Artigo de Miriam Goldenberg
Trata-se de uma verdadeira novidade demográfica, parecida com a que em
meados do século XX, se deu com a consciência da idade da adolescência,
que deu identidade a uma massa de jovens oprimidos em corpos
desenvolvidos, que até então não sabiam onde meter-se nem como vestir-se.
Este novo grupo humano, que hoje ronda os sessenta/setenta anos, teve uma
vida razoavelmente satisfatória.
São homens e mulheres independentes, que trabalham há muitos anos e
conseguiram mudar o significado tétrico que tantos autores deram, durante
décadas, ao conceito de trabalho.
Procuraram e encontraram, há muito, a atividade de que mais gostavam e com
ela ganharam a vida.
Talvez seja por isso que se sentem realizados! Alguns nem sonham em
aposentar-se. E os que já se aposentaram gozam plenamente cada dia, sem
medo do ócio ou solidão. Desfrutam a situação, porque depois de anos de
trabalho, criação dos filhos, preocupações, fracassos e sucessos, sabem olhar
para o mar sem pensar em mais nada, ou seguir o voo de um pássaro da
janela de um 5º andar...
Algumas coisas podem dar-se por adquiridas.
Por exemplo: não são pessoas que estejam paradas no tempo: a geração dos
"sessenta/setenta", homens e mulheres, maneja o computador como se o
tivesse feito toda a vida. Escrevem aos filhos que estão longe e até se
esquecem do velho telefone fixo para contatar os amigos - mandam WhatsApp
ou e-mails com as suas notícias, ideias e vivências.
De uma maneira geral estão satisfeitos com o seu estado civil, e, quando não
estão, procuram mudá-lo. Raramente se desfazem em prantos sentimentais.
Ao contrário dos jovens, os conhecem e pesam todos os riscos. Ninguém se
põe a chorar quando perde: apenas reflete, toma nota e parte pra outra...
Os homens não invejam a aparência das jovens estrelas do desporto, ou dos
que ostentam um traje Armani, nem as mulheres sonham em ter as formas
perfeitas de uma modelo.
Em vez disso, conhecem a importância de um olhar cúmplice, uma frase
inteligente ou um sorriso iluminado pela experiência.
Hoje, as pessoas na idade dos sessenta/setenta, estão estreando uma idade
que não tem nome. Antes seriam velhos e agora já não o são.
Hoje estão com boa saúde física e mental; recordam a juventude mas sem
nostalgias parvas, porque a juventude, ela própria também está cheia de
nostalgias e de problemas.
Celebram o sol a cada manhã e sorriem para si próprios. Talvez por alguma
razão secreta, que só sabem e saberão os que chegarem aos 60/70 no século
XXI.
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