Petrobras não se manifestaram



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