João Vaccari Neto, bancário, tesoureiro do PT, ex-presidente da Bancoop, em 2010 (Sergio Dutti/AE/VEJA) |
Documento obtido pelo
site de VEJA mostra que João Vaccari Neto tem a função-chave de
representar a candidata no Tribunal Superior Eleitoral (TSE.
Marcela Mattos, de Brasília
Desde que o depoimento do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa
veio a público, a campanha da presidente-candidata Dilma Rousseff (PT)
entrou em pânico: criou uma força-tarefa para evitar que as novas
revelações causassem estrago no projeto de reeleição da petista,
redobrou os ataques ao adversário Aécio Neves (PSDB) e barrou o depoimento do tesoureiro João Vaccari Neto à CPI da Petrobras.
Não à toa: nove anos após o estouro do escândalo do mensalão, outro
homem-forte responsável por cuidar das contas do partido aparece às
voltas em um caso de corrupção, agora como o pivô de um esquema
bilionário de lavagem de dinheiro. Paulo Roberto Costa afirmou que parte
da propina desviada da estatal chegou às mãos de Vaccari. “Dentro do
PT, a ligação que o diretor de serviços tinha era com o tesoureiro na
época do PT, o senhor João Vaccari. A ligação era diretamente com ele”.
Ainda segundo o delator, dois terços da propina ficavam para o PT quando
a diretoria era comandada pelo PP. Já nos setores diretamente
controlados por petistas, a propina seguia diretamente para o caixa do
partido.
A função de Vaccari, no entanto, vai além de cuidar do financeiro do
PT: ele tem posto privilegiado no projeto eleitoral da presidente Dilma.
Documento obtido pelo site de VEJA mostra que o tesoureiro foi nomeado
delegado da campanha de Dilma e tem a função-chave de representar a
candidata no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Tamanha é a autonomia
que Vaccari, tem, inclusive, a prerrogativa de fazer petições e assinar
as credenciais dos fiscais da coligação.
Ao lado dele estão outros quatro delegados – todos ocupam posições no
projeto de reeleição de Dilma: o secretário-geral do PT, Geraldo
Magela, deputado federal derrotado na única vaga ao Senado pelo Distrito
Federal; o ex-presidente do diretório paulista do PT e tesoureiro da
campanha, Edinho Silva; o ex-ministro do TSE, Arnaldo Versiani, e Luis
Gustavo Severo, ambos responsáveis pela área jurídica da campanha.
Embora tenha sido apontado como a ponte para o recebimento da
propina, o PT tem se mostrando reticente em afastar o tesoureiro. Ao
contrário: saiu em defesa dele e processou Paulo Roberto Costa por
difamação.
Durante debate entre os candidatos à Presidência realizado no último
domingo, Dilma evitou se voltar contra Vaccari. Questionada por Aécio se
confia no tesoureiro, a presidente tergiversou: “Da última vez que um
delator denunciou pessoas do seu partido, no caso do metrô e da compra
dos trens, o senhor disse que não ia confiar na palavra de um delator.
Eu sou diferente. Eu sei que há indícios de desvio de dinheiro. O que
ninguém sabe é quanto foi e quem foi. Isso é muito importante”, disse.
Fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/brasil
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