quarta-feira, 24 de setembro de 2014

BAHIA: Candidato ao Senado, ex- “carregador de mala” de ACM virou pró-PT desde criancinha

ACM e seu ex-carregador de maleta Otto Alencar:
com ACM morto, Otto virou casaca e hoje é pró-PT desde criancinha
(Fotos: Agência Estado/A Tarde)
As pessoas que têm ojeriza à política costumam citar como uma das razões principais a falta de lealdade e de coerência de muitos políticos. Há muitos exageros nesse julgamento, mas o caso do candidato de Lula e Dilma ao Senado pela Bahia, Otto Alencar (PSD), chega a ser exemplar. Otto, médico de formação, 67 anos, é daqueles políticos que, em pouco tempo, conseguiu pular de um extremo a outro: de seguidor submisso, por décadas, do falecido senador Antonio Carlos Magalhães (poderoso cardeal do então PFL, hoje DEM), um dos políticos que críticos ironizavam classificando-os de “carregadores de mala” do cacique baiano, a vice-governador do petista Jaques Wagner e, agora, candidato do lulopetismo ao Senado.

Depois que ACM morreu, em 2007, é claro — pois, até então, se pelava de medo do chefe. Otto Alencar é daqueles políticos que devem a carreira a ACM. Duas vezes deputado estadual, foi secretário da Saúde do então governador Antonio Carlos Magalhães — sim, dele próprio — durante todo um mandato, de 1991 a 1995. Por decisão de ACM, tornou-se candidato a vice na chapa de César Borges (outro que passou a maior parte da carreira no PFL de ACM e virou casaca após sua morte) para o goveno da Bahia, e vice se tornou de 1999 a 2002.

Com a renúncia de Borges para, igualmente por determinação de ACM, candidatar-se ao Senado em 2002 pelo PFL, Otto Alencar tornou-se governador da Bahia durante 9 meses, até janeiro de 2003.

O carlismo não o desamparou quando encerrou o mandato. Eleito para o Palácio de Ondina em 2002, o governador carlista Paulo Souto chamou-o para a importante Secretaria da Indústria e Comércio, a partir de janeiro de 2003 e até outubro de 2004, quando então ganhou um presentão: o governador indicou-o para o Tribunal de Contas.

Otto Alencar ficou na sinecura até 2010, quando deixou-se seduzir justo pelo canto de sereia do partido mais ferozmente opositor do carlismo na Bahia — o PT. Pulando do DEM inicialmente para o anódino PL, e depois para o inodoro PR, acabou integrando a chapa do governador petista Jaques Wagner, que se candidatou à reeleição em 2010 e venceu.

Hoje, feliz e pimpão, é do PSD de Gilberto Kassab e candidato ao Senado pela coligação apoiada por Lula e Dilma na Bahia. Certamente estaria mais feliz se as pesquisas de intenção de voto lhe sorrissem: tem 17% das preferências segundo o mais recente Ibope (10 de setembro), contra 35% de Geddel Vieira Lima, que integra a chapa do ex-governador Paulo Souto (DEM), líder das preferências para suceder Wagner e apoiador da candidatura presidencial de Aécio Neves (PSDB).

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