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quarta-feira, 25 de junho de 2014

Copa ótima. Mas o governo pode receber o vermelho


A Copa do Mundo no Brasil é um sucesso, isso é inegável. Jogadores brilham dentro de campo e proporcionam aos espectadores de todo o mundo partidas inesquecíveis. A torcida e a sociedade fazem sua parte com hospitalidade e festa. Entretanto, o governo continua a mostrar uma péssima atuação. Surpreendentemente, a taxa de geração de empregos cai, o déficit aumenta, a indústria retrai em plena época de Mundial.

A presidente Dilma Rousseff ontem tentou tirar dividendos políticos de méritos que não são seus. Comparou o sucesso nos gramados ao seu governo. Deixa estar, afinal, ninguém em seu juízo perfeito acredita que craques como Neymar, o francês Benzema, o mexicano Ochoa, o argentino Messi, o costarriquenho Campbell ou o holandês Robben atuem bem por causa do governo brasileiro. Se atuassem mal seria culpa de FHC?

A festa está boa, excelente sem dúvida. Mas os grandes méritos são também da hospitalidade e improviso da população brasileira. Pois apenas 10% das obras de mobilidade da Copa previstas ficaram prontas a tempo. Cadê o trem-bala prometido, por exemplo?

No começo da Copa, das 167 intervenções anunciadas, 88 estavam prontas. Outras 68 (41%) só ficarão prontas depois da Copa. Onze obras foram abandonadas ou não saíram do papel.

Os aeroportos funcionam bem, sem dúvida, muito longe do caos previsto, apesar de nenhuma das oito obras de responsabilidade da Infraero ter ficado pronta a tempo. Uma explicação é que dos 11,5 milhões de assentos ofertados até o dia 17/6 apenas 4,5 milhões tinham sido vendidos.

Destaque para o aeroporto de Brasília, que depois da concessão à iniciativa privada as obras andaram de maneira muito rápida. Ficou bonito e bom. Permanece então a pergunta: por que demoraram tanto a privatizar, quase uma década condenando o que deveria ter sido feito de imediato?

Mas como está o Brasil além da Copa? Infelizmente os dados mostram que o governo joga mal, bastante mal. Merece um cartão.

A expectativa do governo de crescimento do ritmo de criação de empregos formais com a Copa do Mundo ainda não se confirmou. O saldo de contratações com carteira assinada em maio foi de 58,8 mil vagas, o pior para o mês desde 1992. O governo esperava que, com a demanda por serviços e bens aquecida, seria fácil ultrapassar as 72 mil vagas criadas em maio do ano passado.

Maio foi o segundo mês consecutivo em que a indústria demitiu mais do que contratou trabalhadores com carteira assinada. O setor fechou 28,5 mil postos de trabalho no período, o que deixou o saldo total de vagas muito aquém das expectativas do governo.

O déficit em transações correntes do país somou US$ 6,6 bilhões em maio, informou o Banco Central. É o pior resultado para o mês de maio da série do BC, que teve início em 1947.

O fluxo global de entrada de investimento estrangeiro direto voltou a crescer no ano passado no mundo, mas o Brasil não acompanhou este movimento. O ingresso de capital produtivo no país caiu 1,9% em 2013, para US$ 64 bilhões, o que levou o Brasil a cair uma posição, para quinto lugar, no ranking dos principais destinos de investimento no ano passado.

O Brasil, como País, tem um dos melhores times do mundo. Mas a equipe de comando é péssima e deve ser trocada urgentemente. A oportunidade está aí, nas próximas eleições.

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