Em mais um dia de campanha pelo Nordeste, a presidente Dilma Rousseff
(PT) afirmou nesta quinta-feira (9) que seus rivais promovem uma
"oposição ridícula" entre o Sudeste e o Nordeste."É uma visão preconceituosa e elitista. [Eles estão] dizendo que meus
votos são os dos ignorantes e dos letrados são os deles. Eles não andam
no meio do povo, não dão importância ao povo. Querem desqualificar,
destilar um ódio mal resolvido", afirmou a presidente em entrevista a
rádios locais.
A presidente associou o PSDB de seu adversário Aécio Neves ao
"conservadorismo" e disse que o povo "tem que lutar pelas conquistas dos
últimos 12 anos". E mirou nos eleitores que ascenderam socialmente,
dizendo que "criou" a classe média que cresceu nos últimos anos. "Temos
de ter foco nos mais pobres. Mas também fizemos política para classe
média ascendente que nós mesmos criamos", afirmou.
Em discurso em Salvador, Dilma voltou a criticar o economista Armínio
Fraga, que foi presidente do Banco Central durante o governo Fernando
Henrique Cardoso. Aécio declarou que Armínio será seu ministro da
Fazenda caso ele vença a eleição."Esse senhor [...] não gosta do salário mínimo. Eles acham que o salário
mínimo é recessivo. É um escândalo", afirmou. Em nota, Armínio disse
que ela "está mal informada ou distorce os fatos".
Em Sergipe, Dilma pediu que o Nordeste faça uma "onda" pela sua
reeleição: "Eu já pedi uma onda na Bahia para ganhar no segundo turno.
Agora, estou pedindo uma onda sergipana, uma onda forte, que nos leve a
um segundo turno vitorioso".
ONDA DE LAMA AFUNDA A CANDIDATURA DE DILMA
A divulgação das primeiras pesquisas do segundo turno e o devastador
depoimento de Paulo Roberto Costa coroaram nesta quinta-feira (9) a
"tempestade perfeita" que atinge a campanha de Dilma Rousseff (PT). O
termo designa a convergência de fatores negativos que agudizam uma
situação já difícil. No caso da campanha da presidente, a saber:
1. Seu oponente Aécio Neves (PSDB) teve um desempenho acima do previsto no primeiro turno. Ganhou fôlego.
2. O desastre eleitoral em São Paulo colocou o PT em pé de guerra.
Lideranças emergentes questionam a velha guarda paulista do partido, e
até Lula virou alvo de críticas.
3. Enquanto isso, Aécio amealhou apoios ao longo da semana, inclusive o
do arredio PSB. A principal "noiva", Marina Silva, indicou estar à beira
do "sim", embora isso ainda esteja em aberto.
4. Na quarta (8), encadearam-se diversas más notícias para Dilma. Gente
ligada ao PT foi pega com malas de dinheiro, a inflação estourou o teto
da meta e uma autoridade econômica sugeriu que o povo comesse frango no
lugar de carne, a Procuradoria-Geral da República descartou acusação
criminal petista contra Aécio no caso do aeroporto de Cláudio e, por
fim, foi divulgado que o delator da Petrobras citou PT, PMDB e PP como
receptores de dinheiro desviado da estatal na campanha de 2010.
5. A divulgação do depoimento de Costa, de própria voz. É peça única no
anedotário da corrupção e atinge o centro do grupo no poder.
6. A perda da vantagem que Dilma manteve durante toda a campanha nas
simulações de segundo turno, e ainda sem o impacto pleno do caso
Petrobras, com ultrapassagem numérica de Aécio.
(Folha de São Paulo)
(Folha de São Paulo)
Nenhum comentário:
Postar um comentário