Estava
previsto que Marina Silva anunciasse nesta quinta seu apoio ao tucano
Aécio Neves. Ela o faria depois de reunião com os partidos que
sustentaram a sua candidatura. No começo da madrugada, ela recuou e
decidiu não participar do encontro. Em vez disso, juntou-se a um grupo
da Rede e elaborou uma carta com exigências ao candidato tucano. Depois
de ela própria ter dito que mais de 60% do eleitorado cobram mudança,
sinalizando adesão a Aécio e de esse comportamento ter sido saudado por
muita gente, ela deu vários passos para trás.
Agora
Marina quer que o candidato tucano se comprometa a não dar apoio a um
projeto de seu vice, Aloysio Nunes Ferreira, que permite que, em casos
excepcionais, menores possam ser responsabilizados por crimes hediondos.
Ela exige também que o candidato se comprometa a combater um projeto
de lei que transfere para o Congresso a responsabilidade sobre
demarcação de terras indígenas. E quer ainda que ele se comprometa com
metas de reforma agrária propostas pelo MST. E, claro!, que adote o tal
crescimento com sustentabilidade.
Líderes da
Rede estão dizendo nos bastidores que a urgência não é de Marina, mas
de Aécio. O texto ainda vai adiante: afirma que o desejo de mudança “foi
tragado para dentro da velha polarização PT x PSDB” e que, “nessa
encruzilhada, nenhum dos caminhos aponta para uma saída política de
profundidade, capaz de reduzir as desigualdades sociais promovendo a
plena cidadania”.
Não dá!
Bem, não sei o que vai fazer Aécio, mas acho que Marina Silva deveria se lembrar que ela obteve 22.176.619 votos, e Aécio, 34.897.211. Na prática, a candidata pretende que o programa que foi derrotado nas urnas se sobreponha ao que chegou à frente. Mais: as pesquisas eleitorais apontam hoje que, com ou sem Marina, Aécio venceria a disputa.
Bem, não sei o que vai fazer Aécio, mas acho que Marina Silva deveria se lembrar que ela obteve 22.176.619 votos, e Aécio, 34.897.211. Na prática, a candidata pretende que o programa que foi derrotado nas urnas se sobreponha ao que chegou à frente. Mais: as pesquisas eleitorais apontam hoje que, com ou sem Marina, Aécio venceria a disputa.
Eis
Marina: é uma liderança política que, tudo indica, pretende chegar
sozinha ao poder. O que ela quer? Ganhar no tapetão? Impor o seu
programa por intermédio da vitória de outro? Isso não é negociação, mas
política do fato consumado.
Esse
negócio de Marina ter pouco apreço à palavra empenhada em nome da
coerência conduz a uma contradição sem saída. Noto que Aécio Neves, para
o seu próprio bem, jamais avançou o sinal e nunca pediu apoio a Marina.
Ela é que decidiu se antecipar, para recuar em seguida.
Em 2010,
ela já foi por aí e declarou a sua neutralidade. Não sei se Serra teria
vencido com o seu apoio e não especulo. Uma coisa é certa: tivesse
dependido dela, não teria conseguido do mesmo jeito. Marina só aceita
fazer acordos políticos desde que o outro ceda. Isso explica muita
coisa.
De resto,
como esquecer: o MST é aquele movimento presidido por João Pedro
Stedile, que subiu no palanque para demonizá-la, prometendo
manifestações diárias caso ela se elegesse.
Fonte: http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo
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