O juiz federal Sérgio Moro durante a aula inaugural do curso preparatório da Escola da Magistratura Federal do Paraná - Paulo Lisboa |
Para Sérgio Moro, nos dois casos, é preciso seguir o dinheiro para se ‘chegar ao chefe’
POR CLEIDE CARVALHO, ENVIADA ESPECIAL
CURITIBA - O juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal, disse nesta segunda-feira, sem citar o escândalo envolvendo os desvios de recursos da Petrobras, que políticos desonestos têm vantagens sobre políticos honestos e, por isso, é sempre preciso rastrear o dinheiro movimentado ilegalmente para "se chegar ao chefe". Numa aula sobre lavagem de dinheiro na Escola de Magistratura do Paraná, Moro afirmou que, nesses casos, a investigação contra políticos deve ser tal qual se faz contra chefes de tráfico de drogas: é preciso seguir o “velho conselho norte-americano” se quiser chegar ao chefe “follow the money“, ou “siga o dinheiro”. (Assista à íntegra da aula do juiz da Lava-Jato)
Nesta terça-feira, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, vai enviar ao Supremo os pedidos de abertura de inquéritos contra políticos e pedirá o fim o sigilo das investigações da Operação Lava-Jato contra algumas autoridades suspeitas de integrar o esquema, o que deve ser feito pelo relator do processo, o ministro Teori Zavascki, alguns dias depois.
Nesta terça-feira, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, vai enviar ao Supremo os pedidos de abertura de inquéritos contra políticos e pedirá o fim o sigilo das investigações da Operação Lava-Jato contra algumas autoridades suspeitas de integrar o esquema, o que deve ser feito pelo relator do processo, o ministro Teori Zavascki, alguns dias depois.
- Numa democracia, o político desonesto tem vantagens que um político honesto não tem ao usar dinheiro de origem ilícito para ganhar apoio popular para suas ideias - disse Moro.
Para o juiz, se as investigações não forem suficientes para punir o chefe do crime, é preciso fazer com que ele fique sentado sobre o dinheiro sujo e não consiga usar para nenhuma finalidade.
Moro lembrou que as lei que punem a lavagem de dinheiro, no mundo todo, são novas, surgiram a partir da década de 80 (Brasil, é de 1998), e apenas a sanção privativa da liberdade não é suficiente.
- É preciso privar o criminoso do "produto" de sua atividade. O crime não deve compensar - assinalou.
Moro explicou que raramente os chefes estão diretamente envolvidos nos atos criminais mais básicos, pois ele é o último beneficiário da atividade criminosa. Por isso, acrescentou, é preciso seguir o "velho conselho norte-americano" se quiser chegar ao chefe "follow the money", ou "siga o dinheiro".
- Fatalmente o dinheiro vai chegar em quem tem o poder de controle sobre o grupo criminoso.
O juiz lembrou que o "lavador" de dinheiro tem sido um terceirizado profissional, que "recebe informações ótimas sobre origens e destino do dinheiro".
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