Os bispos das dioceses do Ceará, que compõem o Regional Nordeste I da CNBB, estão realizando de 18 a 21 de novembro de 2013 a Reunião do Conselho Episcopal Regional (CONSER), na Casa de Encontro Maria, Auxílio dos Cristãos, no bairro Cajazeiras, Fortaleza. Na ocasião concederam aos meios de comunicação uma entrevista coletiva sobre a seca no Ceará. Participaram da coletiva dom José Haring, bispo de Limoeiro do Norte e presidente do Regional Nordeste I; dom João Costa, de Iguatu; dom Antonio Cavuto, de Itapipoca e presidente da Cáritas Regional; dom Odelir José Magri, de Sobral; dom José Luís Vasconcelos, auxiliar da Arquidiocese de Fortaleza.
O assessor técnico da Cáritas Brasileira, Alessandro Nunes, iniciou a coletiva explicando a atuação da Igreja no Ceará através da Cáritas. “A seca não é simplesmente um caso de fenômeno natural, não é somente isso, a seca como a pobreza e a miséria são situações que devem ser superadas”, disse Alessandro. Ele afirmou que é necessário que se tomem medidas estruturantes para que as consequências da seca possam ser superadas; a garantia e acesso à água para a população e animais beberem, para a produção agrícola e para tantas outras necessidades individuais e coletivas.
Sobre as experiências de convivência com o semiárido ele disse que somos uma região que chove muito, isso podemos perceber dando um exemplo: algumas comunidades com uma estrutura planejada já conseguem produzir e conviver com a seca. Entretanto para uma grande parte da população ainda falta essa estrutura mínima. Precisamos trazer essas questões, inclusive nos conflitos que têm acontecido aqui no Ceará por questões de terra, da falta de reforma agraria que não avança.
Dom José Haring agradeceu a presença da imprensa e disse que a Igreja procura se envolver em cada diocese buscando soluções para este problema. Afirmou também que os bispos partilham as experiências de cada Igreja diocesana que são discutidas entre os membros do CONSER, por isso estamos realizando essa coletiva.
Já o bispo de Iguatu, dom João Costa, colocou que é o prioritário para o nosso pais, para o povo, não são as grandes obras, as grandes arenas feitas com muito dinheiro, mas pão e água. Ninguém vive sem pão e água, disse o bispo. Ele chamou a atenção pedindo que Governo seja questionado sobre qual é a real prioridade de Governo. O Governo quer enfrentar com seriedade a questão da fome, da miséria e da falta de água no nosso semiárido, indagou dom João Costa. Ele também lembrou os projetos do DENOCS, no Centro Sul do Estado, dizendo que estão todos sucateados. Os projetos começam e são abandonados. “Precisamos olhar isso e cobrar. Pedir que o nosso Governo olhe com cuidado, com carinho essas questões”, finalizou.
Uma declaração sobre o atual momento de seca no Ceará foi lida. Trata-se de um documento que traz uma análise do contexto do semiárido e propostas de ações emergencias e estruturantes. É assinado pelo Regional Nordeste I da CNBB e por organizações da sociedade civil, como Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Agricultura do Ceará (FETRAECE), Fórum Cearense pela Vida no Semiárido (FCVSA), Movimento dos Atingidos e Atingidas por Barragem (MAB).
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