sábado, 18 de março de 2017

O Brasil depois do lulopetismo


Os 13 anos do PT no poder deixaram como herança a hecatombe ética, política e econômica. Agora, como se não fosse um dos responsáveis pela ruína do País, Lula veste o figurino de salvador da pátria e antecipa o lançamento de sua candidatura à Presidência em 2018. Seu real objetivo, no entanto, é intimidar as autoridades para evitar uma condenação.

A rua que dá acesso a um dos prédios da Justiça Federal em Brasília tinha policiamento reforçado e trânsito suspenso durante a manhã da terça-feira 14. Do lado de fora, um minúsculo grupo que não passava de 30 militantes petistas fazia sua tradicional arruaça, criticava a imprensa e gritava palavras de apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, descrito pelo Ministério Público Federal como o “comandante máximo” do esquema de corrupção da Lava Jato. Não se trata de um recurso meramente retórico. Antes de seu governo, é inegável que o chamado presidencialismo de coalizão já havia se corrompido. Seria ingenuidade dizer o contrário. Mas o lulopetismo inovou. Para pior. Muito pior. Estabeleceu um projeto estruturado de corrupção e poder. Graças a ele, o debate de idéias e propostas de interesse da sociedade perdeu totalmente a relevância. Em vez de discutir projetos e submetê-los à uma salutar e democrática disputa política no Congresso, o governo petista instituiu o mensalão. Como atalho para o alcance de vitórias no Legislativo, preferiu comprar o que chamava de 300 picaretas em vez de dobrá-los no argumento ou mesmo no voto. Depois, veio o Petrolão a dilacerar os cofres da Petrobras, e de outras estatais, com desvios destinados a irrigar campanhas de petistas e aliados por meio de um crime quase perfeito: a doação registrada oficialmente na Justiça Eleitoral. Os objetivos também foram sofisticados. Além da perpetuação no poder, a propina encheu cofres e dourou vaidades pessoais num inequívoco propósito de enriquecimento próprio, como se já não bastassem as vantagens políticas.
BANCO DOS RÉUS: Lula chega à Justiça de Brasília,
onde prestou o primeiro depoimento como réu,
por obstruir a Justiça


O que foi bom para o PT, foi ruim para o Brasil. O esquema criminoso que floresceu durante o lulopetismo é sem dúvida um dos principais responsáveis pela débâcle do sistema político, que a lista de Janot, divulgada na última semana, traz em seu bojo. Corrupção sempre existiu. Desde Cabral. Houve malfeitos em governos passados, seria pueril não reconhecer. Mas a hecatombe ética, política e econômica tem nome e sobrenome. O pai da institucionalização da corrupção como método é conhecido. Agora, com corpinho de 2018, Lula parece que vive em 1980, como se nada tivesse ocorrido de lá para cá. Como se os brasileiros tivessem deletado da memória o que ocorreu nos 13 anos de PT no poder, Lula nutre a vã expectativa de que surgirá impávido dos escombros da Lava Jato, que, pressupõe-se, devastará parte expressiva da classe política.

Apresenta-se como salvador da pátria, como aquele que construirá um novo castelo sobre as ruínas de um prédio que ele mesmo ajudou a implodir. Até mesmo a esquerda, hoje carente de propostas e lideranças, ele sufocou. O PT de Lula subjugou à sua influência os outros grandes partidos de esquerda, mantendo-os como satélites e impedindo o surgimento de novas lideranças políticas capazes de discutir o Brasil depois da lista de Janot. A Reforma da Previdência, hoje, é um exemplo disso. Legendas, mesmos as mais alinhadas ao ideário de esquerda, encontram dificuldades para apresentar propostas alternativas ao texto do governo.

A estratégia de antecipar a sua candidatura em 2018 é, acima de tudo, personalista. Foi ardilosamente pensada para pressionar a Justiça a não condená-lo, politizando o que deveria ser tratado somente no âmbito policial e judicial. No íntimo, Lula sabe que uma condenação em primeira instância é favas contadas. Concentra-se para evitar uma derrota na segunda instância, que o tornaria automaticamente um “ficha suja”, tirando-o do páreo eleitoral, mesmo que ele não vá para cadeia. Pelas suas contas, o julgamento derradeiro ocorreria entre abril e junho de 2018, período em que as candidaturas a presidente já estarão postas. Sobretudo a dele. Para não ser limado do processo, lançará mão de um discurso matreiro que já vem sendo embalado aos poucos. O de que irão condená-lo apenas para impedir sua candidatura, quando o que ocorre é exatamente o inverso. E não precisa ser um expert em política para enxergar: Lula antecipa o lançamento de seu nome à Presidência para evitar uma condenação.

Chama o ladrão Em três anos de Lava Jato, o PT foi alvo de várias operações da PF no combate à corrupção CHAMA O LADRÃO Em três anos de Lava Jato, o PT foi alvo de várias operações da PF no combate à corrupção

CHAMA O LADRÃO: Em três anos de Lava Jato,
o PT foi alvo de várias operações da PF
no combate à corrupção
ROTEIRO CONHECIDO

Na última semana, ao sentar-se no banco dos réus pela primeira vez, Lula cumpriu o script à risca. Em seu depoimento, o petista voltou a colocar em marcha sua tática de intimidação contra autoridades públicas. Em um dado momento, chegou a exortar a militância petista a processar quem acusasse o PT de constituir uma organização criminosa – fechando os olhos para as graves evidências de desvios de recursos de estatais que abasteceram não apenas os cofres da legenda mas também o bolso de ex-dirigentes partidários, como seu ex-braço direito e “capitão do time” José Dirceu. “Eu tô cansado de ver procurador dizer que não precisa de prova, que ele tem convicção. De juiz dizer que ‘não preciso de prova, eu tenho fé, vou votar com fé’. Eu quero provas, alguém tem que dizer qual é o crime que eu cometi, aonde que eu cometi. Chamar o PT de organização criminosa? Se dependesse de mim, cada deputado do PT, cada vereador do PT, cada militante abria um processo para quem disser qual é a quadrilha”, afirmou ao juiz Ricardo Leite.

Leia na íntegra aqui


Fonte: http://istoe.com.br/

Nenhum comentário:

Postar um comentário