Com um duro discurso onde classificou o governador Jaques Wagner de omisso e de não defender os interesses da Bahia, o deputado Paulo Azi, presidente estadual do Democratas, pediu a revogação da resolução que autoriza a desativação da ferrovia de Alagoinhas, durante audiência pública realizada nesta terça-feira, 10, pela comissão de Infraestrutura e Desenvolvimento Econômico da ALBA. “ Sugiro que o governo federal revogue essa resolução ou então coloque no papel a promessa que vem divulgando de não desativar a ferrovia antes de fazer um novo atendimento à cidade”, disse incisivo Azi, conclamando as lideranças da região a assinarem um documento solicitando do governo tal compromisso.
Preocupado, o democrata apontou contradições entre a fala do representante da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), presente na audiência, e o que diz a resolução a respeito da desativação de trechos baianos que cortam importantes cidades como Alagoinhas. “ A ANTT nos diz aqui que a ferrovia de Alagoinhas é viável economicamente e que o novo traçado será praticamente igual ao traçado atual. Porém o que está escrito na resolução é outra coisa. Ela autoriza, inclusive, a retirada dos trilhos”, reforçou Azi, ponderando que confia na palavra do ministro César Borges, que é baiano e durante audiência em Brasília, da qual participou, garantiu não desativar a ferrovia antes de uma nova alternativa. “Confio na palavra do ministro mas quem nos garante que o ministro continuará na pasta?”, indagou lembrando que a lógica do novo traçado é política e econômica. “Quando se diz que os traçados que estão sendo estudados privilegiam o eixo para levar cargas ao Rio de Janeiro e ao Porto de Recife, nada mais é que uma decisão política do governo federal e que exige do governador Wagner a defesa dos interesses da Bahia.”, instigou, defendendo o combate ostensivo da oposição contra a inércia do governo baiano. “Estamos observando ao longo dos últimos anos a Bahia perder os maiores investimentos de infraestrutura para Pernambuco e Ceará” , lamentou.
Paulo Azi ainda se reportou à precária situação em que vivem as ferrovias baianas, fruto, segundo ele, de um modelo de concessão obsoleto adotado pelo ex-presidente Lula. “ Não se pode conceber um processo de concessão e privatização que apenas transfira o patrimônio público para a exploração da iniciativa privada sem exigir as devidas compensações e contrapartidas em investimentos naquele patrimônio que foi concedido”, disparou, criticando, inclusive, a herança do governo FHC. “ Fernando Henrique Cardoso fez isso, fez errado e o atual governo do PT – é bom que se diga – aceitou esse modelo, não cancelou essas concessões e se utilizou de um modelo parecido para continuar entregando o patrimônio público para a iniciativa privada”, disse, citando o exemplo da BR 324, entregue à Via Bahia que, segundo afirmou, cobra pedágio aos baianos sem realizar os investimentos necessários na rodovia.
(Redação / Samuelita Santana)
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