Dilma e Lula agora querem aproximação com FHC para salvar mandato. Reprodução.
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Salvar o que não deve ser salvo não é tarefa da oposição, adverte o ex-presidente Fernando Henrique ao rejeitar diálogo com Lula.
Sem salvação
A rejeição formal do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ao diálogo com o governo neste momento, anunciada ontem pelo Facebook, foi necessária para não alimentar especulações indevidas quando o país precisa, mais do que nunca, que as posições de cada um de seus líderes políticos estejam bastante definidas para que uma saída seja encontrada, dentro da lei e longe dos conchavos.
Os que, formalmente na oposição, buscam dar apoio à governabilidade visando postergar o desfecho da crise, podem estar jogando com o tempo para beneficiar seus interesses próprios, mas acabarão sendo identificados como politiqueiros que não estão à altura do momento.
Salvar o que não deve ser salvo não é tarefa da oposição, adverte o ex-presidente Fernando Henrique. Os que, ao contrário, querem pretextos para acelerar a crise, também não fazem o jogo democrático.
O mais correto no momento é cada força política atuar dentro das limitações impostas pela democracia, sem o que teremos dificuldades para superar esse momento crítico que vivemos.
Não há golpes quando as regras democráticas são seguidas e a Constituição obedecida. Desse ponto, a presidente Dilma tem duas travessias diante de si: a análise de suas explicações para o Tribunal de Contas da União (TCU) sobre as questões fiscais, e, mais adiante, o exame de suas contas de campanha pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
São formalidades de controle que têm que ser cumpridas numa democracia, para que o grupo político que está no governo não abuse do poder econômico ou político, desvirtuando assim a representatividade das urnas.
As pressões legítimas dos grupos políticos antagônicos devem ter a proteção do Estado para que se manifestem sem constrangimentos. Portanto, tanto é legítimo a presidente da República ir à televisão dias antes das manifestações marcadas contra si (embora pareça o uso de um privilégio em benefício próprio), como a reação contrária, com um previsível panelaço nesse dia, será a demonstração democrática de rejeição da maioria já detectada pelas pesquisas de opinião.
Não há que se considerar fascista a demonstração pública de desapreço por esta ou aquela figura política, desde que não se recorra à violência física para explicitar o desagrado. Quando o governo estava no auge da popularidade, com os que o consideravam ruim ou péssimo sendo contados em um dígito, os governistas costumavam gozar essa minoria, dizendo que os descontentes moravam em outro planeta.
Agora, que a situação se inverteu dramaticamente contra o governo, a manifestação contrária é sempre comparada como uma perseguição aos petistas. O ex-presidente Lula chega ao cúmulo de ecoar a comparação de que os petistas hoje são perseguidos como os judeus o eram no tempo do nazismo.
É certo que o clima acirrado, de tensão permanente, entre os grupos políticos não deveria prevalecer, impedindo o convívio de brasileiros, mas não é possível esquecer que esse ambiente de hostilidades, de “nós contra eles”, foi alimentado nos tempos de bonança pelo PT e seus seguidores, obedecendo a uma estratégia política de empurrar para um gueto os oposicionistas.
A decisão da presidente Dilma de falar na televisão dias antes das manifestações convocadas para 16 de agosto parece repetir estratégia malfadada já utilizada antes, que resultou no acirramento de ânimos e, provavelmente, vai inflar as manifestações populares.
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