A operação desencadeada para submeter o Tribunal de Contas da União à vontade dos delinquentes no poder é, simultaneamente, um tapa na cara do Brasil decente, uma afronta ao Estado Democrático de Direito e outra prova material de que segue em vigor o primeiro mandamento da seita que tem em Lula seu único deus: não há limites para a canalhice.
Imobilizar o xerife e livrar o bandido do castigo iminente ─ é essa, em sua essência, a estratégia que orienta a manobra concebida para afastar do processo o relator Augusto Nardes. É mais que uma chicana de deixar ruborizado qualquer rábula de porta de cadeia. É coisa de quadrilheiro transformado em roteirista de um faroeste à brasileira. É, sobretudo, a confissão de culpa que encerra o assunto.
Só procura mudar as regras do jogo em andamento gente que se sabe condenada à derrota. O golpe tramado no Planalto para impedir (ou ao menos adiar) o julgamento da contas de 2014 comprova que o estoque de espertezas dos bacharéis governistas se esgotou. As desculpas esfarrapadas e os álibis mambembes forjados por Dilma Rousseff e seus doutores foram demolidos pelos fatos.
Não há como contestar o conteúdo devastador do relatório do ministro Augusto Nardes. Infestadas de vigarices, ilegalidades orçamentárias e bandalheiras fiscais, as contas analisadas por Nardes seriam reprovadas até num exame de admissão ao Jardim da Infância. Decidida a permanecer no emprego, Dilma resolveu fazer o diabo para escapar da provável nota zero que vai reduzir a distância que a separa do cadafalso.
Ao meter-se na conspiração forjada para algemar o TCU, desonrou mais uma vez o cargo que ocupa e ampliou a lista de motivos para apressar o impeachment. Quem apunhala o regime democrático para esconder pedaladas criminosas não pode exercer o direito de ir e vir no coração do poder.
Nenhum comentário:
Postar um comentário