segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Líder do PMDB constrange Dilma em ato com evangélicos

PEDRA NO SAPATO – Eduardo Cunha, líder do PMDB e 
articulador do 'blocão' (Lúcio Bernardo Jr/Agência Senado/VEJA)

A presidente Dilma Rousseff até tentou desconversar, afirmando que o "PMDB só lhe dá alegrias", mas a queda de braço com os deputados do partido aliado atingiu o ápice da crise nesta terça-feira. Após três horas reunida, a bancada peemedebista assinou um documentoem defesa do líder da sigla na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), que também recebeu hoje o apoio do chamado "blocão", que reúne oito legendas e mais de 240 parlamentares. Não foi só: paralelamente, no mais duro ato – e preocupante para o Palácio do Planalto –, os deputados do PMDB recolheram assinaturas de onze diretórios estaduais do partido para antecipar a Convenção Nacional e tentar derrubar o apoio formal à reeleição de Dilma.

A crise de Dilma com o PMDB, de longe a pior que ela enfrenta no Congresso, é resultado de uma sucessão de embates travados com os deputados, quase sempre tendo Eduardo Cunha pela frente. Líder da bancada, com trânsito em outras legendas e respeito do chamado "baixo clero" (grupo de deputados que não exerce papel de destaque nas articulações políticas), Cunha não aceita a pauta de votações apresentada pelo governo, especialmente o Marco Civil da Internet. Outra votação incômoda é um requerimento para criar uma comissão para investigar denúncias de pagamento de propina para a Petrobras.

Ele também é porta-voz de uma bancada que reivindica a indicação de um ministro, à revelia dos interesses de Dilma, que tenta usar a nomeação para o ministério como moeda de troca na montagem dos palanques regionais. A sigla comanda hoje cinco pastas – Agricultura, Minas e Energia, Previdência, Turismo e Aviação Civil –, mas a bancada de deputados não se sente representada. Nesta terça-feira, o senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) negou o convite para assumir o Turismo. Antes, o Palácio do Planalto havia tentado dar a pasta da Integração Nacional para o senador Eunício Oliveira (PMDB-CE). Nos dois casos, palanques estaduais unificados e sem atrito a favor de Dilma nas eleições estavam em jogo: Eunício será adversário do Pros, legenda dos irmãos Cid e Ciro Gomes, no Ceará; Já o irmão de Vital, Veneziano, concorrerá ao governo contra o atual ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, do PP.

Na moção em favor de Cunha, os parlamentares afirmam que as agressões sofridas pelo líder “extrapolam o patamar da civilidade, sobretudo nas relações políticas”. “Os ataques ao nosso líder são ataques ao PMDB”, diz o texto, que leva a assinatura de toda a bancada, a segunda maior da Câmara – 75 cadeiras. Também defenderam, em nota, a convocação de reunião da Executiva Nacional para discutir a atual crise política, “com vistas a reavaliar a qualidade da aliança com o PT e adotar providências visando o fortalecimento do PMDB”.


Por fim, a bancada decidiu se declarar independente nas votações na Câmara e definir Cunha como o único interlocutor do PMDB na Câmara – um claro sinal de insatisfação com o vice-presidente, Michel Temer, designado por Dilma para a missão de tentar aplacar a crise. “Ele não poderia dizer que o partido está consolidado e fechado com a Dilma, pois não está”, criticou o deputado Leonardo Picciani (RJ). “Trata-se de dizer que se a presidente quiser conversar com a bancada, terá de ouvi-la”, completou Eduardo Cunha.


Blocão – O líder do PMDB na Câmara também saiu fortalecido dentro do chamado “blocão”. Representantes de sete partidos de base e um da oposição se reuniram nesta terça-feira e fizeram um ato em desagravo a Cunha. “Ele foi injustiçado e está sendo agredido de forma muito forte”, resumiu o líder do PTB, Jovair Arantes (PTB-GO). O blocão decidiu aprovar a convocação do ministro da Saúde, Arthur Chioro, para tratar do salário diferenciado pago a profissionais cubanos no programa Mais Médicos.


Fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/

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