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sábado, 20 de agosto de 2016

Epopeia do sítio em Atibaia ganha novo e explosivo ingrediente e situação de Lula fica mais complicada

Por Redação Ucho.Info - 19 de Agosto de 2016

A epopeia do misterioso Sítio Santa Bárbara, em Atibaia, interior de São Paulo, vem ganhando capítulos explosivos e desconexos. Aliás, o imbróglio é Marcão pelo desencontro de declarações dos envolvidos no que é considerado uma farsa pela força-tarefa da Operação Lava-Jato, que continua afirmando ser Lula o verdadeiro dono do imóvel.

Durante ação de busca e apreensão, na Operação Aletheia (24ª fase da Lava-Jato), a Polícia Federal encontrou no apartamento de Lula, em São Bernardo do Campo, uma minuta de contrato de compra e venda do tal sítio (sem assinaturas), além de notas fiscais referentes à reforma realizada no imóvel a pedido de Marisa Letícia. Desde então, declarações têm se contraposto e fugido da lógica.

O Santa Bárbara está registrado em nome de Fernando Bittar e Jonas Suassuna Filho, sócios de um dos filhos do ex-presidente, mas nem isso fez os investigadores mudarem de ideia a respeito do verdadeiro proprietário, no caso Lula, que poderá ser indiciado por vários crimes, começando por ocultação de patrimônio.

Depois de muitas idas e vindas, Bittar disse que comprou a propriedade com dinheiro do pai, Jacó Bittar, ex-prefeito de Campinas e amigo de Lula há mais de quarenta anos. Acontece que Celso Silva Vieira Prado, funcionário de confiança da família Bittar e responsável por cuidar de todos os imóveis do clã, jamais visitou o sítio e só ouviu falar do mesmo depois que o assunto ganhou o noticiário.

Por sua vez, Suassuna Filho teria brigado com Lulinha por causa de seu nome ter sido arremessado na lama da Operação Lava-Jato. Empresário bem sucedido, Suassuna mora em um elegante e caro apartamento duplex na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, e é conhecido pelo gosto refinado e por ser um apreciador de obras de arte, vinhos raros e alta gastronomia. Além disso, Suassuna é dono de uma belíssima casa na paradisíaca Ilha dos Macacos, em Angra dos Reis, litoral fluminense.

Quem conhece os gostos de Suassuna sabe que a decoração do sítio Santa Bárbara não combina com seu estilo de vida. Ademais, trata-se de contrassenso logístico um sítio em Atibaia para quem mora no Rio e tem uma belíssima e confortável casa de veraneio em Angra dos Reis.

Na última terça-feira (16), Marisa Letícia e Fábio Luís Lula da Silva, conhecido como Lulinha, faltaram ao depoimento na PF. O renomado criminalista José Roberto Batochio, que coordena a defesa da família Lula da Silva na área penal, recomendou aos clientes que não comparecessem à Polícia Federal para, na condição de testemunhas, prestar esclarecimentos sobre o Sítio Santa Bárbara.

Na quarta-feira (17), o pecuarista José Carlos Bumlai disse à PF, em São Paulo, que foi chamado por Marisa Letícia para coordenar as obras da reforma no sítio em Atibaia. Segundo Bumlai, a ex-primeira-dama disse-lhe que a reforma seria uma surpresa para Lula. Não demorou muito tempo e o pecuarista foi informado que deveria deixar a função, pois o ritmo das obras desagradava Marisa Letícia. Bumlai disse que a família Lula da Silva havia decidido contratara uma “construtora de verdade”.

Ora, se o sítio não é de Lula e o ex-presidente desconhecia a tal reforma, não havia motivo para um assessor palaciano ter informado a Bumlai que ele deveria deixar a coordenação das obras.

A farsa começa a ganhar força no momento em que duas empreiteiras envolvidas no Petrolão e investigadas na Lava-Jato, Odebrecht e OAS, assumem a reforma. Duas das maiores empreiteiras do País empenhadas em erguer um “puxadinho chique” em uma propriedade que pertence a terceiros. Por meio dos advogados e do instituto que leva seu nome, Lula alegou que frequentava o sítio somente nos momentos de folga. Entre 2012 e janeiro deste ano, Lula esteve 111 vezes no Santa Bárbara. O que mostra que o petista é realmente folgado.

De acordo com a legislação vigente no País, todo ex-presidente da República tem direito a assessores e seguranças. Para confirmar que o caso do sítio é mal contado, basta conferir o número de viagens dos seguranças de Lula a Atibaia. Em seis datas distintas, os seguranças estavam em Atibaia enquanto o petista estava em viagem internacional – saindo do País ou retornando.

Às 7h57 do dia 13 de março de 2013, a Polícia Federal registrou a saída de Lula do País. Naquela data o ex-presidente rumou para a África, onde possivelmente foi cuidar dos interesses de empreiteiras brasileiras. Mo mesmo dia 13 de março, o militar Elias dos Reis, segurança de Lula, saiu de São Bernardo do Campo com destino a Atibaia.

Elias Recebeu de diária R$ 265, voltando a São Bernardo no dia seguinte. Enquanto Lula estava na África fazendo lobby e esparramando sua mitomania malandra no continente, o Palácio Planalto registrou da seguinte forma a viagem do segurança a Atibaia: “Compor a equipe de segurança do Sr Ex-Presidente da República”.

Pois bem, o direito a segurança e assessores a que todo ex-presidente tem direito não é extensivo a familiares. De tal modo, se Lula estava na África, o segurança não tinha o que fazer em Atibaia.

A primeira desculpa que rondou o sítio é que a propriedade foi adquirida para que as famílias Bittar e Lula da Silva pudessem passar mais tempo juntas. Se isso é verdade, não havia razão para, certa feita, Lulinha telefonar ao caseiro do sítio, conhecido como Maradona, para avisar que Kalil Bittar, irmão de Fernando, passaria um dia na propriedade. Ora, se a família Bittar é uma das donas do imóvel, Kalil não precisa de autorização para permanecer no local.

A mentira que se ergue a partir do sítio ganhou um ingrediente extra na quinta-feira (16). Em depoimento à Polícia Federal, em São Paulo, Fernando Bittar disse que a reforma no sítio teve o objetivo de viabilizar a armazenagem do acervo do ex-presidente Lula. Mas o sítio não era visitado pelo ex-metalúrgico apenas nos dias de folga? O sítio não foi reformado para que as famílias Bittar e Lula da Silva desfrutassem do local juntas?

Comparado ao montante desviado da Petrobras (até agora são R$ 21 bilhões), o valor do Sítio Santa Bárbara (R$ 1,5 milhão) é considerado troco. Contudo, chama a atenção o fato de Lula estar gastando com advogados pelo menos quatro vezes o valor do sítio para se defender em um escândalo que tem como cerne um imóvel que ele próprio diz não ser seu.

É importante lembrar que o empresário Jonas Suassuna Filho, cuja mulher não gosta da relação do marido com a turma de Lula, ainda não falou à Polícia Federal. Quando isso acontecer, Lula terá de arrumar a mochila rumo a Curitiba.

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