Presidente volta a demonizar o governo de SP; alô, tucanos: a guerra já recomeçou. Hora de se apresentar para a luta.
Já está desenhada uma estratégia, isto é visível, e é bom que o PSDB acorde. O alvo do governo federal, de Dilma Rousseff e do PT é São Paulo. Eles não engoliram as múltiplas surras eleitorais que a população do Estado aplicou ao partido. Querem vingança. Querem sangue. Esses valentes não convivem bem com quem lhes diz “não” e com quem cumpre sua função e noticia o que eles não gostam de ler. O presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG); o governador reeleito de São Paulo, Geraldo Alckmin; o senador Aloysio Nunes Ferreira e o senador eleito pelo Estado, José Serra, já podem desensarilhar as armas para defender a população que os elegeu e, claro!, também para atacar. Afinal, como reza o adágio latino, “si vis pacem, para bellum”: se queres a paz, prepara a guerra.
Dilma concedeu mais duas entrevistas nesta terça, desta feita à Band e ao SBT. Quer dizer: não foram bem entrevistas. Ela falou o que bem quis, lidou com fatos e números como lhe deu na telha, fantasiou, mistificou à vontade, sem contestação. Na verdade, até recebeu alguma ajuda, com uma pauta pensada para que ela atacasse os tucanos de São Paulo. Eis a presidente que quer unir todos os brasileiros.
A presidente, repetindo o que disse na entrevista à Record, insiste em disputar o quarto turno da eleição — o PT já perdeu no primeiro turno para o governo do Estado e em dois turnos para a Presidência — e em jogar nas costas do governo de São Paulo a crise hídrica. Falou, diante do silêncio colaborativo dos entrevistadores, que o Nordeste viveu a maior seca em 70 anos e que o governo federal o socorreu com cisternas e seis mil carros-pipas. A sugestão era que o mesmo poderia ter sido feito por São Paulo se Alckmin pedisse? Será que esta senhora tem a noção, ainda que ligeira, de quantos carros-pipas seriam necessários para suprir deficiências deste Estado?
Mas embarco na sua hipótese: Guarulhos e Mauá, para citar dois municípios da Grande São Paulo, são administrados pelo PT, não são atendidos pela Sabesp e hoje sofrem com o racionamento. Por que, então, Dilma, não se apressou em fazer acordos com os respectivos prefeitos, aliados seus? Por que não manda seus carros-pipas? Por que não fez suas cisternas? Não precisava da concordância de Alckmin para isso. É patético!
Falou, ou por má-fé ou por ignorância convicta, que o governo federal financia as obras do Sistema Produtor de São Lourenço. Deve ser bom dar uma entrevista como quem emite um release. Dilma tem dito por aí que a CEF liberou financiamento de R$ 1,8 bilhão para a obra. Mentira. Comecemos do começo. O edital para São Lourenço é de 8 de novembro de 2012, anterior à crise hídrica. O contrato com o consórcio vencedor — Andrade Gutierrez e Camargo Correa — foi assinado no dia 21 de agosto de 2013. Trata-se de uma PPP, uma parceria público-privada, sem um tostão de dinheiro federal. Se as duas empreiteiras conseguiram, em razão do contrato, dinheiro da CEF, o governo do Estado não tem nada com isso. O que se tem é a Caixa fornecendo empréstimos a empresas privadas.
Há outras mentiras graves nas quais Dilma insiste, de que vou tratar em outro post. Foco esses aspectos porque foi a sua linha de argumentação nas entrevistas, que valeram como notas oficiais e releases, concedidas à Band e ao SBT. É fácil falar quando os interlocutores ou não estão dispostos a contraditar ou não dispõem das informações técnicas “no que se refere”, como diria a governanta, ao assunto.
Sim, escreverei um outro post sobre as mentiras. O fundamental é chamar a atenção dos tucanos para o fato de que São Paulo está na mira do PT, de que a presidente está com sede de retaliação e de que os petistas querem se vingar do Estado, dos eleitores e dos adversários.
Por Reinaldo Azevedo
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