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terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Por suspensão de fiança para fábrica na Bahia, dono da Itaipava doou R$ 17,5 mi a campanha de Dilma

Foto: Valter Pontes/GOV BA

O proprietário do grupo Petrópolis, Walter Faria, depositou R$ 17,5 milhões na campanha da presidente Dilma Rousseff no ano passado, pouco depois de receber um “provisionamento” do Banco do Nordeste (BNB) para cobrir os riscos de um empréstimo que solicitou para a instalação da fábrica da cervejaria Itaipava em Alagoinhas, no nordeste baiano, e de outra planta em Pernambuco, segundo reportagem da revista Época deste fim de semana. De acordo com a denúncia, baseada em “documentos internos do BNB, relatórios do TCU e entrevistas com os envolvidos”, o valor o tornou o quarto maior doador da campanha da presidente e correspondia ao valor que se recusava a pagar por conta de uma carta-fiança pedida pelo banco como garantia dos empréstimos de R$ 375 milhões (referente à unidade de Alagoinhas) e de R$ 452 milhões (Pernambuco).

O provisionamento, classificado por Época como “favor milionário”, é uma medida de cautela tomada pelas instituições financeiras para cobrir possíveis “calotes”. Segundo Época, quando Faria pediu o empréstimo, no começo de 2013, o BNB estipulou uma carta-fiança, que tornava a operação segura, já que cobria todo o valor do empréstimo pedido. Faria já havia sido preso em 2005 por dez dias pela Polícia Federal (PF) por sonegação fiscal e fora denunciado três anos depois pelo Ministério Público Federal (MPF) por corrupção ativa, formação de quadrilha e por denúncias caluniosas. Segundo Época, sua empresa devia “R$ 400 milhões à Receita Federal em impostos atrasados e multas pelo uso de laranjas, além de notas fiscais”.

Com esse histórico, diz a reportagem, teve que contratar os serviços do operador do mensalão, Marcos Valério Fernandes de Souza.

Ainda de acordo com a revista, o que permitiu que Faria conseguisse reaver a carta-fiança foi a sua proximidade com líderes do PT durante o segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como o próprio chefe do Executivo, além do tesoureiro informal da legenda, João Vaccari. Nas negociações para reverter a caução, o empresário argumentava que a exigência da fiança lhe custava o equivalente a 2% do valor dos empréstimoo, o que equivale a quase R$ 17 milhões ao ano. “Para o BNB, era um pedido aparentemente impossível de atender, como seria para qualquer banco privado. Ainda mais porque, pelo contrato de empréstimo, os juros eram pré-fixados. Ou seja: o BNB não poderia compensar a garantia pior com um aumento nos juros do empréstimo”, diz a reportagem.

O entrave, de acordo com a revista, era o diretor do banco, Ary Lanzarin, “que tentava moralizar o BNB”.

Com sua saída, em abril de 2014, o PT recuperou as diretorias do banco, que, de acordo com época, foram entregues “a afilhados de políticos petistas, como o ministro da Defesa, Jaques Wagner”.

Procurado por ÉPOCA, Wagner preferiu não comentar o assunto na época. Após meses de tentativa, no dia 10 de setembro, Faria protocolou novo protocolou pedido de dispensa da fiança do empréstimo da fábrica em Alagoinhas. “Uma semana depois, o pedido foi analisado – numa velocidade espantosa para os padrões de um banco tão lento e burocrático quanto o BNB. Finalmente conseguiu seu objetivo”, diz a revista. As doações para a campanha de Dilma foram depositadas 19 dias depois.

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