quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Natal secularizado?

Pe. Cristóvão Dworak, CSsR - Redentorista – Diocese de Itabuna
O Natal é a maior, depois da Páscoa, festa religiosa dos cristãos. Mas, passaram–se os tempos, em que o Natal era unicamente a memória do Mistério da Encarnação, celebrada pelos católicos, ortodoxos e protestantes. Os processos da secularização atingiram também a Igreja com suas celebrações, festas, tradições e costumes.

Segundo alguns especialistas do comportamento do mercado, no calendário comercial, o Natal figura como um dos momentos mais fortes para aquecimento do comercio, seguido do Dia das Mães, do Dia dos Namorados e do Dia dos Pais. O crescente secularismo tende não tanto a extinguir o Natal, apesar de que haja tendências cada vez mais fortes para tirar a data do nascimento de Jesus como referência da marcação do tempo na cultura Ocidental, mas a mudar seu sentido, aproveitando-se da sua força simbólica. O São Nicolau foi trocado por papai Noel acompanhado de renas e duendes. O presépio, como provável invenção catequética de São Francisco de Assis, passou a fazer parte da ornamentação dos shoppings centers, onde desapareceu, quase por completo, a imagenzinha do Menino Jesus. Os cantos natalinos, que faziam parte integrante das celebrações natalinas e fortaleciam a fé dos cristãos reunidos nas igrejas, como testemunhava Santo Agostinho, hoje, viraram um belo acessório comercial cantado nas praças de alimentação, nos bancos, nas salas de concertos, etc. A ornamentação natalina, ajustada aos fins comerciais, tende a invadir os espaços celebrativos! Em muitos casos não há mais diferença entre uma igreja e um hall comercial.

Uma das canções natalinas brasileiras, composta por Ana Yara Campos diz: “Menino Jesus eu só queria lhe pedir que interrompesse todo mundo pra chamar sua atenção. Conte-nos de novo sua história pra que fique na memória o verdadeiro sentimento do Natal”.

Há, de fato, uma necessidade de reencontrar o verdadeiro sentido das festas natalinas. Não é o nosso objetivo aqui reclamar do mercado que instrumentalizou com maestria os sentimentos religiosos do Natal. Cabe, porém, aos cristãos, valorizar as tradições natalinas e reforçar mais ainda o verdadeiro significado do mistério do Natal, criando um clima de jubilosa contemplação do mistério do nascimento daquele, que se “fez carne” e veio para que nele todos tenham a vida em plenitude (Jo 1, 14; 10,10). E faremos isso valorizando as celebrações do Advento, e da Novena Natal em Família, que antecedem o Natal. Faremos isso preparando com esmero as belas liturgias deste tempo litúrgico, entoando os cantos natalinos e promovendo Oratórios do Natal. Faremos isso cuidando de uma decoração adequada, onde não faltará um belo presépio. Faremos isso quando acorreremos, como pastores e reis magos ao encontro com Aquele, sem o qual, tudo isso teria verdadeiro sentido.

Pe. Cristóvão Dworak, CSsR
Redentorista – Diocese de Itabuna

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