A produção estagnada aliada a preços defasados em relação ao mercado internacional, em um momento de forte demanda que leva a mais importações, encolheu o lucro da Petrobras. De julho a setembro, a Petrobras teve lucro de R$ 3,4 bilhões, 39% abaixo do registrado há um ano e 45% menor do que no trimestre anterior. O resultado ficou bem abaixo das expectativas de analistas, cuja previsão mais pessimista girava em torno dos R$ 4,5 bilhões. No terceiro trimestre, a estatal aumentou seu endividamento, colocando em risco o seu grau de investimento.
"Na segunda-feira as ações vão despencar. Isso é reflexo do impacto da valorização de 10% do dólar sobre o real somado a maiores importações a preços menores do que vende aqui dentro", afirmou o economista-chefe da SLW Corretora, Pedro Galdi. Em carta aos investidores, a presidente da empresa, Graça Foster, também cita a defasagem de preços e o câmbio como o principais vilões da queda do lucro. Ela acrescenta que a empresa encontrou mais poços secos do que o esperado e não conseguiu vender tantos ativos como no segundo trimestre deste ano. "A forte depreciação do real verificada desde maio de 2013, chegando a 22% de desvalorização, fez com que a defasagem voltasse a crescer nos últimos meses", afirmou Graça no comunicado.
Nos últimos 16 meses, houve quatro ajustes de preços do diesel e da gasolina, totalizando alta de 21,9% e 14,9%, respectivamente, insuficientes para reduzir as perdas com as defasagens dos preços, na comparação com o mercado internacional. Para solucionar esse impacto constante no fluxo de caixa da companhia, Graça informou que apresentou ontem ao conselho de administração uma metodologia de precificação para que se tenha maior previsibilidade do alinhamento dos preços domésticos do diesel e da gasolina aos preços internacionais. Ela não deu detalhes sobre o método.
Por causa dos pesados investimentos da empresa em quase mil projetos, a disponibilidade de caixa da companhia despencou de R$ 72,7 bilhões no segundo trimestre para R$ 57,8 bilhões. Por outro lado, o endividamento cresceu em relação ao patrimônio líquido, ultrapassando o limite de 35% estipulado pela própria Petrobras, e atingindo 36%, o que pode levar a uma nova revisão do grau de investimento da Petrobras, considerada atualmente uma das empresas mais endividadas do mundo. (Folha de São Paulo)
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