O PODER E O CRIME - Enivaldo Quadrado (à
direita), o chantagista, é pago pelo PT para manter em segredo o golpe
que resultou no desvio de 6 milhões de reais da Petrobras, em outro caso
de chantagem que envolve o ministro Gilberto Carvalho, o mensaleiro
José Dirceu e o ex-presidente Lula
(Montagem com fotos de Ailton de Freitas-Ag. O Globo/Joel
Rodrigues-Folhapress/Rodolfo Buhrer-Estadão Conteúdo/Jeferson
Coppola/VEJA)
Enivaldo Quadrado recebia dinheiro do PT para manter silêncio sobre contrato envolvendo desvios na Petrobras. Polícia investiga o caso em sigilo.
A Polícia Federal já sabe quem é o homem que, em nome do PT, fazia as
entregas de dinheiro a um grupo de chantagistas que ameaçava envolver o
partido no escândalo de corrupção da Petrobras. Em sua última edição, VEJA mostrou
que Enivaldo Quadrado, condenado no processo do mensalão, prometeu
revelar detalhes sobre o envolvimento de petistas com o desvio de 6
milhões de reais do cofre da estatal. Para comprar seu silêncio, o
partido cedeu à chantagem.
Cumprindo pena alternativa, Enivaldo Quadrado, o chantagista, recebe
pagamentos regulares em dólares americanos. O dinheiro é entregue por um
homem identificado apenas como sendo um conhecido militante do PT,
influente, com estreitas ligações com os chefes mensaleiros – e que faz
o serviço cumprindo ordens do tesoureiro do partido, João Vaccari
Neto.
O valioso trunfo de Enivaldo Quadrado são as informações que ele
possui sobre a triangulação de uma outra chantagem. Em 2012, o
publicitário Marcos Valério, outro condenado no mensalão, revelou ao
Ministério Público que o empresário Ronan Maria Pinto estava ameaçando
envolver o então presidente Lula e seus auxiliares, o então chefe da
Casa Civil, José Dirceu, e o chefe de gabinete da Presidência, Gilberto
Carvalho, no assassinato do prefeito de Santo André Celso Daniel. Para
evitar que isso acontecesse, o PT deu a ele 6 milhões de reais, dinheiro
que saiu dos cofres da Petrobras, segundo Marcos Valério.
Enivaldo Quadrado conhece todos os detalhes da operação e guardou
consigo a cópia de um contrato que formalizou o repasse milionário a
Ronan Maria Pinto, o primeiro chantagista. Por isso, seu silêncio agora
vale tanto.
Leia também: PPS cobra convocação de Quadrado na CPI da Petrobras
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