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sábado, 7 de outubro de 2017

Uma sociedade que consome pornografia não pode proteger bem as crianças


Vaticano, 07 Out. 17 / (ACI).- Em seu discurso na manhã de sexta-feira aos participantes do congresso “A dignidade do menor no mundo digital” realizado em Roma, o Papa Francisco afirmou que uma sociedade que consome pornografia não poderá proteger efetivamente os menores de idade.

Durante o seu discurso na Pontifícia Universidade Gregoriana, onde o evento foi realizado, o Santo Padre assinalou: “Seria uma grave ilusão pensar que uma sociedade em que o consumo aberrante do sexo se expande entre os adultos seja depois capaz de proteger de modo eficaz os menores”.

Francisco disse que quando se olha para os problemas das crianças, é possível “subestimar ou tentar fazer esquecer que também ocorrem problemas com os adultos e que, embora para os organismos legais seja necessário um limite que distinga entre o menor e o maior de idade, isso não é suficiente para enfrentar os desafios, porque a propagação de uma pornografia cada vez mais extrema e outros usos inadequados da rede não só causam transtornos, vícios e danos graves, mesmo entre os adultos, mas que também afetam a representação simbólica do amor e as relações entre os sexos”.

O Pontífice advertiu também acerca da propagação na internet de alguns “fenômenos extremamente perigosos”, como “a divulgação de imagens pornográficas cada vez mais extremas, porque através do vício, aumenta o limiar da estimulação; o crescente fenômeno do ‘sexting’ entre meninos e meninas que usam as redes sociais; a intimidação que ocorre cada vez mais na rede e representa uma verdadeira violência moral e física contra a dignidade de outros jovens; a ‘sextortion’; e o recrutamento através da rede de menores com fins sexuais”, que “é um fato continuamente mencionado nas notícias”.

Além desses fenômenos, continuou o Pontífice, “os crimes mais graves e assustadores da organização online do tráfico de pessoas, da prostituição, incluindo da preparação e da visualização direta de violações e violência contra menores cometidos em outras partes do mundo”.

Portanto, “a rede tem o seu lado escuro e regiões escuras (a dark net), onde o mal consegue agir e se expandir de forma sempre nova e cada vez com mais eficiência, extensão e capilaridade”.

Em seguida, o Papa lamentou que “a antiga difusão da pornografia através da mídia impressa era um fenômeno de pequenas dimensões comparado com o que está acontecendo hoje em dia, de uma maneira cada vez mais crescente e rápida, através da rede”.

Nesse sentido, continuou, é importante cuidar das crianças que atualmente constituem mais de um quarto (cerca de 800 milhões) dos usuários da internet. “O que encontram na rede? E como são considerados por quem pode administrá-la?”, questionou o Papa.

“Devemos abrir os olhos e não esconder uma verdade que é desagradável e que não queremos ver. Por outro lado, não entendemos nesses anos que esconder a realidade dos abusos sexuais é um gravíssimo erro e fonte de muitos males?”, perguntou.

Logo após, o Papa compartilhou: “Ser visto pelos olhos das crianças é um experiência que todos conhecemos e que nos toca profundamente no coração, e que nos obriga também a um exame de consciência”.

“O que nós fazemos para que essas crianças possam nos olhar sorrindo e preservem um olhar limpo, cheio de confiança e de esperança? O que fazemos para que esses olhos não sejam corrompidos por aquilo que encontrarão na rede, que será parte integral e importantíssima da sua vida?”, questionou a todos.

“Trabalhemos, portanto, todos juntos para ter sempre o direito, a coragem e a alegria de olhar nos olhos as crianças do mundo”, concluiu.

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