sábado, 7 de outubro de 2017

Ideologia de gênero procura apagar diferenças entre homem e mulher

Papa durante o seu encontro. Foto: L'Osservatore Romano

Por Álvaro de Juana

Vaticano, 05 Out. 17 (ACI).- O Papa Francisco criticou a ideologia de gênero ao denunciar que se reabriu “o caminho para a dignidade da pessoa neutralizando radicalmente a diferença sexual e, portanto, a compreensão do homem e da mulher não é correta”.

“Em vez de contrastar as interpretações negativas da diferença sexual, que mortificam seu valor irredutível para a dignidade humana, deseja-se cancelar o fato de tal diferença, propondo técnicas e práticas que a tornam irrelevante para o desenvolvimento da pessoa e para as relações humanas”.

Em um encontro com a Assembleia Plenária da Pontifícia Academia para a Vida, no Vaticano, presidida por Dom Vincenzo Paglia, o Papa fez uma entusiasmada defesa da vida e alertou contra movimentos que tentam mudar sua realidade.

Francisco criticou que “a utopia do ‘neutro’, remove seja a dignidade humana da constituição sexualmente diferente, seja a qualidade pessoal da transmissão generativa da vida”.

“A manipulação biológica e psíquica da diferença sexual, que a tecnologia biomédica permite vislumbrar como totalmente disponível à escolha da liberdade – enquanto não o é! – corre o risco assim de desmontar a fonte de energia que alimenta a aliança do homem e da mulher e a torna criativa e fecunda”.

O Bispo de Roma também deixou claro que, quando recebemos a vida como um dom, esta “nos regenera”, porque “nos enriquece”, e advertiu que, se essa realidade for rechaçada, “a nossa história não será renovada”.

Além disso, pediu para cuidar dos diversos estágios da vida, especialmente as crianças e idosos. “Uma sociedade na qual tudo isso só pode ser comprado e vendido, burocraticamente regulado e tecnicamente predisposto, é uma sociedade que já perdeu o sentido da vida”.

Em sua opinião, por isso “constroem cidades cada vez mais hostis às crianças, e comunidades mais inóspitas para os idosos, com muros sem portas e janelas” que, em vez de “proteger, na verdade sufocam”.

Fratura geracional

Por outro lado, o Pontífice refletiu sobre as novas tecnologias e a sua relação com a vida e falou acerca do “poder” das biotecnologias, “que agora permitem manipulações da vida até ontem impensáveis”.

“É urgente intensificar o estudo e o confronto sobre os efeitos de tal evolução da sociedade no sentido tecnológico para articular uma síntese antropológica que esteja à altura deste desafio do nosso tempo”.

“A inspiração de condutas coerentes com a dignidade humana diz respeito à teoria e à prática da ciência e da técnica em sua abordagem em relação à vida, ao seu sentido e valor”.

Francisco denunciou que o homem parece estar “na rápida disseminação de uma cultura obsessivamente centrada na soberania do homem em relação à realidade”.

Em seguida, denunciou a “egolatria”, isto é, “uma verdadeira adoração do ego”. “Esta perspectiva não é inofensiva, mas ela plasma um sujeito que olha constantemente para o espelho, até se tornar incapaz de dirigir o olhar para os outros e para o mundo”.

Além disso, denunciou o “materialismo tecnocrático” do qual sofrem mulheres e crianças em todo o mundo e reafirmou a ideia de que “um autêntico progresso científico e tecnológico deveria inspirar políticas mais humanas”.

Diante desta situação, “o mundo precisa de crentes que, com seriedade e alegria, sejam criativos e propositivos, humildes e corajosos, resolutamente decididos a recompor a fratura entre as gerações”.

“A condição adulta é uma vida capaz de responsabilidade e amor, seja em direção da geração futura seja em direção daquela passada. A vida dos pais e das mães em idade avançada, espera-se, seja honrada pelo que generosamente deu, não ser descartada por aquilo que não tem mais”.


Teologia da Criação 

Francisco sublinhou a importância de uma teologia da Criação e da Redenção que “saiba se traduzir em palavras e gestos do amor por cada vida e por toda vida”.


Por isso, recordou que o relato bíblico da Criação precisa ser “reeleito novamente” para “apreciar toda a amplitude e profundidade do gesto do amor de Deus que confia à aliança do homem e da mulher na criação”.

“Esta aliança certamente é selada pela união de amor, pessoal e fecundo, que marca o caminho da transmissão da vida através do matrimônio e da família”.

O Papa também afirmou que “o homem e a mulher são chamados não apenas a falar-se de amor, mas a falar-se com amor, do que eles devem fazer para que a convivência humana se realize na luz do amor de Deus por cada criatura”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário