Terceira baixa da campanha de Marina Silva
como candidata à Presidência Foto: EVELSON DE FREITAS / ESTADÃO CONTEÚDO |
Secretário nacional do segmento saiu do cargo após recuo no plano de governo
O secretário nacional LGBT do PSB, Luciano Freitas, deixou a coordenação da campanha de Marina Silva. Irritado com o recuo em questões gays no programa de governo da candidata à Presidência, Freitas avisou que se dedicará, a partir de agora, à campanha de Paulo Câmara (PSB) ao governo de Pernambuco.
A saída do dirigente é a terceira baixa da campanha desde que Marina
assumiu a cabeça de chapa, há duas semanas. As primeiras defecções foram
do secretário-geral do PSB, Carlos Siqueira, e do integrante da Executiva, Milton Coelho.
No sábado, o segmento se reuniu com a coordenação da campanha para
discutir o evento que a candidata teria com a comunidade LGBT.
Participantes da reunião revelaram que, após as manifestações do pastor
Silas Malafaia e a repercussão da comunidade evangélica nas redes
sociais, a candidata se viu pressionada a voltar atrás.
Freitas questionou a mudança no programa por pressão de setores
conservadores. Ele já havia feito ressalvas a Marina na reunião da
Executiva que selou sua candidatura. Na ocasião, o dirigente disse temer
que a ex-ministra não seguisse o programa aprovado por Eduardo Campos, candidato do PSB ao Planalto morto no dia 13 de agosto.
As propostas apresentadas na sexta-feira seguiam integralmente as
reivindicações que o PSB havia articulado com os partidos da coligação.
De acordo com um dirigente da cúpula do PSB, o programa divulgado
inicialmente estava de acordo com o que o PSB pensa sobre as demandas
LGBT, mas a candidata tem o direito de não assumir determinados
compromissos.
— Se o Eduardo tivesse se encontrado numa situação como esta, ele
faria o diálogo, não uma errata logo de cara — criticou outro dirigente.
A partir de 2015, Otávio Oliveira será o novo secretário nacional LGBT da legenda.
Recuos
Um dos pontos que foram cortados do programa de Marina é
o apoio ao projeto de lei 122, que equipara o crime de homofobia ao
racismo, com a aplicação das mesmas penas previstas em lei. Outro
recuo é sobre a união entre pessoas do mesmo sexo — no lugar do texto
atual, havia a defesa do direito ao casamento civil entre homossexuais.
Malafaia, que liderou uma onda de críticas ao programa de Marina na internet,
disse que a defesa do casamento gay é um termo "muito forte para uma
sociedade cristã". O pastor disse que não foi o responsável pelo recuo
de Marina e sim "a maioria cristã" da sociedade.
— Eles (da campanha de Marina) sentiram que a dose era muito forte. E
tinham de ficar apavorados mesmo (com a repercussão negativa) —
comentou.
Para o líder evangélico, Marina fez bem ao recuar. Malafaia — que na
sexta-feira ameaçou fazer críticas mais duras se ela não se
reposicionasse e cobrou dela a escolha entre sua fé cristã e sua
ideologia política — afirmou que a campanha do PSB errou em se
influenciar pelo discurso de esquerda e da comunidade gay. Em sua
avaliação, os candidatos Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) foram mais comedidos em suas propostas para a comunidade LGBT.
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