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sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Em desespero diante da comprovação que o PT roubou a Petrobras, Dilma destila ódio no Nordeste para tentar dividir o país.


Em mais um dia de campanha pelo Nordeste, a presidente Dilma Rousseff (PT) afirmou nesta quinta-feira (9) que seus rivais promovem uma "oposição ridícula" entre o Sudeste e o Nordeste."É uma visão preconceituosa e elitista. [Eles estão] dizendo que meus votos são os dos ignorantes e dos letrados são os deles. Eles não andam no meio do povo, não dão importância ao povo. Querem desqualificar, destilar um ódio mal resolvido", afirmou a presidente em entrevista a rádios locais. 
A presidente associou o PSDB de seu adversário Aécio Neves ao "conservadorismo" e disse que o povo "tem que lutar pelas conquistas dos últimos 12 anos". E mirou nos eleitores que ascenderam socialmente, dizendo que "criou" a classe média que cresceu nos últimos anos. "Temos de ter foco nos mais pobres. Mas também fizemos política para classe média ascendente que nós mesmos criamos", afirmou. 
Em discurso em Salvador, Dilma voltou a criticar o economista Armínio Fraga, que foi presidente do Banco Central durante o governo Fernando Henrique Cardoso. Aécio declarou que Armínio será seu ministro da Fazenda caso ele vença a eleição."Esse senhor [...] não gosta do salário mínimo. Eles acham que o salário mínimo é recessivo. É um escândalo", afirmou. Em nota, Armínio disse que ela "está mal informada ou distorce os fatos". 
Em Sergipe, Dilma pediu que o Nordeste faça uma "onda" pela sua reeleição: "Eu já pedi uma onda na Bahia para ganhar no segundo turno. Agora, estou pedindo uma onda sergipana, uma onda forte, que nos leve a um segundo turno vitorioso".  
ONDA DE LAMA AFUNDA A CANDIDATURA DE DILMA
A divulgação das primeiras pesquisas do segundo turno e o devastador depoimento de Paulo Roberto Costa coroaram nesta quinta-feira (9) a "tempestade perfeita" que atinge a campanha de Dilma Rousseff (PT). O termo designa a convergência de fatores negativos que agudizam uma situação já difícil. No caso da campanha da presidente, a saber: 
1. Seu oponente Aécio Neves (PSDB) teve um desempenho acima do previsto no primeiro turno. Ganhou fôlego. 
2. O desastre eleitoral em São Paulo colocou o PT em pé de guerra. Lideranças emergentes questionam a velha guarda paulista do partido, e até Lula virou alvo de críticas. 
3. Enquanto isso, Aécio amealhou apoios ao longo da semana, inclusive o do arredio PSB. A principal "noiva", Marina Silva, indicou estar à beira do "sim", embora isso ainda esteja em aberto. 
4. Na quarta (8), encadearam-se diversas más notícias para Dilma. Gente ligada ao PT foi pega com malas de dinheiro, a inflação estourou o teto da meta e uma autoridade econômica sugeriu que o povo comesse frango no lugar de carne, a Procuradoria-Geral da República descartou acusação criminal petista contra Aécio no caso do aeroporto de Cláudio e, por fim, foi divulgado que o delator da Petrobras citou PT, PMDB e PP como receptores de dinheiro desviado da estatal na campanha de 2010. 
5. A divulgação do depoimento de Costa, de própria voz. É peça única no anedotário da corrupção e atinge o centro do grupo no poder.
6. A perda da vantagem que Dilma manteve durante toda a campanha nas simulações de segundo turno, e ainda sem o impacto pleno do caso Petrobras, com ultrapassagem numérica de Aécio.

(Folha de São Paulo)

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