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domingo, 8 de fevereiro de 2015

Escolhido por Dilma para presidir a Petrobras, Aldemir Bendine é protagonista de casos rumorosos


Mais do mesmo – Normalmente as sextas-feiras são calmas em termos políticos, em especial por conta da proximidade do final de semana, mas hoje a situação é diferente. Não bastasse a crise econômica que chacoalha o País e deixa muitos brasileiros sem dormir, esta sexta-feira (6) tem um ingrediente extra: a escolha do novo presidente da Petrobras, cuja missão oficial será tirar do burca a empresa que foi saqueada ao longo dos últimos dez anos no rastro de um esquema criminoso que funcionou com a anuência do Palácio do Planalto.

Muito se especulou nos últimos dias sobre quem seria o substituto de Maria das Graças Foster, que pediu demissão antes do prazo combinado com a presidente e amiga Dilma Rousseff, mas o Palácio do Planalto encontrou uma solução que contrariou as expectativas. O novo comandante da estatal é Aldemir Bendine, atual presidente do Banco do Brasil e que estava de mudança para o BNDES, onde substituiria Luciano Coutinho, que também teve o nome cotado para assumir o lugar de Graça Foster.

Com a escolha de Bendine, a presidente da Dilma aplica mais um drible no antecessor, o agora lobista Luiz Inácio da Silva, que trabalhava intensamente nos bastidores para emplacar Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central, no cargo máximo da Petrobras. Lula também fez campanha em favor de Roger Agnelli, ex-presidente da Vale. Nenhuma das candidaturas prosperou no Palácio do Planalto, porque Dilma não tem boas relações com Meirelles e Agnelli.

Ao optar por Aldemir Bendine, a presidente da República impõe à combalida Petrobras o que muitos costumam chamar de “mais do mesmo”. Bendine é intimamente ligado ao governo, o que contraria as expectativas do mercado, que apostava em alguém com independência e sem vínculos viscerais com o Palácio do Planalto. Nesse processo de seleção, teve peso a opinião do chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, que assim como Dilma prefere manter distância de Lula, de quem levou uma sonora e inesquecível carraspana nos tempos em que era senador da República.

Além de tentar tirar a Petrobras do fundo do poço, Bendine terá a missão extra de apagar as digitais petistas que existem no Petrolão, o maior escândalo de corrupção da era moderna, que sangrou os cofres da companhia em aproximadamente R$ 88 bilhões. Aliás, foi por causa desse número, divulgado antecipadamente e sem a concordância de Dilma, que a fervura sobre Maria das Graças Foster subiu de uma hora para outra.

Empréstimos horizontais

Antecipando o que pode acontecer com a Petrobras caso o mais cotado para presidir a companhia seja confirmado no cargo, Aldemir Bendine foi alvo de caso rumoroso, mas que caiu na vala do esquecimento que a população brasileira tanto insiste em cultivar. Bendine foi acusado de beneficiar uma amiga mais do que íntima, a socialite e apresentadora de televisão Val Marchiori, conhecida por suas absurdas extravagâncias comportamentais e de consumo.

Aldemir Bendine concedeu a Marchiori, em condições “ultra especiais”, uma linha de crédito subsidiada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no valor de R$ 2,7 milhões, a juro de 4% ao ano, bem abaixo do índice oficial de inflação. A operação não teria passado impune se Val Marchiori não tivesse restrições de crédito, além de ter apresentado um comprovante de renda cuja maior receita é a pensão alimentícia paga pelo pai de seus filhos, que recentemente trocou alianças com a socialite.

O financiamento foi realizado em nome da Torke Empreendimentos, mas o dinheiro foi usado para sublocar os caminhões para a empresa do irmão de Val, a Veloz Empreendimentos. Os avalistas, o irmão e a cunhada da apresentadora, também não apresentaram comprovante de renda.

Famoso por confusões

Bendine negou ser amigo de Val Merchiori, mas seu ex-motorista do Banco do Brasil, Sebastião Ferreira da Silva, revelou ter buscado várias vezes a socialite a pedido do presidente da instituição.

Sebastião já fez várias denúncias de irregularidades cometidas por Bendine. Em um dos depoimentos ao Ministério Público, o motorista teria dito que já fez vários pagamentos em “dinheiro vivo” a mando de Aldemir Bendine.

“Ferrerinha”, como é conhecido, teria conduzido o presidente do BB com uma sacola com “mações” de R$ 100. O dinheiro seria um empréstimo a Marcos Fernandes Garms, amigo e irmão-camarada do novo presidente da Petrobras.

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