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sábado, 15 de agosto de 2015

Por que os petistas tradicionais não se revoltam com o PT?

Os eleitores tradicionais do PT deveriam ser os mais empolgados em participar dos protestos contra Dilma. São eles as grandes vítimas, foram eles que o partido mais traiu e enganou. Desde anos 80, eles ajudaram na campanha, convenceram vizinhos e amigos, se emocionaram quando o PT venceu as eleições. No poder, o partido fez todo o contrário do que eles esperavam.

Vinte anos atrás, o PT dizia que era um partido diferente, avesso a negociatas e à corrupção. Hoje se esforça para nos convencer que é tão corrupto quanto os outros.

Muita gente votou no PT por defender a legalização do aborto e das drogas. Mas Lula não teve coragem de tocar nesses assuntos nem mesmo quando tinha o Brasil a seus pés, a 82% de aprovação.

O PT prometeu uma política econômica diferente da tucana; em 2003 e 2015, chamou executivos do mercado financeiro para tocar a política econômica (ainda bem).

O PT dizia que acabaria com o privilégio dos ricos, mas gastou mais dinheiro favorecendo grandes empresários aliados ao governo que ajudando os pobres. O subsídio dos empréstimos secretos do BNDES custa 35 bilhões de reais por ano; o Bolsa Família, 24 bilhões. A maior beneficiária dos empréstimos do BNDES é a Odebrecht.

A última razão que havia para seguir apoiando o partido é o combate à pobreza. Milhões de pessoas saíram da miséria durante o governo Lula, não se pode negar. Assim como não se pode negar que, por responsabilidade do governo, tudo isso está em risco. O desemprego não para de subir; 370 mil pessoas desceram para baixo da linha da miséria em 2014.

Os eleitores tradicionais do PT não estão sendo sinceros com si próprios quando dizem que “o PT se deixou contaminar”, “teve que se aliar às frutas pobres e jogar o jogo da política”. Não adianta disparar contra a Veja ou demais mensageiros. Pelo contrário, os petistas tradicionais deveriam ser os mais atentos às denúncias de corrupção, os mais preocupados em extirpar os integrantes que transformaram em motivo de piada o partido que eles tanto amavam.


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