Artilharia caseira – Enquanto Lula adota um silêncio sepulcral por causa da repercussão dos escândalos que envolvem seu nome, o PT vive um racha cujas fissuras são expostas publicamente. E o fogo amigo vem do Rio Grande do Sul, como se fosse uma espécie de Revolução Farroupilha partidária.
Há dias, o ex-governador Olívio Dutra, que foi ministro de Lula, criticou duramente a decisão do companheiro José Genoino, condenado à prisão no escândalo do Mensalão do PT, de tomar posse na Câmara dos Deputados. A fala de Dutra repercutiu fortemente nos bastidores petistas e causou constrangimento entre as diversas facções da legenda. Quem mais perdeu com essa crítica de Olívio Dutra foi o próprio Lula, que não apenas endossou a decisão de Genoino, como disse que era preciso partir para o embate político.
Passada a saia justa envolvendo José Genoino, agora é a vez de o governador gaúcho Tarso Genro (foto acima)partir para o ataque. Em entrevista ao jornal “O Globo”, Genro questionou a atuação de José Dirceu, também condenado à prisão pelo Supremo Tribunal Federal, como consultor de empresas e dirigente partidário.
“O fato é que toda essa situação significa que o PT tem de instituir regras muito rígidas em relação aos seus dirigentes, seus quadros e seus vínculos com empresas privadas. É totalmente incompatível dirigente partidário continuar se apresentando como tal e sendo ao mesmo tempo consultor de grandes negócios. Porque quando esta pessoa fala dentro do partido, quem está falando? É o dirigente ou o consultor? Essa regra não deve valer só para o PT, não estou me fixando em nenhum caso específico. Essas relações são sempre perigosas”.
É de conhecimento público que Tarso Genro nunca morreu de amores por José Dirceu, que sempre manteve sob seu controle do Partido dos Trabalhadores e o próprio Lula. Acontece que agora o ataque de Tarso foi mais duro e direto, apesar das evasivas que marcaram sua declaração.
A atuação de José Dirceu como consultor surgiram depois que ele foi apeado da Casa Civil e perdeu o mandato de deputado federal na esteira do escândalo do Mensalão do PT. É preciso lembrar que no rol de clientes do ex-ministro estão empresas que podem ter contribuído para reforçar o criminoso caixa do Mensalão, o maior escândalo de corrupção da história nacional, que foi arquitetado na sala contígua ao gabinete de Lula, que jamais soube de qualquer coisa.
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