Organização criminosa tentou se infiltrar na política e no STF

Veja vídeo: - http://g1.globo.com/jornal-hoje/noticia/2013/10/organizacao-criminosa-tentou-se-infiltrar-na-politica-e-no-stf.html

Novas escutas revelam detentos falando sobre audiência no Supremo.
Organização controla 90% das unidades prisionais do estado de São Paulo.

Murilo ZaraPresidente Venceslau, SP Novas escutas gravadas pelo Ministério Público de São Paulo revelam que a maior facção criminosa do país tentou se infiltrar na política e até no Supremo Tribunal Federal (STF). Na penintenciária 2 de Presidente Venceslau, no interior de São Paulo, está presa a cúpula da organização que controla 90% das prisões do estado. Numa conversa telefônica gravada com autorização da justiça, o Ministério Público flagrou um dos detentos conversando com a advogada Lucy de Lima sobre uma audiência com um ministro do STF.

Lucy - O João te falou que eu consegui agendar com o ministro?

Preso - Me falou, dia 14 do mês que vem, né?

Lucy - Eu escrevi um testamento para a assessora dele, para conseguir que ela agendasse. Sabe quem é esse homem que eu vou falar? É abaixo do Lula!

 

Segundo o Ministério Público, a advogada se referia ao ministro César Peluzzo, que, na época, era presidente do Supremo. 20 dias depois, o preso voltou a falar com a advogada.

 

Lucy - Felipe, acabei de vir do homem

Preso - E aí doutora?

Lucy Felipe, falei tudo, expliquei tudo. Ele perguntou para onde aquele amigo do Felipe quer ir. Eu falei que é aquela (penitenciária) lá de Sorocaba, sabe? Mas ele falou para falar para qual quer ir.

 

Na edição de sábado (12), o jornal O Estado de São Paulo revela que outra advogada, Maria Carolina Marrara de Matos, disse a outro preso que o irmão dela foi chamado para trabalhar no gabinete do ministro Ricardo Lewandowski. E que pretendia usar o irmão para defender interesses da organização criminosa.

Maria Carolina

Você tem o direito, né, mas aí tem essa perseguição no Tribunal. E o Tribunal (TJ-SP) não concede e você tem que chegar até o STF. Eu estava pensando em alguma coisa, sabe?

Daniel Canonico (Cego)

É a única opção porque dificilmente chega um benefício até esse lugar, geralmente paravam no meio, desistem, montam outro, mas tem que se tentar fazer isso aí sim.

Maria Carolina - Mas eu estava pensando em fazer alguma coisa coletiva, para tentar levar para algum ministro. Porque tem meu irmão, que foi chamado para trabalhar com um ministro, o Lewandowski e eu até estava pensando nisso hoje até pra juntar vários pedidos que foram negados.

Segundo o Estadão , a organização também tentou se infiltrar na Assembléia Legislativa de São Paulo. Nesta conversa, dois presos discutem sobre o pedido de apoio de uma candidata, que, na conversa, é chamada de “gravata”.

Francisco - Tem uma "gravata" que ela está se elegendo, entendeu?

Fabiano - Certo.

Francisco - E pediu apoio nosso e o apoio vai ser dado, entendeu?

Fabiano - Entendeu.

 

Os criminosos planejam invadir o presídio de Presidente Venceslau para libertar as lideranças que cumprem pena lá. Nessa escuta, dois presos conversam sobre a compra de oito fuzis que seriam usados no resgate.

Judeu - Esses outros oito (fuzis) que ia encontrar, qual que é? Você sabe qual que é?

Soriano - É o AR (AR 15).

Também de dentro da penitenciária de Venceslau, o Ministerio Público descobriu um outro plano para matar o governador Geraldo Alckimin. A ameaça foi feita há 40 dias. Um bilhete escrito por um dos presos foi interceptado e repassado aos promotores. Quem também aparece sob constante ameaça segundo a investigação do Ministério Público é o coordenador das unidades prisionais da região oeste do estado de São Paulo, Roberto Medina.

Fonte: g1.globo.com