"E temos a responsabilidade de manter isso vivo", disse o senador tucano.
Durante a primeira reunião da Executiva Nacional do PSDB após as eleições de 2014, o presidente nacional do partido, senador Aécio Neves (MG), afirmou que é responsabilidade da oposição manter vivo o sentimento de mudança que aflorou no Brasil a partir das eleições deste ano. Aécio prometeu cobrar melhorias do governo federal com base nas mesmas convicções que o moviam enquanto candidato à Presidência da República.
“Existe algo novo no Brasil e temos a responsabilidade de manter isso vivo. Trazer para o campo oposicionista as mesmas convicções que tivemos ao debater com esse governo. Depende de nós fazer com que a chama que cresceu na sociedade brasileira e se espalhou continue. Farei a oposição ao lado de vocês com as convicções com que governaria, pensando nos mais pobres, que mais precisam. Não vamos permitir que dividam o Brasil entre nós e eles”, disse.
Segundo colocado na disputa presidencial, com os votos de 51 milhões de brasileiros, Aécio destacou que sela, a partir da presente data, um pacto de construção de uma “revigorada e vitoriosa oposição”, que disputou as eleições “falando a verdade e apresentando aos brasileiros a possibilidade de uma nova construção política ética”.
“Mais de 50 milhões de brasileiros foram às urnas, de forma absolutamente livre, para dizer o que queriam para o Brasil, o que pensavam que deveria ocorrer no Brasil pelos próximos anos. Sou um democrata. Lutei com as armas que tinha, as armas da verdade, da compostura, da coragem, combatendo como aprendi a combater na política, onde a meu ver as ideias é que devem brigar, não as pessoas. Não obtivemos a maioria dos votos, mas a mesma coragem e determinação com as quais me preparei para governar o Brasil trago hoje, para participar da nova oposição que aqui se reúne”, salientou.
Compromissos
Ao lado de prefeitos, deputados, governadores eleitos e líderes de partidos aliados, Aécio afirmou que pretende acompanhar as ações do atual governo e qualificar a oposição. Ele anunciou a criação de um grupo de trabalho que será responsável pela fiscalização dos compromissos assumidos pela presidente da República, Dilma Rousseff, durante a campanha.
“Estou reunindo e organizando um grupo de trabalho técnico que vai permanentemente avaliar as ações de cada uma das áreas desse governo, para que possa municiar aos senhores para cobrar cada um dos compromissos que eles assumiram com os brasileiros durante a campanha eleitoral, e que estão muito longe de cumprir”, detalhou.
“Hoje o que nós temos é um governo envergonhado, pelas armas que usou para vencer as eleições. Mas do outro lado, temos também um Brasil revigorado, vivo, que reencontramos nas ruas. E é esse Brasil que vai fazer a mudança”, acrescentou o senador.
Duas marcas
Aécio ressaltou que a campanha presidencial de 2014 trará consigo duas marcas “claras e distintas”. Uma delas, protagonizada pelos adversários, foi a “campanha da infâmia, da mentira, da utilização absolutamente sem limites da máquina pública em benefício de um projeto de poder”.
“Pelo menos cumpriram com a palavra. Disseram que iam fazer ‘o diabo nas eleições’. O diabo se envergonharia de muitas coisas que foram feitas durante essa eleição. Ocuparam as nossas empresas públicas, agora os Correios, para uma atuação infame. Ninguém jamais vai saber quantos foram os panfletos distribuídos sem chancela pela candidatura oficial. Infelizmente, milhões de brasileiros vão deixar de saber qual teria sido a nossa mensagem, porque aquilo que nós distribuímos em várias partes do país não chegou”, disse.
Para o senador, a ingerência nos Correios e as ameaças de descredenciamento de beneficiários do Bolsa Família e de retirada da lista do Minha Casa, Minha Vida, caso votassem na oposição, são práticas que “não cabem em um regime democrático”. Aécio criticou ainda os ataques dirigidos à sua candidatura, de Eduardo Campos e de Marina Silva, ambos do PSB. “Sabiam que era mentira, e fizeram da mentira sua principal arma de luta. Isso não dignifica a vitória que tiveram”.
Aécio destacou ainda que “sempre que o PT teve que optar entre o PT e o Brasil, o PT ficou com o PT, e quem saiu perdendo foi o Brasil”.
Cidadãos livres
Segundo Aécio, a outra marca deixada pelas eleições deste ano foi o seu reencontro com “os cidadãos livres desse país”.
“Essa é a marca a que vou me ater. Essa eu vi de perto, convivi, me emocionei, me fez acreditar que vale a pena sim fazer política. As pessoas voltaram a se abraçar nas ruas, voltaram a se cumprimentar, a se olhar. Pessoas idosas, de 80, mais de 90 anos, que se encontravam comigo, faziam um esforço enorme para chegar próximo de mim e dizer ‘eu vou às urnas dar o meu voto a você, pela mudança. Cuide dos meus netos, dos meus bisnetos’. Os desenhos, as mensagens das crianças que iam para suas escolas com as cores da bandeira nacional por uma causa que valia à pena. Os jovens que readquiriram nas universidades a capacidade do debate, do enfrentamento, de dizerem que ‘o lado bom é o nosso, o da honradez, o da verdade”, afirmou.
O senador encerrou sua fala dizendo que o governo federal não deve contabilizar a oposição pelo número de cadeiras ocupadas no Congresso Nacional, e sim pelos “51 milhões de brasileiros atentos, acordados, vigilantes e que não aceitam mais serem governados da forma como foram até aqui”.
“Esse é o nosso papel, e vamos juntos fazer a mais vigorosa oposição que esse Brasil já assistiu, em benefícios dos brasileiros, da democracia, da liberdade, e dos valores como a ética e a moral”, completou Aécio.
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