O desencanto do povo com um governo após determinado tempo no poder não é algo que possa ser propriamente entendido como o um fenômeno, Em países democráticos, qualquer governo que perdure por mais de dez anos sofre um desgaste natural perante a opinião pública.
Isto ocorre pelo simples fato de que dez anos ou mais é tempo mais que suficiente para que qualquer governo coloque em prática pelo menos parte de tudo aquilo que prometeu. Este fenômeno ocorre com certa regularidade nos Estados Unidos em intervalos menores, compreendidos entre oito anos ou dois mandatos consecutivos para cada governo. Na Europa, os exemplos de Margareth Thatcher que comandou a Inglaterra por 11 anos e Felipe González, que comandou a Espanha durante 13 anos e meio, também deixaram o poder chamuscados pelo desgaste de um longo período.
Já o caso do PT é bem diferente dos demais exemplos no mundo. Ao contrário de seus outros pares, que enfrentaram períodos de crises econômicas severas e escaladas no desemprego, Lula e Dilma surfaram na onda das commodities supervalorizadas e colheram os frutos de uma economia recém estabilizada que recebeu os maiores investimentos mundiais em décadas.
Quando Lula chegou ao poder em 2002, milhares de players mundiais haviam acabado de desembarcar no Brasil. E foi justamente durante seu governo que empresas como Toyota, Honda, Wal Mart, Samsung, HP e multinacionais dos mais diferentes setores começaram efetivamente a contratar mão de obra.
Lula enfrentou apenas uma grande crise mundial em 2008, mas, a exemplo de outros países emergentes, o Brasil logo se recuperou justamente em virtude do alto valor das commodities no mercado internacional. Com a economia recuperada, Lula conseguiu eleger sua sucessora com relativa facilidade em 2010.
Como no resto do mundo, a extensão do governo Lula, administrada pela ex-presidente Dilma Rousseff, começou a enfrentar a maldição de mais de dez anos de governo justamente em junho de 2013, com as mega manifestações populares que tomaram as ruas do Brasil. Aquele era o começo do declínio de um longo período de governos petistas. Seria o momento certo de seguir o exemplo do resto do mundo e jogar a toalha.
Entretanto, o início do repúdio popular contra os governos petistas começou bem antes de um dos eventos que mais marcariam as administrações de Lula e Dilma: a Operação Lava Jato. O processo de desgaste que já havia começado em junho de 2013 seria incrementado por uma série de denúncias de corrupção envolvendo os governos petistas em esquemas de corrupção na Petrobras.
Comprometidos até os ossos com esquemas ilícitos, Lula e Dilma não tinham como recuar e apostaram tudo em uma campanha suja e irrigada por milhões em dinheiro roubado da Petrobras. Era o tudo ou nada para deter o avanço da Lava Jato. Dilma e o PT lançaram mão de uma agressiva campanha eleitoral totalmente baseada na mentira e no despejo de milhões nos caixas de campanha de seus aliados políticos. PMDB, PP, PDT, PSOL, PCdoB e outras legendas receberam milhões em propina para seus candidatos. A Odebrecht destinou milhões em propinas para vários partidos para garantir mais tempo no horário eleitoral na TV para Dilma.
O PT venceu mais uma eleição, mas a um custo muito alto em termos de desgaste perante a opinião pública e em captação de recursos ilícitos junto a empresários corruptos. Se o partido já vinha sofrendo um desgaste natural em virtude do longo período no poder, a campanha suja, as mentiras e a revelação de tantos esquemas de corrupção acabaram acelerando o processo de repúdio popular a níveis insuportáveis. Dilma acabou se tornando alvo de um processo de impeachment que culminou na perda de seu mandato.
De lá para cá, o PT não conseguiu mais nem um feito a ser comemorado. O partido sofreu uma derrota esmagadora nas eleições municipais e conseguiu eleger apenas um prefeito entre as capitais, ficando apenas com Rio Branco, no Acre.
Como não há nada de ruim neste mundo que não possa piorar um pouquinho, o ex-presidente Lula se tornou réu em cinco ações penais, a ex-presidente Dilma se tornou ré no STF e alvo de pedidos de inquéritos que vão colocá-la em cima da mesa do juiz federal Sérgio Moro. Vários petistas ilustres foram presos, como o ex-ministro Antonio Palocci e mais três ex-tesoureiros do partido.
Pipocaram acordos de delação premiada, nos quais empresários e marqueteiros revelaram toda a podridão entranhada nos governos de Lula e Dilma. Os desgastes que tiveram início em 2013 foram amplificados de forma irreversível ao longo dos últimos quatro anos. Desde então, os índices de rejeição contra o ex-presidente Lula e o PT alcançaram níveis que tornam qualquer candidatura majoritária no partido inviável eleitoralmente.
O profundo desgaste sofrido pelo PT ainda vai se agravar ainda mais nas próximas eleições. O partido deve perder seus oito senadores, mais da metade dos deputados federais e todos os governadores. Mas as más notícias vão além de 2018, quando o partido sairá das eleições praticamente anêmico: Lula e Dilma podem ir parar atrás das grades e dificilmente o PT conseguirá se livrar da pecha de sinônimo de corrupção.
Ao contrário do que ocorre com outros partidos ao redor do mundo, que perdem eleições após longos períodos de governo, mas acabam voltando ao poder, o PT deve morrer logo após as próximas eleições majoritárias. O partido já ficou conhecido entre as pessoas minimamente informadas como uma organização criminosa. A relação incestuosa do PT com a Odebrecht, Friboi e desvios na Petrobras e no BNDES são fatores que dificilmente serão esquecidos pelo grande público.
O problema é que quanto mais jovem o indivíduo, maior é esta convicção. O partido tem adotado políticas para reverter a situação, mas sem obter bons resultados. Segundo pesquisas, mais de 90% dos jovens entre 16 e 21 anos concordam que o PT é o partido mais corrupto da história do país. Ou seja, o PT não tem futuro.
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