“Cuidado da casa do ser humano e cuidado com o ser humano, especialmente os mais pobres”. Esta premissa guiará as reflexões dos coordenadores das Pastorais Sociais e Organismos da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), reunidos no Centro Cultural de Brasília (CCB), até quinta-feira, dia 20.
O planejamento das atividades para o quadriênio 2015 a 2019 terá como referência as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE), publicadas no Documento 102 da entidade, e a encíclica do papa Francisco, Laudato Si’ – sobre o cuidado da casa comum.
O encontro iniciado nesta terça-feira, 18, reúne coordenadores de Pastorais e Organismos e os bispos referenciais com os objetivos de refletir sobre a atuação, avaliar a caminhada frente aos desafios da atualidade e planejar, para o quadriênio 2015-2019, o trabalho que será realizado nas bases “a fim de prestar um serviço mais eficaz junto aos mais empobrecidos, tornando presentes os sinais do Reino”.
Para o bispo de Santa Cruz do Sul (RS) e referencial das Pastorais Sociais do regional Sul 3 da CNBB, dom Canísio Klaus, a encíclica irá desafiar as pastorais e organismos - ligados à Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz - a integrarem em suas ações o tema da vida no planeta, cuidando da criação, uma vez que “defendem o dom de Deus, que é a vida”.
O bispo considera que a inspiração do texto do papa Francisco será “de muita importância” para as avaliações e projeções do trabalho. “Estamos aqui reunidos dentro deste objetivo comum para aprofundarmos bem o tema da vida e o respeito com a dignidade da natureza”, afirma.
Análise
O encontro das coordenações das Pastorais Sociais e organismos da CNBB começou com momento místico, seguido das análises de conjuntura eclesial, política e econômica. O assessor político da CNBB, Carlos Daniel Seidel, apresentou como desafios para as Pastorais o reestabelecimento do “diálogo construtivo” com os movimentos populares, a exemplo da iniciativa do papa Francisco por ocasião dos Encontros Mundiais com os grupos, promovidos em outubro de 2014, em Roma, e em julho deste ano, na Bolívia.
“Um dos desafios é justamente, diante desse contexto de crise, é poder dialogar mais com os movimentos sociais, que as Pastorais Sociais e os organismos voltem a manter um diálogo construtivo com os movimentos populares na linha daquilo que o papa Francisco teve a iniciativa”, conta.
Seidel destaca a necessidade de construção de “relações de confiança”, para que seja reconstruído o projeto democrático, a partir das bases da Igreja Católica, dos serviços e pastorais. “É muito importante que essa construção seja no diálogo com os movimentos sociais e populares e, a partir daí, rebata nas instâncias partidárias, da participação política em conselhos junto ao Congresso Nacional, mas que essa atuação seja mais articulada”, ressalta. Um exemplo de articulação, de acordo com o assessor, é a mobilização da Coalizão Democrática pela Reforma Política e Eleições Limpas, que reuniu mais de cem entidades da sociedade civil na proposta de uma lei de iniciativa popular pela reforma política.
No período da tarde, foi apresentado o estágio da pesquisa sobre a ação social da Igreja Católica. Tiveram, ainda, avaliação dos trabalhos das pastorais e reflexão sobre o 21º Grito dos Excluídos.
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