O metalúrgico
Folha de São Paulo
O Partido dos Trabalhadores que, antes da condenação de João Paulo Cunha por corrupção passiva e peculato, dizia confiar na Justiça brasileira- agora acusa ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) de participar de um "golpe" em parceria com "a mídia conservadora". O discurso, verbalizado pelo eminente presidente do PT, Rui Falcão, além de demonstrar bem o pânico do partido com o que pode ocorrer com José Dirceu, José Genoino e companhia, é uma boa medida da decepção de Lula com ministros escolhidos por ele para o STF.
O ex-presidente considera-se traído. Embora seja difícil imaginar -após todos esses anos de lulismo- que alguém ainda se surpreenda com as suas concepções sobre a política e os deveres republicanos, vale a pena discorrer um pouco sobre o assunto.
Para o ex-presidente, valores como companheirismo e gratidão são muito mais importantes do que os princípios da independência entre os Poderes e da imparcialidade, e o espírito público. Como alguém pode julgar em desacordo com os seus interesses após ter sido beneficiado pela sua generosidade?
Lula sempre enxergou o mundo a partir do seu próprio umbigo. Quem não está com o ex-presidente evidentemente só pode estar contra ele. Não existe meio-termo. Isso vale para qualquer um. Correligionários que o desobedeceram foram expulsos do partido. Órgãos de imprensa e jornalistas que ousam criticá-lo são tratados como "corruptos" e "vagabundos" nos blogs e sites que estão a seu serviço. E magistrados agora são chamados de golpistas pelo PT. Ao atacar ministros do Supremo, Rui Falcão fez um alerta em tom de ameaça: "Não mexam com o PT. Quando o PT é provocado, ele cresce, ele reage". É difícil entender o que o presidente do partido de Lula quer dizer exatamente com isso. Mas é bom ficar atento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário