segunda-feira, 21 de março de 2011

FREI LEÃO DE MAROTTA (FREI LEÃO RICCI)

Frei Leão de Marota (Frei Leão Ricci)

Frei Leão de Marotta (nome religioso que conservou até 1970, passando a ser chamado de Frei Leão Ricci), nasceu na cidade de Marotta (PE), Itália, no dia 2 de julho de 1914; seus pais: Giuseppe Ricci e Anunziata Gheti; no batismo, recebeu o nome de Sinibaldo Ricci; entrou no seminário capuchinho de Pêsaro (Itália) em 1923; em 1927, foi transferido para o seminário capuchinho de Fermo. Iniciou o noviciado no convento de Camerino (Itália) em 3 de julho de 1929, recebendo o nome de Frei Leão de Marotta (Fra Leone da Marotta); proferiu os votos temporários em 14 de julho de 1930 e fez a profissão solene (votos perpétuos) em 4 de agosto de 1935 na cidade de Loreto (AN) – Itália; cursou a Filosofia em ancona (AN) e Teologia em Loreto; recebeu o diaconato em 13 de março de 1937, pelas mãos de Dom Gaetano Malchiodi e foi ordenado sacerdote no dia 11 de julho do mesmo por Dom Francesco Borgongini Duca, Núncio Apostólico da Itália.
Igreja e convento N.S. da Piedade - Salvador - Bahia

Terminados os estudos e ordenado sacerdote, veio para o Brasil como missionário em 1938. Residindo no Convento da Piedade, em salvador (BA), foi professor de Teologia Moral e Direito Canônico dos estudantes capuchinhos de 1940 a 1952; foi assistente da Custódia da Bahia e Sergipe de 1946 a 1948; em 1952 foi eleito Custódio Provincial, exercendo a função até 1956.
Terminada a missão de Custódio Provincial, Frei Leão foi transferido de Salvador para Alagoinhas – BA, sendo vigário da comunidade e pároco da Paróquia de Santo Antônio de 1952 a 1962.
Em 1963, volta ao Convento da Piedade em Salvador, como diretor da Escola Gráfica Nossa Senhora de Loreto, cargo que exerceu até 1965.

Igreja e convento capuchinho de Esplanada - Bahia

Transferido para o convento de Esplanada, exerce as funções de pároco e de diretor da Escola Agrícola de 1966 a 1968.

Em 1969, é transferido para fraternidade de Alagoinhas onde permaneceu pelo resto de sua vida, desempenhando uma missão muito importante nessa cidade, deixando pelo exemplo de vida e testemunho de fé, marcas inesquecíveis no coração das pessoas que o conheceram.

Igreja São Francisco de Assis (capuchinhos) - Alagoinhas - Bahia


Chega a Alagoinhas com a nomeação de superior e ecônomo da fraternidade – missão exercida até 1971; continuou como Diretor Assistente da Ordem Franciscana Secular (OFS) e Vigário Paroquial; de 1978 a 1980, foi Vigário da Fraternidade; de 1981 a 1986, foi novamente Superior da fraternidade; de 1986 a 1987, foi Vigário Paroquial.

Frei Leão celebrando a Eucaristia

Somando os anos passados por Frei Leão em Alagoinhas, temos um total de 29 anos.
Quando foi superior a primeira vez, inaugurou o altar mor e os laterais da igreja de São Francisco, dando por concluías a obas daquele templo.
Durante toda sua permanência em Alagoinhas, ele soube conciliar o seu zelo de pastor que cuida a parte religiosa com o seu zelo pela parte social. Sua visão não era a de “salvar a alma” das pessoas, mas a pessoa toda – corpo e alma; matéria e espírito.
Quando foi pároco – a cidade toda era uma paróquia -, não havia água encanada na cidade; as pessoas pobres tinham dificuldades em conseguir água para o uso. Foi então que o pároco teve a iniciativa de construir um chafariz no bairro então denominado Favela (hoje, Santo Antônio).
Também, nem todos os alunos conseguiam matriculas nas escolas públicas, não havia escolas municipais. Logo, o Frei fundou as escolas paroquiais; a primeira funcionava em uma sala ao lado da sacristia da antiga igreja matriz; depois, fundou uma escola paroquial no referido bairro da Favela; deu continuidade ao Rosário da Caridade – instituição de caridade fundada por Frei Caetano de Altamira.
Foi obra sua o início da construção da nova igreja matriz de Santo Antônio, deixando quase concluída – hoje Catedral.
Deixando a função de pároco, não parou com as atividades sociais: Como Vigário Paroquial da Paróquia são Francisco de Assis e responsável pela comunidade de Alagoinhas Velha, organizou cursos profissionalizantes, como corte e costura, bordado, culinária e artesanato. Para esses cursos, contou com a ajuda de uma religiosa franciscana imaculatina, Irmã Laura, italiana; depois, fundou uma creche para crianças filhas de mães de baixa renda. Para expandir as atividades, fundou o Centro Comunitário de Alagoinhas Velha.

Lar Franciscano Emma Barbetti.


Frei Leão sempre se preocupou com os mais pobres e com os idosos abandonados. Como diretor assistente da Ordem Franciscana Secular (OFS), vendo entre elas muitas ancas desamparadas, penou em fundar uma instituição para abrigá-las na velhice. Com a ajuda da OFS e de pessoas amigas, adquiriu uma casa e aí começou a abrigar as franciscanas idosas desamparadas, dando o nome de Lar Franciscano. Como foi aparecendo a procura de abrigo por parte de outras idosas desamparadas que não eram franciscanas, surgiu a necessidade de ampliar as acomodações, construindo outro galpão no quintal da antiga casa. Por exigência das leis foi preciso legalizar essa instituição dando-lhe estatutos próprios. Assim nasceu legalmente o “Lar Franciscano Emma Barbetti”. Uma “sociedade civil, de fins filantrópicos, de caráter beneficente, educativo, cultural de assistência social, que tem por finalidade assistir à velhice em geral e, de modo especial, a velhice pobre e desamparada”. Sua fundação oficial data de 20 de setembro de 1971. O nome Emma Barbetti é em homenagem a uma italiana cunhada de Frei Leão que muito o ajudou na construção e manutenção da obra.
Não só a população alagoinhense em geral reconhecia o amor e dedicação do religioso a sua gente, mas também os poderes públicos. A Câmara Municipal de Vereadores de Alagoinhas concedeu ao Frei Leão o título de Cidadão Honorário de Alagoinhas, em reconhecimento do seu compromisso com a comunidade.
Frei Leão não dirigia automóvel. Suas andanças na cidade, pelos bairros e até zona rural eram feitas, de início, em bicicleta. Depois, deram-lhe de presente um motociclo denominado “motoneta”, um tipo de “mobilette”. Anos depois, deram-lhe uma motocicleta italiana tipo “Lambretta”. A “lambretta de Frei Leão” tornou-se popular em Alagoinhas.
O religioso querido de todos veio a falecer no Hospital São Rafael em Salvador no dia 24 de outubro de 1987. Sua morte foi causada por um acidente de trânsito, justamente no dia e no momento em que ele se deslocava do convento para a inauguração da creche, por ele fundada, no bairro de Alagoinhas Velha. Um carro que vinha saindo de uma rua transversal colidiu com sua “lambretta”. No choque, ele fraturou o fêmur. Sendo conduzido ao Hospital em Salvador, passou por uma intervenção cirúrgica bem sucedida; mas, dois dias depois, começou a passar mal, deixando os médicos preocupados com o seu estado, nada puderam fazer para evitar o óbito. Suas exéquias foram realizadas na igreja de São Francisco, em Alagoinhas.

Igreja de Santo Antônio - Alagoinhas Velha


Seu corpo foi sepultado no interior da Igreja de Santo Antônio em Alagoinhas Velha. Uma multidão imensa assistiu pesarosa as últimas homenagens prestadas a esse religioso que tanto amou e serviu a Alagoinhas. Faleceu aos 73 anos de idade e 50 de sacerdócio.

11 comentários:

  1. Um fiel servo de Deus. Um santo homem íntegro que dedicou sua vida pelos menos favorecidos. Deus o conserve em sua glória

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  2. Frei muito querido. Foi quem me batizou e também quem celebrou meu casamento.

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  3. Meu amigo querido aquele a quem devo muito a orientação espiritual desde criança. TodA a minha família tínhamos um carinho muito especial por este grande sacerdote e missionário.

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  4. Uma grande perda para nossa religião, um grande exemplo de sacerdote e ser humano, muitas saudades, conheci desde quando me entendo por gente.

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  5. Lembro de Frei Leão. Um amor de pessoa. Muito gentil com as crianças .

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  6. Convivi na minha infância e adolescencia!! Homem bom e franciscano que só pensava nos menos favorecidos.

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  7. Iniciou a construção da Igreja Matriz do.padroeiro da cidade Santo António.

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  8. E um padre de muita fé trabalhou com os pobres e fiz uma uma caminhada de amor ajudando a quem precisam de ajuda e o amor de trabalho em Cristo no céu estar a sua alma é um anjo de candura amém

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  9. Saudosa e gratificante lembrança!
    Deus seja louvado.

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  10. Parabéns Juciara pelo esse documentário tão importante para nós, católico franciscano, tive o cuidado de ler com muita atenção os bons momentos de caridade desse religioso.

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  11. Desde Argentina..nuestra fuerza y bendición a un ser tan amado por nuestros hermanos de Brasil..es el deseo de Osvaldo y Adriana...q .

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