quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Desacreditado e sem apoio popular, PT vive crise interna


16 de novembro de 2016
Brasília (DF) - Afastado do governo federal após 13 anos no poder, o Partido dos Trabalhadores vive o seu pior momento. Sem apoio popular, com o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e as acusações contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Operação Lava Jato, a legenda sofreu uma derrota significativa nas eleições municipais deste ano, com uma queda de 60% no número de suas prefeituras. Além disso, amarga uma crise interna que pode resultar na debandada de seus parlamentares no pleito de 2018.

Reportagem desta quarta-feira (16) do jornal O Estado de S. Paulo revela que divergências entre duas correntes internas do PT ameaçam uma ruptura. Isso porque o movimento de oposição Muda PT e a corrente majoritária Construindo um Novo Brasil (CNB) não conseguem se entender quanto a realização ou não de um Processo de Eleições Diretas (PED) para a escolha da nova direção nacional da legenda. Vale lembrar que importantes lideranças petistas já recusaram convites para compor o comando da sigla, não querendo dar visibilidade ao partido que protagonizou os maiores escândalos de corrupção da história brasileira: mensalão e petrolão.

Para o deputado federal Betinho Gomes (PSDB-PE), o que falta ao PT é fazer uma autocrítica: ao não reconhecer seus próprios erros, tanto na condução do governo federal quanto do próprio partido, a legenda insiste no erro e se afunda mais a cada dia.

“É um momento de profunda fragilidade do Partido dos Trabalhadores. É natural que esse processo dure um pouco mais, principalmente porque o partido não tem tido a consciência e o entendimento de que, para superar essa crise, eles precisariam fazer uma autocrítica. Não fazem autocrítica, não reconhecem os erros, apenas buscam usar argumentos para criar uma oposição e fortalecer as suas bandeiras internas, sem fazer um debate em torno das causas que levaram o partido para essa situação. Isso é uma tendência de agravamento”, avaliou.

A escolha do líder da bancada petista na Câmara também tem deixado os ânimos acirrados. A preocupação maior da cúpula do partido é que os embates acabem intensificando uma debandada de parlamentares em 2018. “Esse é um problema deles. A gente precisa olhar o Brasil, cuidar do Brasil”, constatou Betinho Gomes. “O PT precisa se resolver e não há, de nossa parte, a possibilidade de interferir nesse assunto. De qualquer forma, do ponto de vista político, isso naturalmente representa a continuidade de um processo de esvaziamento, de racha, uma derrocada que pode se consolidar na eleição nacional. É muito óbvio, muito claro, que o partido está em uma situação difícil e vai demorar muito para se recuperar”, disse.

Crise que atinge a todos

O parlamentar destacou que, além da crise interna que acomete o PT, o que ficou claro para a população é que a legenda é a grande responsável pela crise política, econômica e social que o Brasil enfrenta, de proporções nunca antes vistas e que atinge a todos.

“Duas coisas estão muito claras, e a população cobra. Primeiro é a definição de um rumo estratégico, que passa pelo fortalecimento da economia do Brasil, a retomada do crescimento econômico, gerar emprego, renda e etc. A outra é o entendimento de que a sociedade está muito impaciente com a política de maneira geral. A população está intolerante, está impaciente, está desacreditada. É preciso dar sinais para essa sociedade de que os partidos, ou parte deles, querem de fato discutir saídas para a crise política”, ressaltou Betinho.

“Temos um problema grave decorrente da gestão PT, que de alguma maneira atinge todo mundo. É preciso superar essa crise política, aprofundar todas as investigações que estão em curso, esclarecer tudo, dar força para que as instituições cumpram seu papel. Se conseguirmos caminhar nessas duas variáveis, é possível que, no prazo de alguns anos, o Brasil consiga se reencontrar com o crescimento e também com a normalidade política”, completou o tucano.
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Leia AQUI a íntegra da reportagem do jornal O Estado de S. Paulo.
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