O PT não gosta de ser fiscalizado e, muito menos, investigado. Qual a
credibilidade de Dilma Rousseff, portanto, para falar em "combate sem
tréguas à corrupção"?
Nunca antes na história deste país se viu
tanta corrupção no governo. O mensalão e o mais recente escândalo do
desvio de dinheiro da Petrobrás para o bolso de políticos governistas,
exemplos mais luzidios do mar de lama em que o Brasil oficial chafurda,
dão a medida de até que ponto os 12 anos de governos do PT degradaram a
moral pública. Enquanto isso, Dilma Rousseff proclama na ONU e na
propaganda eleitoral os "valores" que transformaram o Brasil num mundo
encantado, enfatizando "o combate sem tréguas à corrupção", mediante "o
fim da impunidade com o fortalecimento das instituições que fiscalizam,
investigam e punem atos de corrupção, lavagem de dinheiro e outros
crimes financeiros".
Punir a corrupção? Recorde-se a tentativa do
PT de desclassificar como "manipulação política" a condenação, pelo
STF, dos dirigentes do partido que urdiram e executaram o até então
maior escândalo de corrupção no governo - a compra de apoio de
parlamentares para a formação da "base aliada". Os maiorais petistas
condenados por uma corte integrada em sua esmagadora maioria por
ministros nomeados nos governos de Lula e de Dilma foram transformados
pelo lulopetismo em injustiçados "guerreiros do povo brasileiro".
Já quanto ao "fortalecimento das instituições que fiscalizam,
investigam e punem", trata-se de mentira ainda mais escandalosa, até por
ser uma das mais insistentemente repetidas no ininterrupto discurso
eleitoral do PT no poder.
Fiscalizar e investigar? Dilma declarou
recentemente o que pensa: não é função da Imprensa investigar o
governo, mas apenas divulgar notícias. Em outras palavras, só deve ser
divulgada a notícia que chega pronta na mão do jornalista, não importa a
credibilidade da fonte, pois, se tentar verificar se a fonte tem
credibilidade, o jornalista já estará fazendo o que não pode:
investigando. Depois Dilma tentou se explicar, dizendo que não era bem o
que todo mundo havia entendido, mas já havia deixado clara uma de suas
afinidades com a ditadura cubana e o bolivarianismo chavista.
No
âmbito do poder público, investigação é o trabalho, por exemplo, da
Controladoria-Geral da União, da Advocacia-Geral da União e do
Ministério Público (MP). As duas primeiras estão vinculadas ao Poder
Executivo. Mas o MP é constitucionalmente autônomo, ou seja, uma
potencial fonte de aborrecimentos para o Poder Executivo, em particular
quando resolve meter o bedelho em malfeitos dos poderosos de turno. Não é
por outra razão que têm sido recorrentes no Congresso as tentativas de
impor limitações constitucionais à atuação investigativa do Ministério
Público.
Dilma tem repetido que em seu governo a Polícia Federal
(PF) tem ampla autonomia para trabalhar. Mais do que isso, que se hoje é
aparentemente muito grande o número de casos de corrupção que chegam ao
conhecimento público é porque os governos petistas ampliaram os
quadros, forneceram equipamentos e garantiram autonomia à PF para
cumprir sua missão. Mais uma vez, há confusão.
De acordo com
dados oficiais do Ministério do Planejamento, conforme informou o Estado
dias atrás, está havendo uma redução do número de delegados, peritos,
escrivães e agentes da Polícia Federal. Segundo a Federação Nacional dos
Policiais Federais, há hoje cerca de 4 mil cargos vagos, quando o ideal
seria triplicar o número de servidores da PF. O mesmo Ministério do
Planejamento informou, depois, que, no mês passado, foram admitidos nos
quadros da Polícia Federal 541 servidores - ou seja, pouco mais de 10%
dos cargos que estariam vagos.
Investigação e fiscalização são
frequentemente sinônimos. No âmbito do poder público - sem falar do
Poder Legislativo, hoje de joelhos diante do Executivo -, o Tribunal de
Contas da União (TCU), órgão auxiliar do Congresso Nacional, tem a
responsabilidade constitucional de exercer a fiscalização contábil,
financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União. Mas
durante seus governos Lula deixou bem claro o que pensa do TCU: só serve
para criar obstáculos à execução dos projetos e programas oficiais.
Em resumo: o PT não gosta de ser fiscalizado e, muito menos,
investigado. Qual a credibilidade de Dilma Rousseff, portanto, para
falar em "combate sem tréguas à corrupção"?
Publicado
no Estadão Nunca antes na história deste país se viu tanta corrupção no
governo.
O mensalão e o mais recente escândalo do desvio de dinheiro
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