A Confederação Nacional do Transporte (CNT) divulgou um estudo sobre as estradas brasileiras. O relatório afirma que, nos últimos 11 anos, o governo federal deixou de investir mais de R$ 40 bilhões na expansão e na melhoria da malha rodoviária. A reportagem é de Vladimir Neto.
As estradas do Pará estão entre as piores do país, segundo a pesquisa da CNT. Na BR-155, a pista, a sinalização, até o traçado, tudo é considerado péssimo. O estudo analisou quase 100 mil quilômetros de estradas pelo Brasil e revelou que mais de 60% das rodovias pesquisadas têm problemas como buracos, desgaste, sinalização precária, e foram consideradas ruins, péssimas ou regulares.
O estudo também mostra que em quase 90% das rodovias pesquisadas, a pista ainda é simples, de mão dupla, o que aumenta o risco de acidentes. Em 40% delas, não há nem acostamento.
Nos últimos 11 anos, o governo deixou de aplicar mais de R$ 40 bilhões previstos no orçamento na expansão e melhoria das estradas. Dinheiro suficiente para reconstruir 29,5 mil quilômetros de rodovias, de acordo com os cálculos da CNT.
O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) reconhece que as obras demoram a sair do papel.
“Você vai elaborar um projeto de engenharia que leva tempo. Não é do dia pra noite. Juntamente com isso tem todo o componente ambiental e um processo de licenciamento ambiental”, explica o diretor do Dnit, Jorge Fraxe.
Segundo o levantamento, o sistema rodoviário está sobrecarregado. Nos últimos dez anos, a frota brasileira dobrou. Além disso, de acordo com estimativas do setor, hoje 66% de toda a movimentação de cargas do Brasil passam pelas estradas.
Em vários pontos, os caminhoneiros já sofrem com as filas, como no acesso ao Porto de Santos.
“Buraco, é trânsito. Na rodovia, dia e noite é parado", aponta um motorista.
“Muito prejuízo que a gente fica horas arriscado a ser assaltado”, diz um caminhoneiro.
Diante dos números, a CNT já fala em colapso das principais vias de escoamento da produção agrícola e industrial nos próximos anos.
“Isso vai criar um apagão logístico. Vai ter uma hora que não vai acontecer não são só as filas até o Porto de Santos, não. Quilômetros e quilômetros de caminhões parados. Nós vamos ter é quilômetros e quilômetros de caminhões parados em todo o sistema rodoviário brasileiro, porque não consegue escoar a produção”, avalia Clésio Andrade, presidente da CNT.
O Ministério dos Transportes não quis se pronunciar. Em nota, a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, declarou que o programa de concessões de rodovias do governo federal vai acelerar as obras de duplicação e construção de estradas. Ainda segundo a ministra, o PAC concluiu obras em mais de 2,5 mil quilômetros de rodovias em todo o país.
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