O Jornal Nacional dá sequência à série de entrevistas com os principais
candidatos à Presidência da República, em que nós abordamos questões
polêmicas das candidaturas e o desempenho deles em cargos públicos. O
Bom Dia Brasil e o Jornal da Globo também vão receber os candidatos nas
próximas semanas.
O tempo total da nossa entrevista é de 15 minutos, dos quais nós reservamos, mais uma vez, o último minuto e meio para que o candidato fale resumidamente sobre os projetos que ele considera prioritários se for eleito. E hoje nós recebemos Marina Silva, do PSB.
William Bonner: Boa noite, candidata.
Marina Silva: Boa noite, William. Boa noite, Patrícia.
William Bonner: Muito obrigado pela sua presença. O
tempo da entrevista começa a ser contado a partir de agora. Candidata, o
avião que o PSB vinha utilizando na campanha eleitoral, até aquele
acidente trágico de duas semanas atrás, está sendo investigado pelas
autoridades competentes. Ele foi objeto de uma transação milionária
feita por meio de laranjas. Essa transação não foi informada na
prestação de contas prévia, parcial, à Justiça Eleitoral. A senhora tem
dito que vai inaugurar uma nova forma de fazer política, que todo
político tem que ter certeza absoluta da correção de seus atos. No
entanto, a senhora usou aquele avião como teria feito qualquer
representante daquilo que a senhora chama de velha política. Eu lhe
pergunto: a senhora procurou saber que avião era aquele, quem tinha pago
por aquele avião, ou a senhora confiou cegamente nos seus aliados?
Marina Silva: Nós tínhamos, William, uma informação de que era um empréstimo, que seria feito um ressarcimento, num prazo legal, que pode ser feito, segundo a própria Justiça Eleitoral, até o encerramento da campanha. E que esse ressarcimento seria feito pelo comitê financeiro do candidato. Existem duas formas, três formas, aliás, de fazer o provimento da campanha: pelo partido, pelo comitê financeiro do candidato e pelo comitê financeiro da coligação. Nesse caso, pelo comitê financeiro do candidato. Essas informações eram as informações que nós tínhamos.
William Bonner: A senhora sabia dos laranjas? Essa informação foi passada para a senhora como candidata a vice-presidente?
Marina Silva: Não tinha nenhuma informação quanto a qualquer ilegalidade referente à postura dos proprietários do avião.
Marina Silva: Nós tínhamos, William, uma informação de que era um empréstimo, que seria feito um ressarcimento, num prazo legal, que pode ser feito, segundo a própria Justiça Eleitoral, até o encerramento da campanha. E que esse ressarcimento seria feito pelo comitê financeiro do candidato. Existem duas formas, três formas, aliás, de fazer o provimento da campanha: pelo partido, pelo comitê financeiro do candidato e pelo comitê financeiro da coligação. Nesse caso, pelo comitê financeiro do candidato. Essas informações eram as informações que nós tínhamos.
William Bonner: A senhora sabia dos laranjas? Essa informação foi passada para a senhora como candidata a vice-presidente?
Marina Silva: Não tinha nenhuma informação quanto a qualquer ilegalidade referente à postura dos proprietários do avião.
William Bonner: Eu lhe pergunto isso...
Marina Silva: As informações que tínhamos eram
exatamente aquelas referente à forma legal de adquirir o provimento
desse serviço. Agora, uma coisa que eu quero dizer para todos aqueles
que estão nos acompanhando é que, para além das informações que estão
sendo prestadas pelo partido, há uma investigação que está sendo feita
pela Polícia Federal. E o nosso interesse e a nossa determinação é de
que essas investigações sejam feitas com todo o rigor para que a
sociedade possa ter os esclarecimentos e para que não se cometa uma
injustiça com a memória de Eduardo.
William Bonner: Candidata, quando os políticos são confrontados ou cobrados por alguma irregularidade, é muito comum que eles digam que não sabiam, que foram enganados, que foram traídos, que tudo tem que ser investigado, que se houver culpados, eles sejam punidos. Este é um discurso muito, muito comum aqui no Brasil. E é o discurso que a senhora está usando neste momento. Eu lhe pergunto: em que esse seu comportamento difere do comportamento que a senhora combate tanto da tal velha política?
Marina Silva: Difere no sentido de que esse é o discurso que eu tenho utilizado, William, para todas as situações. Inclusive quando envolve os meus adversários. E não como retórica, mas como desejo de quem de fato quer que as investigações aconteçam. Porque o meu compromisso e o compromisso de todos aqueles que querem a renovação da política é com a verdade. E a verdade, ela não virá nem apenas pelas mãos do partido e nem, também, apenas pela investigação da imprensa. Que eu respeito o trabalho de vocês. Ela terá que ser aferida pela investigação que está sendo feita pela Polícia Federal. Isso não tem nada a ver com querer tangenciar ou se livrar do problema. Muito pelo contrário, é você enfrentar o problema para que a sociedade possa, com transparência, ter acesso às informações.
William Bonner: Candidata, quando os políticos são confrontados ou cobrados por alguma irregularidade, é muito comum que eles digam que não sabiam, que foram enganados, que foram traídos, que tudo tem que ser investigado, que se houver culpados, eles sejam punidos. Este é um discurso muito, muito comum aqui no Brasil. E é o discurso que a senhora está usando neste momento. Eu lhe pergunto: em que esse seu comportamento difere do comportamento que a senhora combate tanto da tal velha política?
Marina Silva: Difere no sentido de que esse é o discurso que eu tenho utilizado, William, para todas as situações. Inclusive quando envolve os meus adversários. E não como retórica, mas como desejo de quem de fato quer que as investigações aconteçam. Porque o meu compromisso e o compromisso de todos aqueles que querem a renovação da política é com a verdade. E a verdade, ela não virá nem apenas pelas mãos do partido e nem, também, apenas pela investigação da imprensa. Que eu respeito o trabalho de vocês. Ela terá que ser aferida pela investigação que está sendo feita pela Polícia Federal. Isso não tem nada a ver com querer tangenciar ou se livrar do problema. Muito pelo contrário, é você enfrentar o problema para que a sociedade possa, com transparência, ter acesso às informações.
William Bonner: Candidata...
Marina Silva: O compromisso é com a verdade.
William Bonner: Agora, é que a senhora tem uma postura
bem rigorosa no que diz respeito à ética, no discurso, quando a senhora
se dirige aos seus adversários. Esse rigor ético que a senhora exige
dos seus adversários nos faz perguntar e insistir se a senhora antes de
voar naquele avião não teria então deixado de fazer a pergunta
obrigatória se estava tudo em ordem em relação àquele voo. Não lhe
faltou o rigor que a senhora exige dos seus adversários?
Marina Silva: O rigor é tomar as informações com aqueles que deveriam prestar as informações em relação à forma como aquele avião estava prestando serviço. E a forma como estava prestando serviço era por um empréstimo que seria ressarcido pelo comitê financeiro. Agora, em relação à postura dos empresários, os problemas que estão sendo identificados agora pela imprensa, e que com certeza serão esclarecidos pela Polícia Federal, esses, eu, como todos os brasileiros, estou aguardando. E com todo rigor. Eu não uso, William, de dois pesos e duas medidas. Não é? A métrica, a régua com que eu meço os meus adversários, é porque eu a uso em primeiro lugar comigo. E, neste momento, o meu maior interesse é de que tenhamos todos os esclarecimentos. Agora, uma coisa eu te digo: a forma como o serviço estava sendo prestado era exatamente esse do empréstimo, para que depois tivéssemos a forma de ressarcimento pelo comitê financeiro.
Marina Silva: O rigor é tomar as informações com aqueles que deveriam prestar as informações em relação à forma como aquele avião estava prestando serviço. E a forma como estava prestando serviço era por um empréstimo que seria ressarcido pelo comitê financeiro. Agora, em relação à postura dos empresários, os problemas que estão sendo identificados agora pela imprensa, e que com certeza serão esclarecidos pela Polícia Federal, esses, eu, como todos os brasileiros, estou aguardando. E com todo rigor. Eu não uso, William, de dois pesos e duas medidas. Não é? A métrica, a régua com que eu meço os meus adversários, é porque eu a uso em primeiro lugar comigo. E, neste momento, o meu maior interesse é de que tenhamos todos os esclarecimentos. Agora, uma coisa eu te digo: a forma como o serviço estava sendo prestado era exatamente esse do empréstimo, para que depois tivéssemos a forma de ressarcimento pelo comitê financeiro.
Patrícia Poeta: Ok. Candidata, vamos falar agora das
eleições de 2010. A senhora obteve uma votação expressiva. Foram quase
20 milhões de votos. Mas o seu desempenho no seu estado, o Acre, onde a
senhora fez toda a sua carreira política, onde as pessoas conhecem muito
bem a sua forma de atuação e onde suas ideias e as suas ações são de
conhecimento amplo por parte dos eleitores, a senhora tirou terceiro
lugar. Ficou com metade dos votos do primeiro colocado, o então
candidato pelo PSDB, José Serra. Ou seja, o eleitor acreano votou
pesadamente na oposição ao governo federal. Aos eleitores dos outros
estados do país que não a conhecem tão bem, como é que a senhora
explicaria essa desaprovação clara no seu berço político?
Marina Silva: Em primeiro lugar é que esse terceiro lugar não estava tão distante do segundo. Eu fiquei muito próxima do segundo lugar, que foi a presidente Dilma.
Patrícia Poeta: Sim, mas foi metade do primeiro.
William Bonner: Metade do primeiro.
Patrícia Poeta: Metade do primeiro. Eu tenho aqui os números: 23,45%, a senhora; 52,13%, José Serra.
Marina Silva: Tem uma coisa, Patrícia, que até é um provérbio que a gente usa muito: é muito difícil ser profeta em sua própria terra. Sabe por quê? Porque, às vezes, a gente tem que confrontar os interesses. Eu venho de uma trajetória política que, desde os meus 17 anos, eu tive que confrontar muitos interesses no meu estado do Acre ao lado de Chico Mendes, ao lado de pessoas que se posicionaram ao lado da Justiça, da defesa dos índios, dos seringueiros, da ética na política. Isso fez com que eu tivesse que seguir uma trajetória que não era o caminho mais fácil. Aliás, na minha vida, nunca é fácil, não é? E, nesse caso, eu era candidata por um partido pequeno, em que...
Patrícia Poeta: Candidata...
Marina Silva: Não, mas deixa eu esclarecer...
Patrícia Poeta: Então tá, conclua aí para que a gente possa seguir aqui e fazer outras perguntas.
Marina Silva: Exatamente.
Patrícia Poeta: É justo com o telespectador.
Marina Silva: Por um partido pequeno, concorrendo contra duas máquinas muito poderosas, com 1 minuto e 20 segundos de televisão. E, mesmo assim, a candidata do PT, que tinha o governo do estado, senadores, deputados, vereadores, prefeitos... Eu fiquei muito próxima a ela. E isso...
Patrícia Poeta: O que eu estou querendo dizer é o seguinte: o berço político de um candidato é onde ele é mais conhecido pelos eleitores. Isso pode ser uma enorme vantagem para um candidato ou não. No seu caso não foi. Não seria como se os acreanos estivessem dizendo uma variação daquele velho ditado: “Quem não a conhece que vote na senhora”?
Marina Silva: Talvez você não conheça bem a minha trajetória.
Patrícia Poeta: Conheço, conheço, conheço, candidata. Nós estudamos bastante antes de fazer essa entrevista.
Marina Silva: Eu, como senadora... Mas eu faço questão de dizer porque eu acho que você tem um certo desconhecimento do que que significa ser senadora vindo da situação que eu vim. Eu não sou filha de político tradicional, não sou filha de nenhum empresário, porque, no meu estado, até a minha eleição, para ser senador da República, era preciso ser filho de ex-governador, era preciso ser filho de alguém que tivesse, de preferência, um jornal, uma TV e uma rádio para falar bem de si mesmo e falar mal daqueles que ficavam defendendo a Justiça.
Patrícia Poeta: A culpa é dos acreanos então?
Marina Silva: Não, não é culpa dos acreanos. É culpa das circunstâncias. Os acreanos foram muito generosos comigo em muitas vezes. Eu já cheguei a ficar quatro anos sem poder andar na metade do meu estado. Sabe por quê? Porque queriam fazer uma estrada sem estudo de impacto ambiental, sem respeitar terras dos índios e as unidades de conservação. E eu não podia trocar o futuro das futuras gerações pelas próximas eleições.
William Bonner: Candidata...
Marina Silva: Eu preferi pagar o preço de até perder os votos, mas lembra quando eu saí do Ministério do Meio Ambiente, que eu disse que eu perdia o pescoço, mas não perdia o juízo?
William Bonner: Vamos falar da sua chapa, candidata?
Marina Silva: Essa foi a minha trajetória no estado do Acre, essa tem sido a minha trajetória no Brasil e é assim que eu quero governar o Brasil.
William Bonner: Candidata.
Marina Silva: Fazendo aquilo que é necessário para as futuras gerações.
William Bonner: Candidata, me permita interrompê-la...
Marina Silva: E não o que é necessário para ganhar voto para as próximas eleições.
Patrícia Poeta: Daqui a pouquinho a senhora vai poder falar no um minuto e meio.
Marina Silva: Em primeiro lugar é que esse terceiro lugar não estava tão distante do segundo. Eu fiquei muito próxima do segundo lugar, que foi a presidente Dilma.
Patrícia Poeta: Sim, mas foi metade do primeiro.
William Bonner: Metade do primeiro.
Patrícia Poeta: Metade do primeiro. Eu tenho aqui os números: 23,45%, a senhora; 52,13%, José Serra.
Marina Silva: Tem uma coisa, Patrícia, que até é um provérbio que a gente usa muito: é muito difícil ser profeta em sua própria terra. Sabe por quê? Porque, às vezes, a gente tem que confrontar os interesses. Eu venho de uma trajetória política que, desde os meus 17 anos, eu tive que confrontar muitos interesses no meu estado do Acre ao lado de Chico Mendes, ao lado de pessoas que se posicionaram ao lado da Justiça, da defesa dos índios, dos seringueiros, da ética na política. Isso fez com que eu tivesse que seguir uma trajetória que não era o caminho mais fácil. Aliás, na minha vida, nunca é fácil, não é? E, nesse caso, eu era candidata por um partido pequeno, em que...
Patrícia Poeta: Candidata...
Marina Silva: Não, mas deixa eu esclarecer...
Patrícia Poeta: Então tá, conclua aí para que a gente possa seguir aqui e fazer outras perguntas.
Marina Silva: Exatamente.
Patrícia Poeta: É justo com o telespectador.
Marina Silva: Por um partido pequeno, concorrendo contra duas máquinas muito poderosas, com 1 minuto e 20 segundos de televisão. E, mesmo assim, a candidata do PT, que tinha o governo do estado, senadores, deputados, vereadores, prefeitos... Eu fiquei muito próxima a ela. E isso...
Patrícia Poeta: O que eu estou querendo dizer é o seguinte: o berço político de um candidato é onde ele é mais conhecido pelos eleitores. Isso pode ser uma enorme vantagem para um candidato ou não. No seu caso não foi. Não seria como se os acreanos estivessem dizendo uma variação daquele velho ditado: “Quem não a conhece que vote na senhora”?
Marina Silva: Talvez você não conheça bem a minha trajetória.
Patrícia Poeta: Conheço, conheço, conheço, candidata. Nós estudamos bastante antes de fazer essa entrevista.
Marina Silva: Eu, como senadora... Mas eu faço questão de dizer porque eu acho que você tem um certo desconhecimento do que que significa ser senadora vindo da situação que eu vim. Eu não sou filha de político tradicional, não sou filha de nenhum empresário, porque, no meu estado, até a minha eleição, para ser senador da República, era preciso ser filho de ex-governador, era preciso ser filho de alguém que tivesse, de preferência, um jornal, uma TV e uma rádio para falar bem de si mesmo e falar mal daqueles que ficavam defendendo a Justiça.
Patrícia Poeta: A culpa é dos acreanos então?
Marina Silva: Não, não é culpa dos acreanos. É culpa das circunstâncias. Os acreanos foram muito generosos comigo em muitas vezes. Eu já cheguei a ficar quatro anos sem poder andar na metade do meu estado. Sabe por quê? Porque queriam fazer uma estrada sem estudo de impacto ambiental, sem respeitar terras dos índios e as unidades de conservação. E eu não podia trocar o futuro das futuras gerações pelas próximas eleições.
William Bonner: Candidata...
Marina Silva: Eu preferi pagar o preço de até perder os votos, mas lembra quando eu saí do Ministério do Meio Ambiente, que eu disse que eu perdia o pescoço, mas não perdia o juízo?
William Bonner: Vamos falar da sua chapa, candidata?
Marina Silva: Essa foi a minha trajetória no estado do Acre, essa tem sido a minha trajetória no Brasil e é assim que eu quero governar o Brasil.
William Bonner: Candidata.
Marina Silva: Fazendo aquilo que é necessário para as futuras gerações.
William Bonner: Candidata, me permita interrompê-la...
Marina Silva: E não o que é necessário para ganhar voto para as próximas eleições.
Patrícia Poeta: Daqui a pouquinho a senhora vai poder falar no um minuto e meio.
William Bonner: Me permita interrompê-la só para gente
prosseguir com a entrevista. Queria falar sobre a sua chapa. O vice na
sua chapa: Beto Albuquerque. Ele foi um dos principais articuladores no
Congresso Nacional da aprovação da medida provisória que aprovou o
cultivo da soja transgênica aqui no Brasil. Ele também foi favorável a
pesquisas com células-tronco embrionárias, são dois pontos em que eles
se opõem a posições suas do passado. Além disso, ele aceitou doações de
campanha - quando candidato - de setores da economia que a senhora não
admitiria, setor de fabricantes de armas, fabricantes de bebidas. Esses
exemplos não mostram que Marina e Beto Albuquerque são a união de
opostos, aquela união de opostos tão comum na velha política, apenas
para viabilizar uma chapa, para viabilizar uma eleição. O que que há de
novo nessa política, candidata?
Marina Silva: Em primeiro lugar, mais uma vez eu quero
trazer as informações para que a gente possa trabalhar com a realidade
dos fatos. Uma questão fundamental: nós somos diferentes e a nova
política sabe trabalhar na diversidade e na diferença. Agora, o fato do
Beto ter uma posição diferente da minha em relação a transgênico em um
aspecto. Há uma lenda de que eu sou contra os transgênicos. Mas isso não
é verdade. Sabe o que que eu defendia quando era ministra do Meio
Ambiente? O modelo de coexistência, o que significa áreas com
transgênico e áreas livres de transgênico. Infelizmente no Congresso
Nacional não passou a proposta do modelo de coexistência. E o Beto votou
na proposta que acabou fazendo com que...
William Bonner: Mas na questão das células embrionárias há uma oposição forte...
Marina Silva: Nas células...
William Bonner: Mas eu lhe pergunto. Veja se eu
entendi: quando a união de opostos se dá com a senhora e alguém, então
isso é uma união em prol do Brasil, é a superação de divergências.
Quando essa união de opostos se dá com adversários seus, aí é o modelo
da velha política, é uma conveniência eleitoral.
Marina Silva: Mais uma vez, William, eu quero dizer que você está trabalhando apenas com um lado da moeda.
William Bonner: Por quê?
Marina Silva: Você está trabalhando com o lado das diferenças que eu e Beto temos no episódio das células-tronco, que ele defende...
William Bonner: Não, não. Estou confrontando apenas
com posições que a senhora tem assumido sobre a nova política em
oposição à velha política. E não está clara para mim a diferença quando a
gente vê dois candidatos de posições opostas unidos numa chapa. Era só
essa a questão.
Marina Silva: Não está claro pra você, mas eu vou
deixar claro para o telespectador. Mais uma vez eu insisto: você está
apenas com um lado da moeda. Por exemplo, eu e Beto temos uma visão
diferente em relação às células-tronco e em relação a transgênico. Mas
tivemos um trabalho juntos, no Congresso Nacional, quando ele foi o
relator da Lei de Gestão de Florestas Públicas do Ministério do Meio
Ambiente, que criou o Serviço Florestal e que me ajudou a aprovar a lei
da Mata Atlântica e tantas outras medidas importantes para o Ministério
do Meio Ambiente. A vida não tem essa simplificação que muitas vezes a
gente acha. Isso não tem nada a ver com velha política. Eu marquei a
minha trajetória de vida trabalhando com os diferentes, na diversidade. E
aí você está dando a oportunidade de que os telespectadores possam ver
que essa história de que a Marina é intransigente.
Patrícia Poeta: Tá faltando um minuto, candidata.
Patrícia Poeta: Tá faltando um minuto, candidata.
Marina Silva: Que só conversa com aqueles que pensam igual a ela, não é tão verdade assim.
Patrícia Poeta: A senhora agora pode, então, usar esse
um minuto e meio e falar com os seus telespectadores: dos projetos que a
senhora tem para o país, quais seriam os prioritários?
Marina Silva: Em primeiro lugar, eu gostaria de poder
dizer para os nossos telespectadores que um dos projetos mais
importantes, neste momento da história do Brasil, é que a gente possa
renovar a política. De que a gente não desista de ter na política aquilo
que os brasileiros tanto querem, que é vê-la a serviço de resolver os
principais problemas do cidadão. Infelizmente, a política tem sido
motivo de apartação, de contenda, da luta do poder pelo poder. Para mim,
a política deve ser utilizada para unir as pessoas, para que, mesmo com
interesses diferentes, a gente seja capaz de mediar os conflitos e
fazer aquilo que é melhor para o benefício do povo brasileiro. Como
presidente da República, eu quero que você me ajude a ser presidente da
República para ser a primeira presidente que vai, que assume o
compromisso de que não vai buscar uma nova eleição, porque eu não quero
ter um mandato que comprometa o futuro das próximas gerações.
Patrícia Poeta: OK, candidata.
Marina Silva: Eu quero para que a gente possa ter uma agenda para mudar o Brasil.
Patrícia Poeta: OK, 15 minutos já, 15 minutos e 16 segundos. Obrigada pela sua entrevista.
William Bonner: Muito obrigada candidata Marina Silva pela sua participação, pela sua entrevista no Jornal Nacional.
Nenhum comentário:
Postar um comentário