O discurso do ex-presidente Lula feito à sindicalistas neste fim de semana em São Paulo causou revolta nas redes sociais e indignação em diversas entidades empenhadas no combate à corrupção no país. Durante o discurso, Lula sugeriu aos sindicalistas presentes que fossem cobrar do juiz Sérgio Moro informações sobre "prejuízos" que as investigações da Operação Lava Jato estariam causando à economia.
Em resposta direta à Lula, o presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), Antonio César Bochenek, afirmou que a Operação Lava Jato já recuperou mais de R$ 3 bilhões, além de bens móveis e imóveis. Para ele, a corrupção é que causa "nefastos prejuízos" à economia.
"Eu acredito que a operação não deu nenhum prejuízo. Ela é um serviço publico e já recuperou mais de R$ 3 bi em valores, além de móveis e imóveis apreendidos, que serão vendidos e os valores serão retornados aos cofres públicos", declarou, Bochenek que completou afirmando que o Judiciário, polícia, Receita e Ministério Público prestam serviços essenciais que combatem a impunidade.
"A impunidade aumenta a corrupção, e a corrupção, essa sim, causa nefastos prejuízos à economia", disse.
A Associação Nacional de Procuradores da República (ANPR), também se manifestou através de seu presidente, José Robalinho Cavalcanti, que disse que o ex-presidente se “apequena” ao atribuir a crise econômica à Operação Lava Jato.
“Lula se apequena com declarações como essa, porque ele foi presidente da República por duas vezes, teve a responsabilidade de dirigir o país e sabe muito bem que a situação econômica que o país está deriva muito mais de decisões de política econômica do que de qualquer investigação, por mais extensa que seja”, afirmou.
Cavalcanti também criticou a postura leviana de Lula e afirmou que qualquer pessoa com responsabilidade pública deve estimular a sociedade a confiar em suas instituições e não o contrário.
“Qualquer pessoa que tem responsabilidade pública – isso vale para líderes políticos, como o presidente Lula, vale para governantes, vale para membros do Ministério Público e do Poder Judiciário – tem que agir hoje com muita serenidade e estimular que o país inteiro confie em suas instituições”, declarou.
Para Cavalcanti, atribuir a crise econômica ao combate à corrupção feito pela Lava Jato é o mesmo que culpar um médico pela consequência da cirurgia ao extirpar um tumor.
“O desemprego vem de decisões econômicas com as quais a Lava Jato não tem nenhuma relação”, afirmou.
A Polícia Federal também tornou público o repúdio da entidade em reação às declarações do ex-presidente, O presidente da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF), Carlos Eduardo Sobral, afirmou que atos de corrupção encarecem serviços e produtos e que o grande efeito esperado da Lava Jato é tornar mais saudável a relação entre o público e o privado no Brasil.
"Os atos de corrupção encarecem serviços, produtos e atividades do meio público e quem paga a conta é a sociedade brasileira. Não é sustentável que a relação entre o público e o privado seja baseada em atos de corrupção. O grande efeito que se espera da Lava Jato é que tenha inclusive redução do custo Brasil, diante de relação mais saudável entre o mundo dos negócios e mundo público", disse.
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