Erro estratégico – A cúpula do Partido dos Trabalhadores já sente os efeitos colaterais da desastrada operação criada pelos mensaleiros para arrecadar fundos com o objetivo de pagar as multas decorrentes do julgamento da Ação Penal 470, que teve como ementa o maior e mais ousado escândalo de corrupção da história nacional.
Com a decisão de valer-se desse tipo de estratégia, o PT despertou não apenas no Judiciário, mas na opinião pública, a suspeita sobre a origem do dinheiro arrecadado. Ao questionar o fato e afirmar que as penas são intransferíveis, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, colocou na linha de tiro um assunto polêmico, transformado rapidamente em armadilha, na qual os petistas caíram com muita facilidade. Não há o que se questionar em relação ao posicionamento do ministro do STF, que age de acordo com o que determina a legislação brasileira em vigor.
O grande equívoco do PT foi colocar o senador Eduardo Suplicy para debater o tema com o ministro Gilmar Mendes. No momento em que questiona se Mendes usou a razão para julgar o processo do Mensalão do PT, Suplicy, conhecido por seus devaneios, coloca o partido mais uma vez em situação de dificuldade, empurrando para as eleições de outubro a vocação dos petistas para a delinquência política.
Não há mais o que se questionar no âmbito da Ação Penal 470, que caminha para o seu capítulo final com o julgamento dos embargos infringentes, que dependendo da decisão pode agravar ainda mais a situação dos mensaleiros presos. Para o PT o cenário pode tornar-se ainda mais complexo, pois cresce a cada dia, entre os ministros da Suprema Corte, a sensação de que é preciso desdobrar o processo do Mensalão do PT.
Caso prevaleça o entendimento da maioria dos ministros, o PT terá problemas muito maiores e mais sérios do que os que marcaram primeira fase do processo. Há nos bastidores do escândalo detalhes que podem aumentar o número de condenados, inclusive com direito a temporada atrás das grades. Isso porque é impossível não identificar a conexão entre o Mensalão do PT, a Operação Satiagraha e o caso do brutal assassinato de Celso Daniel, então prefeito de Santo André.
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